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Ele arrumava as suas coisas da forma mais desorganizada e furiosa possível, apenas empurrando tudo dentro da mochila, descontando toda raiva que tinha naquelas peças e me ignorando por completo, cheguei a cogitar se ele realmente havia notado minha presença ali.

-Você não vai falar comigo, meu Senhor Theo?

Ele me olhou possesso, mas eu não demonstrei estar intimidado e ele cedeu um pouco.

-Sobre o que você quer conversar, meu anjo?

-Como você está se sentindo?

-Com zero vontade de ficar falando!

Claro, o melhor era guardar tudo até implodir, típico de humanos e típico de crias de fogo, sempre intensas e impulsivas, achando que tudo pode ser resolvido com calor, fosse amor, fosse dor, fosse raiva.

-Eu sei que você está chateado... e honestamente? Eu também estou esperando por uma bela chamada de atenção dos meus pais quando eu chegar em casa... mas são apenas momentos, não duram a vida toda.

Eu sabia que Rain saberia sobre o que aconteceu, minha energia me denunciaria assim que eu chegasse em casa e eu sinceramente tinha pavor de como essa conversa seria, pois ele podia sim me proibir de voltar ou, se soubesse do motivo da situação, me proibir de ver o Theo e por mais que eu amasse aquela fagulha irada com cabelos de sol, eu não era apenas filho de Rain, eu era seu servo e devia-lhe obediência cega, se necessário fosse e talvez esse fosse o caso. Se eu estava ali, é porque ele, apesar de não gostar, confiava que eu saberia me virar sem perigos e sem me ferir e bem, não foi isso que aconteceu durante a madrugada.

-Eu sei que a partir de hoje isso não vai mais acontecer, pelo menos isso tudo vai levar a algum lugar, afinal. -disse enfiando uma camiseta na bolsa com tudo, menos calma- Mas eu preciso do meu tempo, e no momento, meu tempo vai passar bem lento.

-Se você quiser, posso tomar café com você, conversarmos...

-Não estou com fome! - respondeu-me com rispidez.

Levei minha mão ao rosto impaciente, às vezes esquecia da pouca idade e imaturidade daquela cria da Senhora do Sol Sunshine. Tão lindo, mas tão teimoso, um equilíbrio perfeito e inconveniente agora.

-Você é meio birrento, né?

Sem me olhar, ele levantou o dedo em haste para mim e eu usei todo controle que eu tinha para não arremessar-lhe uma bola de vapor bem na nuca.

-É... meio não... completamente! -completei com aspereza.

-Não é nada pessoal, só é melhor eu parar de falar antes que eu seja grosso!

Oh, seu humor podia piorar?

-Antes que seja é?

-Foi mal aí! - disse, mas sem parecer estar arrependido de algo.

-Ah, nada que uma manhã de amor não resolva, meu querido Steam!

Cheguei pelas suas costas, apoiando meu queixo em seu ombro, segurando levemente sua cintura com a ponta dos dedos, seu corpo inclinado para frente fez com que eu quase deitasse-me sobre ele.

-Ah é, STEAM?? Então vem cá...vamos ver se seu beijo é tão quente quanto você!

Ele se virou de repente e deu alguns passos para frente, obrigando-me a recuar, até que senti a parede fria às minhas costas impedindo-me de seguir e eu estava completamente sem saída no momento que ele espalmou sua mão na superfície ao lado da minha cabeça e acariciou meu rosto com a outra, fazendo com que eu me sentisse totalmente pequeno e vulnerável a sua vontade.

Steamboy(s)- GHOST- NOTOOnde histórias criam vida. Descubra agora