Cap. 8

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- Até Amanhã Mel!

- Tchau Profe. Estou ansiosa para a aula da semana que vem.

- eu também estou querida.

Despedi a última aluna. Hoje eles ficaram bem eufóricos, pois anunciei que na aula da semana que vem vamos trabalhar com massa de modelar. Crianças amam essas coisas!

Comecei a guardar minhas coisas, até que encontrei um pequeno envelope. Ele foi posto de forma discreta em baixo do meu moletom.

Assim que abri, reconheci a letra um pouco irregular de uma das meninas.

"Profe... Eu gosto muito da senhora. Minha mãe disse que vira falar com a senhora semana que vem, mas eu não quero esperar! Então vou contar logo. Essa semana eu faltei algumas aulas, mas não fica brava tá?... Eu estava no hospital. O doutor disse que tenho um dodói bem difícil de sarar... "

Engoli seco temendo olhar a próxima parte da carta, em meu coração eu suspeite o que era, por mais que eu quisesse acreditar diferente, algo não deixava.

"...ele disse que o remédio para esse dodói vai fazer cair meu cabelo... O nome desse dodói é câncer...."

- não! - cobri os lábios com uma das mãos, desabando em lágrimas.

"Mas pode ficar tranquila ele disse que daqui uns três meses eu vou estar muito melhor... (Havia um desenho de rostinho feliz) eu só queria dizer que, minhas faltas, vão ser pra ir tomar o remedinho tá? Eu amo muito a senhora e também, seu cabelo e seus olhos.

Até Profe Runa! Beijos da Anna"

Três meses? Soltei meu corpo pesado sobre a cadeira, as lágrimas não paravam de jorrar.

Três meses, ela ficará melhor? Pela forma que ela escrevia; remedinho, dodói. O médico simplificou para não assusta-la, e se essa melhora for... Não! Eu não quero crer nisso.

- Srt. Runa! Está tudo bem? - a voz da diretora ecoou pelo ambiente me assustando.

Me coloquei de pe apressadamente, limpando a face úmida.

- pra ser bem sincera... Não muito...

- o que houve querida?

Sem forças pra falar apenas lhe entreguei o papel decorado com borboletas e muitas flores. Seus olhos correram pela folha, ela tirou os óculos, soltando um longo suspiro.

- eu vim aqui exatamente para falarmos sobre isso...

- O que significa esses três meses?

Perguntei quase sem fôlego. Meu peito se apertava enquanto sofria um aumento de peso.

- a Mãe da Anna veio conversar comigo hoje, logo no início das aulas. A Anna está no estágio final do Câncer e não há maia nada que se possa fazer. A pobre mãezinha ainda acredita que a quimioterapia vai prolongar um pouco mais seus dias...-

Minhas pernas perderam as forças, voltei a me assentar.

- eu sei que é uma situação difícil. Eu também queria poder reverter...

- ela é apenas uma criança... Tão inteligente, uma menina prodígio.

- sim ela é uma garotinha incrível. Mas por hora vamos orar para que a quimioterapia de a ela um pouco mais de tempo.

Forcei um sorriso.

- até amanhã querida. - ela acariciou meu ombro e saiu.

Estou sem rumo, como eu gostaria de pode ajuda-la.

O coração batia com o peso de uma tonelada sobre ele, essa angústia é sufocante. Esses alunos carregam minhas alegrias, eles são meu remédio e antídotos contra qualquer coisa ruim. Se um dia eu ficar sem eles, perco meu último motivo de ainda estar aqui e lutar pra sobreviver.

A notícia do estado que Anna se encontrava, me abalou, naquela noite não consegui comer, foi a gota d'água para que eu me permitir desabar. Passei a noite trancada no quarto, sem conseguir comer e muito menos dormir.

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