Giovanna 2023

644 50 11
                                    

Giovanna Valente era executiva e trabalhava em uma multinacional automotiva na área de engenharia eletrônica. Vinda de uma família humilde, ela sonhou e realizou o sonho de estudar na USP e se tornou engenheira mecânica e administradora ao mesmo tempo, estudando em dois períodos.

Após a graduação de sucesso, a jovem fez MBA em administração de empresas e batalhou por cargos e aos vinte sete anos tinha o sucesso que muitos executivos apenas sonharam.

Ela era basicamente sozinha. Foi criada por um mãe ausente e um padrasto abusivo. E teve que muito cedo tomar decisões para lidar com a própria vida. Não foi fácil lidar com as acusações e com as surras sem motivo desde pequena. Giovanna nunca teve uma família e jamais teve uma ideia do que era e como era uma familia. Ela se virou sozinha desde do momento em que consegue se lembrar na vida. Ela jamais teve apoio, suporte ou ajuda daqueles tinham laços sanguíneos com ela. 

E toda noite ao chegar na sua cobertura e se deitar na sua banheira para um longo banho relaxante, ela sentia que não poderia se arrepender de nada.

Exceto por uma coisa.

Quando os sócios italianos chegaram ao Brasil, ela poderia ter os levado em qualquer restaurante, mas ao selecionar o La Vita, ela também sabia que embora escondesse abaixo das camadas de frieza e sobriedade que o mercado de trabalho exigia, ela ainda tinha um coração.

Ela sempre soube onde eles estavam. Ela sempre os acompanhou mesmo a distância. Ela jamais conseguiu se desvincular deles. Quando ela tomou a decisão mais difícil da vida dela, ela sabia que estava deixando a única possibilidade de ser feliz para trás.

Mas ele vinha de um berço de ouro. Os pais dele eram maravilhosos, ele tinha tido uma criação incrível e ele sempre teria pessoas que o amavam ao lado dele. Ele sempre teve uma família e ele sabia o que era ser amado, ele sabia o que era ter a segurança de ser amado por alguém, de ter alguém em quem confiar.

Ela não. Ela precisaria batalhar por cada coisa que ela conquistaria, ela não tinha ninguém, ela não tinha apoio nenhum. Ao abandonar, ela fez um favor para eles, pois não tinha nada a oferecer.

Mas o seu coração doía e embora ela tivesse alcançado todo o sucesso que sempre imaginou, ela ainda estava tentando encontrar um sentido para a vida dela.

Ao vê-lo ali como um homem de sucesso, dirigindo aquele restaurante de forma impecável, ela não pode deixar de recordar o quão amável ele foi com cada decisão que ela tomou durante todo o processo. Ele nunca a pressionou a aceitar algo que ela não quissesse. Ele jamais disse palavras de acusação para ela, embora tivesse motivos para isso. E ele jamais a procurou, como ela tinha implorado para ele.

Depois de atingir aquele cargo e durante todo o momento desde do primeiro emprego, ela havia mandado cheques para a casa dele. Para ela, mas ele sempre devolvia, ele havia decidido que não aceitaria nada e ela queria ajudar.

Ela o admirava por isso. Ela sempre o admirou e admirou a família dele. Os laços inquebráveis, o amor implacável e protetor. Ao mesmo tempo em que se corrigiam quando estava errados, ainda havia amor latente.

Ela não queria atrapalhar. Ela só estava se sentindo sozinha e vazia, ela queria saber como eles estavam, mas ao vê-lo tão incomodado com a presença dela no restaurante, ela pensou em desistir.

Mas não podia. Ela não seria o que a mãe dela havia sido. Ela precisava estar presente mesmo com atrasos. Ela queria se desculpar. Ela precisava pedir perdão para ela e para ele. Principalmente, para ela.

Follow You - Amanda e Antônio Onde histórias criam vida. Descubra agora