Steamboy(s)- GHOST- NOTO

01

Eu finalmente iria conhecer eles de perto! De perto mesmo, conversar com eles!

Quando o tio Aether disse-me que eu precisava escolher um único universo se eu quisesse viajar (mesmo que o tio Swiss sussurrasse que a gente poderia dar um jeito depois), sem dúvida era esse aqui que eu queria, aqui tinha a melhor música fácil e eu era apaixonado por boa música! Essa banda, Ghost, eu não tinha palavras para descrever o quão incríveis eles eram, seus rituais eram absurdos, insanos, eu me sentia pura energia os ouvindo, os vendo em cada um dos shows que já havia conseguido ir, aqueles Nameless Ghouls, tão diferentes dos Ghouls Elementais que eram tão presentes na minha vida, me hipnotizavam, eles eram como deuses, ou nesse caso, demônios! E dessa vez eu havia conseguido acesso aos bastidores, para uma área vip e estava para ter a maior experiência que eu poderia desejar! Eu sempre achava irônico quando lembrava o nome dos integrantes da banda, Sodo, Rain, Swiss, Sunshine, os mesmos nomes tão conhecidos no meu mundo, mas aqui totalmente diferentes, sem nenhuma ligação, apenas gracejos dos universos.

Eu já estava sem voz, gritava com gosto, agarrado a grade e no momento que Sodo, o guitarrista, veio pertinho de onde eu estava e estendeu a mão em minha direção, eu quase não consegui me controlar, pude sentir o vapor leve querendo sair por baixo de meus cabelos brancos, eu estava feliz demais! Mas eu havia prometido ao Tempo e ao Destino que ia me manter seguro, fora do radar que humanos tinham para problemas (o que eu era, segundo eles, desde o meu nascimento), não havia outros de nós aqui, os Deuses já haviam abandonado esse lugar a própria sorte a muito tempo e isso era muito estranho. Eu meio que estava sozinho.

Quando a última música terminou, meu cerne se agitou, ansioso, eu estava a ponto de entrar em ebulição, literalmente. Novamente, Sodo parou na minha frente, acima do palco e me encarou por alguns segundos, quase confuso, até que Rain viesse e o abraçasse pelas costas, ele sorriu para o baixista e voltou a me olhar, jogando uma palheta para mim e tornou a caminhar pelo palco dando atenção aos outros fãs antes da banda se retirar. Eu agarrei aquilo como um tesouro precioso.

Tão rápido quanto pude, me desvencilhei da multidão e me direcionei para o lugar aos fundos do palco que haviam me indicado para acessar os bastidores onde aconteceria também o meet&greet daquela noite, mostrei minha credencial na entrada, mas os guardas ainda me olharam por alguns instantes, com tantas pessoas com seus rostos pintados e seus cabelos coloridos, é sério que eles estavam me achando estranho só por conta de um par de chifres que eram tão pequenos? Por fim, me liberaram para uma sala, onde alguns ghouls viriam após se organizarem do pós show..

Sentei em um sofá junto com outras pessoas que ali estavam aguardando, conversavam entre si, um garoto que parecia ter a minha "idade" sentou ao meu lado, puxando assunto, apesar de eu ter certeza que ele se surpreendeu em ver que eu era um garoto. Aqui os gêneros eram muito característicos, diferente do que eu estava acostumado, era uma das coisas que eu ainda precisava compreender direito, mas depois da surpresa inicial, a conversa seguiu tranquila e entusiasmada, ele parecia legal, na verdade, mas então, um rapaz, com uma máscara de Ghoul prateada, apareceu à porta com uma prancheta nas mãos e as pulseiras do acesso vip e me fez desviar o olhar e atenção todo para ele antes mesmo de ouvir sua voz.

-Boa noite, queridos Ghesties! Eu sou o Steam Ghoul e estou passando para dar alguns recados antes que nossos adoráveis demônios venham fazer companhia para todos vocês! 1º- Eles não vão tirar as máscaras, nem revelar seus nomes, são todos apenas Nameless Ghouls do Clero, 2º- Eu vou conferir as credenciais de todos e distribuir as pulseiras vip, sei que passaram pelos seguranças, mas ordens do Papa, são ordens do Papa, eu sou só um servo à serviço. Podem ficar onde estão, eu vou até vocês, senhores!

Quando ele disse sua alcunha, um sorriso escapou de meus lábios. Meu nome, meu real nome, era Steam, filho de dois Ghouls Elementais, Fire e Water, em um lugar em que isso era real, onde os seres que aqui eram considerados fantásticos e feéricos eram apenas...seres. Um mundo que, apesar de possuir humanos, era dominado por espíritos, elfos, deuses. E eu era um deles. Steam, o Espírito do Vapor. Um espírito errante, adorado por Swiss e Aether, que, de onde eu vim, controlavam Tempo e Destino e me ajudavam com as minhas maluquices, como essa, de saltar para outro universo paralelo.