Cap. 11

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E pela primeira vez, voltei animada para casa.

Logo que passei pelas portas, o clima era pesado. Um silêncio estranho, diferente do que eu estava acostumada a ouvir pairava na atmosfera, me deixando em alerta.

Segui em passos cautelosos até meu quarto. O coração já pulsava temeroso. A fresta aberta mostrava a presença de alguem, entrei vagarosamente, e la estava ela inclinada, com as duas mãos sobre minha escrivaninha.

- me explica todo esse dinheiro?

Ela achou!

Congelei ali mesmo onde estava, vendo as duas caixas transparentes cheias de dólares que ajuntei com muito esforço, agora estavam entre suas mãos. Calafrios percorriam meu corpo como ondas elétricas.

- você planejava fugir! é isso runa? - ela berrava para toda a vizinhança ouvir.

Eu permaneci calada, lutando com minha mente, para sair do estado de choque. Eu não fazia ideia qual seria sua próxima ação.

Não posso pensar em mais nada e nem ninguém, além de mim, tenho que pensar em mim. Mesmo assutada, vi ali uma oportunidade. A oportunidade de por um ponto final em tudo

Tenho que pensar em mim.

Haja!

Tenho que pensar em mim.

Lute!

Tenho que pensar em mim.

Fala alguma coisa Runa!

Repetia freneticamente, criando coragem para encara a mulher que se levantou e veio até mim e esfregou a carta de meu tio em meu rosto. Agora tenho certeza que ele é da família.

- desde quando vocês estão se falando!? Me responda Garota! - ela me deu um tapa.

No fundo de minha mente, uma lembrança me fez erguer a cabeça e encara-la nos olhos. Ethan disse em uma de nossas conversas, que chegaria um momento em que eu iria precisar encara ela e pensar em mim.

Todas memórias que vivi aqui nessa casa, a maioria ruim, eram passada como filme refletido em seus olhos de víbora.

Aquilo virou um combustível para mim, e em contato com as fagulhas de minha mente...

Ela ergueu novamente a mão para me bater...

...eu explodi. Segurando seu pulso com firmeza.

- talvez eu queria sair daqui sim... Sair desse INFERNO!!!

Meus olhos agora ardiam pelas lágrimas. E meu coração pulsava na garganta. Eu enfrentava monstros dentro de mim, para poder enfrentar ela. Acorrentei os pensamentos que me fariam desistir, pensamentos de pena, e condolências.

- você não vai sair e levar meu dinheiro... Esse dinheiro era meu, que você prometeu me dar.

- eu nunca te prometi nada! Esse dinheiro é MEU, a vida é MINHA e eu faço oq quiser! Então sai do meu quarto!!

Seus olhos eram como tochas de fogo que pareciam querer me consumir. Com muito esforço ela libertou o pulso, que eu fiz questão de deixar bem vermelho.

- você vai aprende de uma vez por todas, a se comportar mocinha... Vou te mostrar quem é que manda aqui!

Está decidido, não vou mais morar aqui!

Vou fazer isso pelo bem da minha mente, pelo meu bem. E quem tentar tirar novamente minha liberdade, seja ela financeira ou de outro tipo, vai fracassar.

Ela saiu apressada, e eu corri para o guarda roupas e peguei minhas malas e comecei a colocar minhas roupas dentro, assim como todo o dinheiro que eu havia ajuntado, inclusive o de Ethan.

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