𝙏𝙃𝙀 𝘚𝘌𝘊𝘙𝘌𝘛𝘈𝘙𝘠.

26❚𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝘁𝘄𝗲𝗻𝘁𝘆 𝘀𝗶𝘅❚26

—(JOSH BEAUCHAMP)—
ᵖᵒⁱⁿᵗ ᵒᶠ ᵛⁱᵉʷ

Nunca pensei que seria tão difícil conversar com a Any.

Ela tem me provocado uma sensação similar ao medo, e nunca senti isso antes. Estou com receio de lhe causar dor com as minhas atitudes. Any é tímida e sensível. É como se tivesse um olhar constante de quem sofreu durante a vida. Como eu no passado.

Acho que nos conectamos de certa forma, e nem de longe ela é parecida com as mulheres que conheci.

—Josh: Eu posso ficar com a Any, papai?

Resolvi trazer minha filha hoje para mostrar com o que eu trabalho.Pensei que ela me faria inúmeras perguntas, questionasse absolutamente tudo, mas isso não acontece. Por 15 minutos ela parece maravilhada, mas depois só ouço de sua boca um nome específico: Any.

—Josh: Não, Angel. Ela está trabalhando.

—Angel: Hmm.

—Josh: Você ficou com ela o almoço inteiro, mocinha. Aposto que
conversaram sobre tudo.

—Angel: Eu falei pra Any que eu queria ser filha dela.

Novamente minha própria filha me deixa sem palavras. Isso se tornou algo constante, e eu não estoubsabendo lidar com ela. Literalmente não sei o que falar.

—Angel: Papai, eu posso te contar um segredo?

—Josh: Claro que pode, meu amor.

Angel pisca rápido, em seguida desvia seus olhos, ainda relutante.

—Angel: Você não vai me colocar de castigo?

Novamente ela faz outra pergunta, e começo a me preocupar com o que ronda sua cabecinha.

—Josh: Prometo que não.

—Angel: É que... eu não gosto da mamãe.

Nem eu, filha...Apesar de ter uma ideia sobre isso, não pensei que Angel falaria abertamente. Margot a trata mal, e tenho culpa, mesmo tentando a todo custo proteger minha filha, não consigo arrumar uma forma para que Angel seja tratada como merece. Na verdade, a separação é um dos meios, ainda assim soa errado impedir a própria mãe de ver a filha, mas nesse caso, tenho certeza de que Margot não fará questão alguma de ter a filha por perto. Para ela, Angel é só um negócio... Fechei meus olhos, passando a mão em meus cabelos, ainda refletindo sobre a sua frase.

—Angel: Papai, se eu não gostar da mamãe eu não vou pro céu?

—Josh: Não, filha. Muitas pessoas não gostam de outras, principalmente
quando elas nos machucam bem aqui. — Coloco a mão em seu coração. —
Você merece ficar perto de quem te ama.

—Angel: Eu te amo, papai. E amo a Any também. Por que a gente não
fica todo mundo junto? — pergunta, animada.

Acho que minha própria filha não sabe o monstro que me tornei, o que fiz para estar no topo de Nova York. Espero que um dia ela entenda e possa me perdoar.

—Josh: Não posso fazer isso, filha. Não é fácil assim.

—Angel: Mas, eu quero outra mamãe!

Está cada vez mais difícil falar com Angel quando a palavra "mamãe" é dita. Preciso urgentemente mudar de assunto...

—Josh: Você quer saber como o papai criou essa empresa, meu amor? — pergunto, animado, sabendo que isso a distrairá.