06 - Azul não é triste.

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🖇 | Boa leitura!

Não preciso começar o meu trabalho tão imediatamente naquela manhã, então aproveito para ir visitar a minha mãe

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Não preciso começar o meu trabalho tão imediatamente naquela manhã, então aproveito para ir visitar a minha mãe. Vou para a ala dos pacientes com câncer no hospital e quando entro no quarto dela a vejo com um grupo de cinco crianças ao redor da sua cama. Minha mãe segura um caderno e aponta para uma folha com um lápis como se estivesse ensinando alguma coisa.

Un, deux, trois, quatre, cinq... — recita os números até cinco em francês. — Conseguem repetir comigo?

As crianças a acompanham de forma desajeitada e lenta, mas conseguem falar até a última sílaba. Minha mãe abre um largo sorriso e bate palminhas algumas vezes. Também aplaudo, atraindo a atenção de todos para mim.

Félicitations, les enfants! — digo com toda a gentileza.

— Crianças, esse é o meu filho Christopher e ele está parabenizando vocês.

Bonjour, Christopher! — as cinco gritam ao mesmo tempo.

— Que tal vocês voltarem à tarde para aprenderem mais? — minha mãe sugere.

Uma por uma, todas deixam o quarto enquanto acenam animadamente. Todas são pacientes daquela ala e eu não pude deixar de olhar para a minha mãe com orgulho por estar tornando aquele tempo difícil em algo melhor para aquelas crianças que ainda não entendiam tão bem sua condição.

— Então você continua fazendo o seu trabalho como professora mesmo aqui? — pergunto sentando na beirada da cama.

— Sinto falta da sala de aula. — sorri fraco. — Mas e você, o que faz aqui tão cedo?

— Trabalho adiado por algumas horas. — explico.

Ela assente e então me lança um olhar curioso cheio de análises. Eu conhecia aquela expressão e sabia que ela estava lendo algo em mim.

— Por que você parece mais radiante? — pergunta.

— Você acha?

Oui. Quem fez isso com você?

Como sempre, Alexandra Uckermann é bastante acertiva.

— Eu tomei café da manhã com a nossa nova vizinha.

— Temos uma nova vizinha?

— Temos. Ela se chama Dulce.

— Me fale sobre a Dulce. — o sorriso que ela tem nos lábios agora é bastante sugestivo, quase como se ela quisesse esconder a sua animação.

— Bom, ela mora sozinha, é enfermeira mas não está atuando agora, usa sempre amarelo, acha que eu pareço com uma cor que ela chama de laranja salmão, ama o Merci e o Merci a ama, gosta de jardinagem, a avó dela é francesa então Dulce entende os meus palavrões e...

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