Capítulo Um

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— Parabéns pra você! Parabéns pra você! Nós te amamos, Soo Yura! Parabéns pra você!— As três mulheres ao redor da mesa redonda terminam a canção enquanto escondo a timidez num curto sorriso.

— Uau... Que suspresa.— Respiro fundo vendo a garçonete por o bolo decorado a minha frente.— Obrigada.— Digo rapidamente no automático, ainda mirando o doce pequeno e arredondado na cor rosa pastel, uma única vela foi posta no centro e alguns corações brancos decoram o mesmo.

— Faça um pedido!— Ainda euphorica, Nuri é a primeira a falar. Assopro a vela branca sem pensar direito.— U-hu!

— Finalmente 30 anos!— Dayon diz num tom reflexivo.— Já está com cabelo branco.— Tomando um tom brincalhão em seguida.

— Onde?— Digo sorrindo e ela devolve sopradamente, bebendo seu vinho tinto.— Eu realmente não esperava por isso meninas.— Corto a primeira fatia.— Muito obrigada por terem feito isso.

— Imagina! É seu aniversário, claro que não passaria em branco.— Lina comenta, sorri pequeno lhe oferecendo o bolo.— Eu sabia que ficaria com o primeiro pedaço!

— Nós estávamos fazendo isso? Não sabia.— Prendo uma risada, brincando risonha.

— Ya! Isso é injusto, eu encomendei o bolo.— Dayon choraminga infeliz.

— Bom eu fiz a reserva!— Nuri da de ombros também insatisfeita.

— Parem de show, nós sabemos que sou a favorita da Yuzinha.— Lina zomba.

— Que mentira.— Nuri revira os olhos debochando e não demora para as três me encararem, suspiro indignada antes de rir e cortar mais duas fatias apressadas.

— Parem de ser dramáticas! Hum?— Elas riem do meu desespero.— Aish... Eu amo todas vocês igualmente.— Rio levemente constrangida da declaração.

É um pouco vergonhoso falar de certas emoções às vezes, eu sempre me considerei do tipo de pessoa que é melhor em demonstrar ou escrever do que falar tão abertamente, isso não chega a significar que eu não saiba fazer isso, mas não chega a ser uma preferência. E no fim de tudo... Eu sei que as minhas amigas sabem que eu amo elas.

— Que fofa.— Dayon diz e ergue sua taça.— A Yura!— Nós Sorrimos cúmplices e erguemos as taças junto a ela.

— A Yura!

[...]

— Nos vemos a noite? Eu nescessito desesperadamente, encher a cara.— Dayon diz. Saímos do restaurante, às quatro parando pela calçada.— Preciso ir! Até mais!— Ela corre para seu carro apressada após checar as horas no celular.

— Tenho que voltar para a SBS também.— Lina fala se despedindo com mais calma.

— Vamos nos falando! Tchau!— Nuri fala um pouco mais alto, logo se voltando a mim.— Vamos?— Sorri estendendo meu braço, enlaçadas nós seguimos até a estação subterrânea para aguardar o próximo metrô.

Era um pouco difícil de nos encontrarmos tão encima da hora, como para um almoço, graças as rotinas e os deveres de cada uma. Nuri trabalha como enfermeira num hospital publico, Lina trabalha como jornalista da SBS e Dayon trabalha como advogada num prédio localizado ao centro da cidade. Já eu, sou jornalista e repórter de campo para o jornal The Hankyore. Tenho o maior orgulho de dizer isso hoje em dia, mesmo tendo ficado arrasada em uma época, por não ter sido aprovada para um jornal mais renomado, como a SBS por exemplo. Era meu sonho trabalhar lá junto de Lina. Mas os sonhos às vezes mudam e esse fator era mais uma prova viva disso.

— Eu desço aqui.— Distraída Nuri arruma sua bolsa, assim que o transporte para em uma determinada estação.— Te ligo depois! Tchau!— A morena sai apressada junto de outros formando uma multidão na porta.

