Capítulo 26

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Acordei sobressaltada, o coração batendo a mil, meu corpo todo em estado de alerta. Mas então eu vi que ainda estava ali, a salvo no quarto dele, mais uma vez tinha tido aquele sonho, Quanah em sua forma de lobo, preso a uma armadilha, então eu era amarrada a um poste e colocada sobre as madeiras em chamas, que rapidamente queimavam meu corpo.

 

— Assustada? — a voz grossa, e que eu estava começando a me acostumar me acertou através do quarto.

 

Olhei em volta e tudo o que eu via era o breu do quarto, nenhum sinal de Quanah.

 

Eu estava enlouquecendo ou ainda estava sonhando?

 

— Pesadelo de novo, não é nem mais uma novidade. — murmurei ainda encarando o nada. — Onde você está? 

 

A porta do banheiro se abriu e Quanah saiu de lá, respondendo a minha pergunta.

 

Ele com certeza tinha acabado de sair do banho, já que estava usando apenas uma toalha enrolada em sua cintura, seu peitoral tatuado ainda estava úmido, com algumas gotas escorrendo por seu peito e abdômen, e eu não consegui evitar que o desejo queimasse dentro de mim.

 

— Posso saber o que vê nesses pesadelos? — eu não tinha contado deles para ninguém, ao menos não desde que eu comecei a ver Quanah neles.

 

— Não são nada de mais, são apenas pesadelos.

 

Ele se aproximou da cama, andando com passos lentos e firmes, então se sentou a minha frente e afastou uma mecha do meu cabelo.

 

— Se tem uma coisa que eu aprendi em todos esses anos, é que um sonho nunca é apenas isso, tem sempre algo por trás dele. — sua mão descansou em meu colo e eu fiquei ainda mais surpresa. — Então porque não me conta?

 

Quanah estava próximo de mais, tão próximo que nossas respirações se misturavam, não lembro de ter estado tão próxima assim dele sem que estivéssemos transando.

 

Mesmo com a falta de luz do lugar eu conseguia ver seus olhos, as duas esferas douradas brilhando sem se desviar do meu.

 

— Eu sigo uma voz na floresta, que me leva até uma clareira, onde você está preso a uma armadilha. — suspirei me lembrando da cena que me causava calafrios. — Você está em sua forma de lobo e quando tento impedir que te matem, a voz diz que esse é o nosso destino, de repente eu estou amarrada a uma fogueira e morro queimada enquanto você uiva.

 

Quanah não disse nada, ficou apenas me encarando em silêncio. Provavelmente interpretando meu sonho louco, ou então ele sabia de algo que eu não.

 

— Parece que o segredo é não seguir a voz e nem tentar impedi-lo de me matar.

 

— E você quer que eu assista você morrer, sem ao menos fazer nada? — questionei deixando minha voz se exaltar.

 

— Se isso significa se manter viva? Sim. Quero que corra para longe, não me importa o que vai acontecer comigo desde que esteja a salvo.

 

A Bruxa e o Alfa - ConcluídoOnde histórias criam vida. Descubra agora