Antônio a viu pelo vidro que separava a cozinha do salão. Não era possível que fosse ela. E, se fosse, era possível que fosse apenas um jantar, não deveria ter nada a ver com a presença dele ali.
Mesmo assim, o corpo dele ficou tenso e ele fez questão de não olhar para o salão a não ser quando estritamente necessário.
Não agora, Antônio pensava, a ansiedade o tinha encontrado ali, naquele momento. Enquanto revisava os pratos que iam para o salão, a mente dele estava inteira nos questionamentos do que pior poderia acontecer em um momento em que ele estava tão feliz. Ele não queria que nada atrapalhasse o relacionamento com a mulher da vida dele, ele finalmente tinha um relacionamento com a única mulher que amou na vida e não queria que nada interrompesse. Mas, acima de tudo, ele não queria que Sofia sofresse.
Sofia era a sua luz e seu caminho. Qualquer coisa que pudesse a magoar jamais deveria chegar até ela. Ele não deixaria que nada a magoasse. Não era justo que uma garotinha incrível sofresse.
Antônio estava tentando se concentrar apenas em cada prato que passava por sua minuciosa inspeção, o La Vita era um restaurante respeitado pelos detalhes e Antônio era detalhista ao extremo. Enquanto tentava se acalmar pensava que aquele restaurante era famoso em São Paulo e muitas reuniões eram feitas ali. Nada devia ter relação com ele. Talvez ela sequer se lembrasse dele. Talvez ela estivesse ali apenas para almoçar.
Quando finalmente encerrou o expediente e passou na casa dos pais para buscar Sofia que já dormia, ele pegou a menina nos braços e ela abriu os olhos sonolentos encarando o pai.
- Ciao, papa. – Ela disse com a vozinha de sono.
Antônio a abraçou e sentiu ela o abraçar voltando a dormir. Ele a apertou mais forte e deixou que uma lágrima de preocupação percoresse o rosto enquanto caminhava até o carro rumo ao seu apartamento.
Ele amava a filha com a própria vida e jamais deixaria que nada nem ninguém a magoasse.
Ao deitar Sofia no quarto, ele pegou o celular e verificando o fuso horário ligou para Amanda que atendeu do escritório.
- Trabalhando até agora? – Antônio pegunto quando Amanda apareceu na tela, ela estava linda com o jaleco branco e o coque que prendia os cabelos loiros. Amanda assentiu e ele tentou falar sobre o dia.
- Amor, está tudo bem? – Amanda via a nuvem de preocupação e ansiedade que rodava a cabeça de Antônio.
- Estou com saudades de você. – Antônio disse não querendo preocupa-la sem necessidade, afinal aquela pessoa só tinha ido almoçar ali.
Amanda queria mais que tudo fazer aquele convite, mas sabia que o trabalho de Antônio o prendia ali. Então, tentou resolver antes. Ela ligou para Lola falando sobre aquele feriado, portanto, Sofia não perderia aulas e Lola convenceu Giovani que Antônio precisava de uma folga mais longa depois de dez anos.
- Você organizou tudo isso? – Antônio disse sorrindo enquanto recebia as passagens por email.
- São apenas cinco dias. – Amanda disse sorrindo. – E eu estou com saudades, já faz dois meses.
Amanda tinha encontrado um apartamento lindo e muito parecido com o de Antônio. Simples, minimalista e clássico. E ela queria que eles conhecessem. O processo do divórcio foi simples, Caio ficou com a casa, cada um com seu carro e Amanda com uma grande parte do dinheiro com a venda da metade da casa. Eles não se encontraram, mas não estavam mais brigados.
Antônio e Sofia embarcariam em breve e Amanda, finalmente, os veria.
Sofia chegou na escola pela manhã e os amigos acenaram para ela. Muitas coisas mudaram com a presença de Amanda. Todos adoravam a médica madrasta de Sofia. E Sofia adorava Amanda.
- Ela vai para os Estados Unidos ver a mãe dela. – Um dos amigos de Sofia chamado Genaro disse sorrindo para a garota.
Sofia tinha se acostumada com a ideia de Amanda estar na família. Ela adorava a namorado do pai. E era recíproco, ambas tinham um relacionamento incrível.
- Ela é namorada do pai dela e não a mãe. – Uma garota chamada Valentina respondeu, corrigindo Genaro. – Não é Sofia? – Sofia assentiu positivamente sem mágoa. Ela fazia terapia para entender certas coisas. – Aliás, como se chama a sua mãe mesmo.
Aquela pergunta tocou Sofia em um ponto fortíssimo. Aquele assunto era completamente diferente para e ela tentava lidar da melhor forma possível para não magoar Antônio. Mas ninguém nunca tinha feito aquela pergunta para ela e ela jamais tinha se dado conta de que alguém poderia fazer.
– Eu não sei. – Ela disse baixinho e constrangida. Quando os amigos a encararam surpresos, ela repetiu. – Eu não sei o nome dela.
Sofia ficou calada o restante daquele dia.
Ela precisava saber. Mas tinha medo de magoar Amanda e seu pai.Mas ela realmente precisava saber.
Quem era a pessoa que não escolheu ser a sua mãe.
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Follow You - Amanda e Antônio
FanfictionAntônio Carlos era pai e aspirante a boxeador em uma academia em São Paulo. Entre o trabalho como sous chef de um restaurante estrelado na Avenida Paulista, os treinos e a filha o descendente de italiano de 25 anos tenta realizar os sonhos para além...