Sofia Ferrari 2023

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- Eu não quero falar sobre isso, papa. - Sofia olhava para frente no banco de trás do carro.

Antônio não insistiu, ele sabia que a filha falaria sobre o assunto quando estivesse pronta. Embora tivesse nove anos, Sofia parecia ser mais velha, ela foi criada em um ambiente de adultos com a família do pai, filho único de descendentes italianos e ela, a única criança presente.

Isso fez com que, infelizmente, opinião de Antônio, ela amadurecesse mais rápido. Ela entendia assuntos que já eram complexos emocionalmente para ele e Antônio tinha a leve impressão que Sofia tentava poupa-lo dos dramas dos avós.

Sofia não tinha problemas na escola, muito pelo contrário, ela era considerada extremamente inteligente e falava Italiano fluentemente. Mas, naquele dia, anualmente, ela pedia para não ir para a escola e quando ia, geralmente saia mais cedo.

Era o dia das mães. E era muito complicado para a garota que era criada com por Antônio desde dos 16 anos. Os pais de Antônio o ajudavam, mas era ele quem tomava as responsabilidades. Após ser campeão sub-18 de boxe, ele abdicou de seus sonhos para criar a coisa mais importante de sua vida.

Quando chegaram na casa da avó, Lola, Sofia foi para o quarto que antes foi do pai. Se Antônio pudesse, a levaria para casa deles, um pequeno apartamento na Barra Funda, mas ainda precisava ir para o restaurante.

- O que houve com a minha bambina? - Lola disse gritando. Algo interessante e verídico sobre a família de italianos, eles falam alto demais. - Sofia, Sofia. - A avó gritou pela neta enquanto Antônio pedia a mãe que parasse.

- Feliz dia das mães, mama. - Antônio disse entregando as flores para Lola que agora prestava atenção nele.

- Grazie, mi amore. - Lola abraçou o filho emocionada. - Dias das mães. Entendi. - ela disse olhando para o corredor para onde Sofia correu.

- Preciso ir trabalhar, mas vou falar com ela antes. - Antônio beijou a testa da mãe e foi até o seu antigo quarto que ainda estava intacto.

Sempre que entrava ali, Antônio se lembrava dos primeiros momentos com Sofia. Ele estava exatamente ali naquele quarto e a sua vida tinha mudado completamente. Todos os sonhos e planos se esvairam e aquele pequeno ser de olhos grandes que o observava o fez abdicar de qualquer outra coisa que não fosse o amor da filha.

Sofia estava deitada. Antônio deitou de frente para ela e imitou o rosto sério da filha. Sofia não conseguiu não sorrir.

- Melhor assim. - Antônio disse fazendo carinho no cabelo da filha que o encarou séria novamente. - Vai ficar mais fácil, eu prometo.

Sofia não queria que ficasse mais fácil passar por aquela data, ela queria não ter que passar por aquilo, ela queria simplesmente fingir que aquela data não existia ou ela queria uma mãe. Ela estava cansada de ser zuada na escola por isso.

- Não vai. - Sofia disse enquanto encarava o pai. - Eu nunca vou ter uma mãe e não vai ficar mais fácil.

Antônio queria que a realidade fosse diferente. Ele queria de todo coração que a filha não tivesse que passar por aquilo.

- Eu queria que fosse diferente, bambina. - Ele disse sincero. Ele realmente desejava do fundo do coração que Sofia não passasse por nada daquilo. - Mas como nós sempre falamos?

- Piano, piano, se va lontano. - Sofía disse sorrindo.

- Devagar se vai ao longe. Devagar seremos muito felizes. - Antônio repetiu sorrindo para a filha. - E, além do mais, e essa família aqui? - Ele perguntou segurando o retrato da família com os pais e a filha no primeiro mês de Sofia. - Não somos o suficiente.

Sofia os amava. Todos aqueles do retrato contribuíram para a sua felicidade. Os avós e o pai eram a sua família.

- Mas você pelo menos podia arrumar uma namorada. - Ela disse gargalhando enquanto ele a encarava sério. - Sério, você tá super mega hiper encalhado e tipo você não tá ficando mais novo, papa.

Antônio amava a inteligência e como ela conseguia ser engraçada. Ele simplesmente a atacou com um mutirão de cócegas que a fizeram gargalhar. Ele a deixou ali, mais tranquilo, quando encontrou o pai com o suor na testa de uma corrida de cem metros.

- Quem magoou mia nipote? - Giovani perguntava gritando. - Quem magoou minha netinha, mia Sofia.

Antônio beijou a testa do pai e saiu rindo da casa onde cresceu. Relembrou da sua infância incrível e continuou caminhando.

Afinal, Piano, piano, se va lontano.

( oi, gente! Cada comentário de vocês é muito importante para a continuação da história. Preciso saber se estão gostando 🩷🫶🏼🪢)

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