The Dance (part one)

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Amanda Meirelles

Depois daquele almoço voltamos ao escritório e passamos a tarde inteira ao redor de inúmeros papéis e planilhas. A aproximação com ele me fazia pensar em coisas que não deveria, podia ser loucura de minha parte, mas, às vezes, eu sentia os olhos dele sobre mim, de uma forma intensa, como Antonio olhava para Alice. Ou talvez fosse apenas vontade do meu subconsciente que ele me olhasse assim também.

- A gente pode passar os planos do ano passado também - falei colocando alguns papéis em sua mesa, já passava das oito.

- Seria uma ótima ideia, são esses? - ele falou pegando os papéis.

Ouvi algumas fracas batidas na porta, e logo avistei Cris. Arregalei os olhos para ele, que não estava com uma cara nada boa.

- Amanda, posso falar com você?

Antonio o fitou por alguns segundos, e depois a mim.

- Cris...

- Atenda ele, Srta. Meirelles - ele disse friamente.

Fechei os olhos e caminhei para fora da sala.

- O que aconteceu com nosso jantar? - ele perguntou um tanto irritado.

- Eu sinto muito, mas acho que não vai dar.

Ele balançou a cabeça, colocando as mãos na cintura em uma expressão irritada.

- Você esta me fazendo de idiota, me deu bolo pela segunda vez no mesmo dia!

- O que você quer que eu faça? Eu não tenho escolha! Acha que gosto de ficar trabalhando até tarde?

- Você sabe que tem escolha de ir embora, certo? Esse homem mal entrou e está lhe explorando?

- Shii! Fala baixo! Você quer que ele nos escute? Eu preciso do meu emprego! - falei brava.

- Algum problema? - ouvi a voz de Antonio atrás de mim.

- Não, Senhor...

- Sr. Figueiredo, não acha inoportuno o horário de trabalho? - Cris perguntou a desafiando.

Pude ver as veias de Antonio tufar, e seu maxilar se endurecer, ele respirou fundo e então se pronunciou.

- Sr. Vanelli, devo lhe informar que eu sou o presidente desta empresa, devido a isso eu não tenho que me esclarecer diante os horários de meus funcionários. Se estiver achando tão tarde, por que ainda se encontra aqui?

Ele deu um tiro certeiro, eu não podia duvidar que, se Cris tivesse como matá-lo através do olhar, com certeza já teria o feito. As palavras de Antonio foram precisas e arrogantes.

- Tem toda razão, Sr. Perdoe-me pela pergunta.

- Sem problemas. Srta. Meirelles, assim que terminar sua conversa, preciso lhe mostrar alguns documentos.

Eu apenas assenti para o homem que voltou à sua sala, deixando-me em silêncio ao lado do rapaz.

- Esses dias serão impossíveis, eu tenho que terminar um balancete geral com ele até segunda-feira, Cris, eu sinto muito.

O rapaz me fitou por alguns segundos, e então concluiu.

- Certo, fique com seu trabalho, boa noite - ele falou saindo.

Se a intenção dele era fazer eu me sentir mal? Ponto! Ele havia conseguido, sua cara de decepção com minha resposta foi enorme. Respirei fundo e voltei para sala, me deparando com o homem mais atraente que eu já havia visto, eu já nem lembrava mais de Cris quando o via. Ele estava sentado, com sua camisa de botão clara parcialmente desabotoada, usava um óculos de grau que provavelmente seria apenas pra descanso. E ele tinha uma expressão séria, e atento à pilha de folhas em sua mesa. Me permiti pensar que passar tantas horas sozinha com ele era um atentado à minha sanidade.

The Night Dancer - DocshoeOnde histórias criam vida. Descubra agora