Deixando a estação Chonnan, rumo à estação Shingnam.

Escuto os auto falantes indicando a próxima parada, felizmente a minha.

Espero não chegar tão atrasada.

[...]

Assim que passo pelas portas rotatórias de vidro, vejo minha colega de setor a minha espera, com os braços cruzados e uma cara fechada. Faço uma rápida corrida até a garota, tentando não ser o centro das atenções pelo salão principal.

— Atrasada de novo.— Kichul estende o crachá que esqueci em minha mesa, antes de sair para o almoço.— Desse jeito o diretor vai descontar do seu salário.— Andamos a passos apressados até a catraca de indentificação. Respiro fundo pondo meu crachá no leitor, sendo liberada.

— Não diga uma coisa dessas.— Falo tensa, o elevador vazio logo para no térreo e entramos, subindo para nosso andar designado. Ponho o crachá no pescoço, arrumando o cabelo curto num rabo de cavalo rápido.— Você chegou têm muito tempo?— Confiro as horas no pequeno relógio de pulso prateado.

— Tempo o suficiente para ver o senhor Kim Hyundae, atrás de você pelo escritório como um louco.— Ela suspira retocando o batom, no espelho do elevador.— Já consseguiu uma matéria?

— Ainda não, mas estou procurando sempre... Simplesmente não parece haver algo bom o bastante para se escrever.— Murmuro cruzando os braços.— Eu li seu artigo pela manhã, ficou muito bom!— Elogiei sinceramente e ela sorri pequeno.

As portas logo se abrem e caminhamos até o setor em silêncio.

— Ah! Aí está você! Finalmente!— Senhor Hyundae, nosso diretor chefe se aproxima nos olhando.— Soo Yura, já têm uma boa coluna para mim?— Meu olhar vacila e perco minha pouca confiança desse momento, ao olhar para baixo.

Me curvo rapidamente em respeito.

— Me desculpe senhor, ainda não encontrei algo...— Ficamos em silêncio até ele suspirar e se afastar concordando. Sua decepção me atinge.

— Continue procurando então.— Ele diz tranquilamente me dando espaço.— Aqueles que ainda não entregaram suas matérias, por favor não esqueçam do prazo!— Ele diz entrando em sua sala privada novamente. Duas semanas, apenas isso... Eu não tenho absolutamente nada!

Como eu pude deixar quase um mês e meio se transformar nesse prazo tão apertado?

Respiro fundo caminhando até minha mesa, organizando os pensamentos. Sei muito bem que o diretor conta comigo mas não quer me precionar. Admito que não sei lidar direito com isso, esse seu sentimento de espectativa sobre mim. Desde a minha redação para ser aprovada no jornal ele parece bastante impressionado e interessado pelos meus textos. Eu não entendo o potencial que ele vê em mim, eu mesma não consigo vê-lo.

Não consigo deixar de me ver como alguém pequeno, como uma formiguinha...

Uma formiguinha que precisa desesperadamente encontrar algo para escrever, antes de ser pisada ou chutada para fora do seu formigueiro.

[...]

O dia passou como qualquer outro, e tentei equilibrar meu trabalho com a construção do artigo por fora, matérias e mais matérias, textos, colunas, tudo diferente um do outro, mas nada me trouxe inspiração...

Decidi buscar por outra linha de raciocínio, e peguei uns temas específicos e chamativos o suficiente, em matérias iniciantes, tentei pesquisar palavras chaves e redações originais sobre isso, postadas em sites, sinceramente eu nem sabia o quê estava procurando.

Até achar alguma coisa.

Escondida, dentre outras minhares páginas, estava um artigo para análise de aprovação jornalista, feita por um tal time chama. Eu jurava não acreditar enquanto lia, isso tudo realmente existe?

Exploração e abuso sexual feitos por meio do telegram.

Ao terminar de ler a coluna públicada semanas atrás, parei para raciocinar, ainda em choque. Eu com certeza tinha achado o tema perfeito. Como ninguém estava falando sobre isso? E quem é esse time chama?

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