22 - São as nossas cores!

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🖇 | Boa leitura!

Estou batendo o meu pé no chão como se uma corrente elétrica estivesse passando por todo o meu corpo

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Estou batendo o meu pé no chão como se uma corrente elétrica estivesse passando por todo o meu corpo. Olho pela vigésima vez para o meu relógio e resmungo achando que os ponteiros estão mais lentos do que devem ser. Um minuto muda tudo, um momento no tempo um pouco errado pode interferir os próximos anos. Um minuto te faz entrar em alerta. Um minuto pode levar uma vida.

Foi isso. Um minuto de uma parada respiratória repentina e agora eu não sei o que está acontecendo com a minha mãe enquanto os médicos cuidam dela. As luzes brancas e frias do hospital me trazem uma sensação mórbida. Observar as pessoas andando para lá e para cá na recepção alheias ao que eu estou passando me faz sentir desolado, sozinho e desesperado.

Quando o médico finalmente aparece, levanto de onde estou subitamente e ando até ele com os olhos implorando por boas notícias. Solto o ar com força dos meus pulmões quando ele diz que ela está bem e estável, mas desacordada por causa da energia necessária para salvar a si mesma. Ele me explica todos os procedimentos adicionais que foram feitos, coisas que o plano de saúde não cobre e que vão vir com tudo na conta do fim do mês.

Volto a sentar onde estava antes e reavalio a situação. Ela está bem, isso é o mais importante. Entretanto, de onde diabos eu irei tirar aquela fortuna? Caminho até o banheiro mais próximo e me tranco em uma das cabines. Fecho os olhos e apoio as mãos em uma das paredes. Tento respirar fundo e me controlar, mas não sou capaz de segurar o soluço que escapa da minha garganta e abre espaço para eu chorar. Não choro assim há um tempo. Não me sinto tão incapaz assim há muito tempo.

Após alguns minutos, enxugo o meu rosto, saio da cabine e jogo água em meu rosto para esconder a minha fraqueza repentina. Olho para mim mesmo no espelho com os olhos vermelhos e o semblante derrotado.

— Você vai dar um jeito. — digo. — Você sempre dá um jeito.

Saio do banheiro e vou até o quarto dela. Minha mãe está dormindo e tem um tubo de oxigênio que já havia sido tirado há meses. Sinto como se tivéssemos retornado algumas casas nesse jogo contra o câncer. Não parece justo algo assim acontecer com alguém tão bom quanto a minha mãe. Ela sempre fez tudo para ser a melhor pessoa que conseguia e até agora, em seu pior momento, ela ainda se esforça para sorrir e pensar em mim.

Aproximo-me da cama e seguro sua mão delicadamente.

— Foi só mais uma batalha, mamãe. Agora descanse e deixe o resto comigo.

Do lado de fora do hospital, pego o meu celular e abro o contato do James. Prometi a mim mesmo que não faria isso, mas fui encurralado. Só tenho que me manter consciente e atento.

Faço a ligação sem pensar demais e coloco o celular contra a orelha. Sua assistente atende e pede que eu aguarde para passar a ligação. Demora alguns segundos, segundos esses onde uma vozinha na minha cabeça me avisa para desligar imediatamente. Mas não dá tempo de ouvir essa voz.

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