Sofia segurava em mãos aquele envelope com um convite. Na foto, uma turma desenhada. Entre eles, tia Lari e tio Fred. O convite tinha chegado na casa dos avós de Sofia, mas o nome do pai estava escrito no verso, então, não tinha problema ela abrir.
Ela observava, era uma festa, uma festa poderia ter possíveis mães ou namorados para o seu solitário pai. Sofia sorriu marota. Quando a avó a encarou, olhando o convite sorrindo.
- Ah, você encontrou esse? – Ela disse pegando em mãos e abrindo uma gaveta da sala com outros envelopes exatamente iguais. De anos anteriores, Sofia concluiu. – Seu papa não vai a esse evento, mas Larissa Lorenzo sempre manda os convites. São todos muito bonitos. O restaurante é o fornecedor oficial de comidas dessa festa.
- Porque o papa não vai? – Sofia perguntou curiosa olhando para a gaveta.
- Porque eu não tenho tempo e você está atrasada para o balé. – Antônio estava correndo. Ele tinha a impressão que sempre estava correndo desde dos 16 anos.
Ele corria para sustentar a filha e corria para fugir dos pensamentos que o cercavam. Sofia já estava com a roupa do balé e eles foram para o carro.
- Mama, eu vou deixar a Sofia no balé e o papai vai buscá-la. Eu tenho que voltar para o restaurante para o jantar. – Antônio disse já saindo da casa.
- Nosso Tonino trabalha tanto não é, amoré? – Lola disse para Giovani que assentiu. Eles eram orgulhosos de Antônio, embora achassem que ele se esforçasse demais.
A rotina de Antônio era sempre a mesma. Treino de boxe pela manhã. Levar Sofia para a escola. Ir para o restaurante acompanhar o mise en place dos ajudantes. Buscar Sofia na escola. Voltar ao restaurante para o almoço. Levar Sofia a alguma atividade. Voltar ao restaurante para jantar.
Para as lutas que conseguia, ele pegava as folgas dos restaurantes.
- Nós devíamos ir a festa.– Sofia disse convicta, Antônio não pode deixar de sorrir pela determinação da filha.
- "Nós"? – Ele disse sem tirar os olhos da estrada. – Não acho que seja uma festa para pessoas pequeninas.
Sofia mudou a expressão com ironia.
- Não sou mais criança, papa. – Ela disse sorrindo. – Além do mais, o senhor precisa se divertir.
Antônio a achava a criança mais inteligente do mundo inteiro.
- E porque eu preciso me divertir? – Ele perguntou se divertindo com o processo de argumentação.
Sofia encarou o pai séria. Ela não desistiria daquilo. Era importante para ela. Ela precisava começar a procurar pela mãe e aquela festa poderia ser um lugar adequado e se não fosse ele poderia encontrar alguém.
- O senhor só trabalha. – Ela mudou a voz para decepção. – E é por minha causa.
Antônio sabia que ela estava atuando. Ela era muito esperta nesse sentido. Eles sempre conversavam sobre o excesso de trabalho dele.
- Não faça drama atriz mirim. – Antônio disse gargalhando com o rosto de decepção da filha. Ele a amava tanto que mudaria o mundo por ela. – Se significa tanto para você. Nós iremos a essa festa.
Sofia sorriu feliz e satisfeita. Não achou que seria tão simples.
Mas foi e ela amava o pai por isso. Porque nada era maior que o coração dele. Sofia faria o pai ser feliz como ele merecia. Aos poucos, afinal,
Piano, piano, se va lontano
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Follow You - Amanda e Antônio
FanficAntônio Carlos era pai e aspirante a boxeador em uma academia em São Paulo. Entre o trabalho como sous chef de um restaurante estrelado na Avenida Paulista, os treinos e a filha o descendente de italiano de 25 anos tenta realizar os sonhos para além...