Capítulo 3

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Porchay

Chay estava lutando. Ele estava lutando muito. Ele estava começando a pensar que o piano estava quebrado ou seus dedos, porque nada do que ele tocava soava como a partitura que seu professor lhe dera. Ele tentou novamente, pressionando todas as teclas certas mais uma vez e o som que saiu mal podia ser chamado de música.

"Uau, isso foi... terrível." Uma voz veio da porta da sala de música.

Chay reconheceu a voz instantaneamente, afinal ele passou várias horas do dia ouvindo-a, e seu lobo ronronou feliz.

"Você... está na... e-escola." Chay quis dizer isso como uma pergunta, mas saiu mais como uma declaração chocada.

"É realmente tão surpreendente?" Kim perguntou, a expressão tingida com leve diversão.

"Bem... sim, mais ou menos. Estou quase no final do meu primeiro ano aqui e nunca te vi no campus antes."

"O que posso dizer, não sou exatamente do tipo estudioso." Kim deu de ombros, caminhando até Chay. "Também não gosto particularmente de ficar trancado em uma sala de aula do tamanho de um armário com 50 outros alunos, apenas para ouvir o professor ler o artigo principal que encontrou quando pesquisou o tópico de hoje no Google."

Quando Kim terminou, Chay só conseguiu encará-lo. Ele esperava que seu rosto não mostrasse nada do que ele estava sentindo. Ele não sabia por que achava a visão pessimista de Kim sobre tudo tão cativante, mas achava. E o desdém que ele tinha em relação ao mundo e às pessoas em geral era tão ... argh. Algo estava seriamente errado com Chay. Agora Kim poderia matar alguém e ele provavelmente acharia isso fofo também.

"E daí..." Chay limpou a garganta. Ele precisava formar palavras coerentes. Concentre-se nas palavras. "... o que você está fazendo aqui hoje?"

"Oh, bem, um dos meus professores tem me incomodado durante todo o semestre. Disse que ela me reprovaria se eu não aparecesse para pelo menos uma aula. Então... aqui estou eu." Kim gesticulou para si mesmo e voltou sua atenção diretamente para Chay.

Ele o examinou de cima a baixo, em seguida, colocou o braço sobre o piano, o que Chay só poderia descrever como uma pose de sessão de fotos muito quente e perguntou.

"O que você está fazendo aqui? Não é hora do intervalo? Você não deveria estar almoçando agora?"

"Sim, umm... eu só pensei que poderia usar esse tempo para praticar um pouco. Você sabe, porque a sala de música está sempre lotada."

"Você não deve pular refeições, Chay. Não é bom para sua saúde."

"Eu não estou pulando." Chay se defendeu enquanto apontava para a refeição que trouxera com ele, mas ainda não tivera a chance de comer.

"Isso não é almoço, Chay." Kim zombou depois de ver seu 'almoço'. "Isso é uma maçã e uma garrafa de água."

"Ei!" Chay objetou, mas não conseguiu manter o olhar de Kim.

Ele sentiu o rubor subindo pelo pescoço e colorindo sua bochecha. E a risada rouca que Kim deu em resposta à sua reação só piorou as coisas. Ele não queria admitir, mas tudo o fazia sentir-se terrivelmente excitado. A proximidade, o olhar terno, a preocupação que Kim não parava de demonstrar. Deus, seu lobo realmente queria cheirar o menino mais velho. Adequadamente desta vez. Mas não, Chay não iria repetir seus erros. Ele não ia deixar seus instintos básicos controlá-lo.

"Que tal isso? Eu te ajudo com a partitura e depois você vai almoçar direito. Combinado?" Kim ofereceu e Chay se sentiu impotente.

Sua cabeça estava concordando antes mesmo de seu cérebro processar os termos do acordo. Sua função cerebral não melhorou quando Kim se sentou ao lado dele no pequeno banco do piano. Seu corpo se mexeu por conta própria para encarar o outro homem, quase se exibindo para Kim. Seu lobo fez sons baixos e murmúrios satisfeitos quando percebeu o quão perto eles estavam sentados. Enquanto Kim falava, a cabeça de Chay se inclinava cada vez mais perto do ombro do ômega. Não havia cheiro nele hoje, provavelmente coberto por bloqueadores, mas isso não fez nada para deter o interesse de seu lobo. Chay estava apenas vagamente ciente de que havia começado a cheirar o ômega quando Kim estalou os dedos, tirando-o de seu torpor.

I Don't Think It's Weird - TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora