01. PEÔNIAS VERMELHAS

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Ouvia-se alguns barulhos vindos das duas armas que ainda insistiam em lutar. Ora o leque branco de pontas douradas e com lindas peônias vermelhas desenhadas em seu meio atacava seu oponente com a sua força inigualável, ora era a grande fita roxa com um corte na ponta que dividia suas extremidades lhe dando a aparência de uma longa língua de uma serpente espiritual que revidava os golpes de seu inimigo jurado.

A noite escura e sem vida sucumbia o lugar hostil e perverso e assustava ainda mais aqueles que viam toda a confusão, porém, suas línguas duras e nada gentis que coçava em expulsar as suas raivas em cima da garota de fita roxa, fazia sumir todo o medo que acarretava sob seus corpos. O corpo magro da garota parecia já se retorcer com todas as ofensas que jogavam sobre si, e se agitava cada vez mais no querer de atacar todos os cidadãos. A criatura sem face e de cabelos longos e negros, com uma faixa envolto de sua testa, que apenas mostrava seu corpo esbelto de ombros largos e fortes cobertos pela sua majestosa e límpida vestes, parecia ter lido os pensamentos da garota, pois os seus golpes logo ficaram mais fortes e ágeis, fazendo com que os movimentos da menina precisassem de mais habilidades para que não fosse tocada pelo leque cortante do homem sem rosto.

Era um complexo de movimentos que os inimigos faziam para sobreviver sobre o ataque um do outro. O homem esbelto e de ar angelical masculino pareceu enjoar da luta que nada dava, e resolveu ele que o melhor seria atacar com palavras duras, palavras tão perversas que perfurariam o corpo esbelto da jovem moça de cachos grandes e sedosos, sem que uma arma sequer lhe tocasse a pele. Foi então que ele parou e deixou com que os seres que ali estavam ficassem com a dúvida estampada em seu ego, mas nada daquilo abalava o seu ser, já que nada do que pensavam sobre si era de muita preocupação.

Olhando para a garota, não deixou que nada escapasse de ruim que quisesse proferir a ela, apenas abriu sua boca e começou a utilizá-la como uma arma viva e cheia de amargor:

— A repulsa dos que vivem não cansa dos enfermos das vidas que suga? Um ser tão repugnante como você não deveria ter alma em seu corpo, os imundos iguais a senhorita lhe espera nas profundezas do inferno carnal.

— Quanta honra que me guarda em seu peito? Uma pobre e jovem donzela que sou, muito não posso fazer além do que és me incentivado. Estou aqui em sobrevivência, pois foi você e os seus que me jogaram para além das profundezas e agora me chutam para uma briga que nem sequer tem algo ao meu favor. Então me diga, o que quer que eu faça para que o ruim não se alastre sobre mim?

— O ruim não se alastrará sobre você, pois você já nasceu com a ruindade que lhes foi concebido. É o sangue que corre em suas veias que mostra de quem bem você veio, nada lhe é instigado, você mesma já é a doença a qual eu exterminarei.

— Doença? Eu? Minha alma é boa, por que não consegue ver? Foram vocês que me transformaram nesse ser odioso quando tentaram contra mim e os meus, quando insultaram o meu pai como se ele fosse um monstro que sucumbe à beira da maldade. Se foram vocês que me jogaram no mausoléu sem piedade, por que eu sou a doença que tanto lhe aflige?

— Veja por si só a desgraça que causou sobre as nossas vidas. Olhe para todos aqueles que perderam suas vidas por seu egoísmo e sua sede de sobressair sobre o tal mal que diz que lhe causaram! Veja! Veja no que se sucedeu o seu entusiasmo de salvar aqueles que você diz que são os seus! Veja o que aconteceu quando você resolveu me deixar... Quando... Quando...

— Hahaha, então é isso? Diz-me que sou a doença que tem que acabar, mas ainda me tem em seu coração? Pare! Pare e tire-me de seu odioso coração gélido. Iremos ser inimigos e nada mais que isso, pois foi isso que você predestinou quando levantou esse leque contra mim, quando preferiu acreditar naquele que te guarda com mentiras a mim, que sempre toda a verdade disse.

Alchemy Of A Villain ( Volume 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora