Comandante das Sombras (JJK + KTH) - ABO

Segredos Sujos.

- Já se passaram 5 anos, não acha que me deve algo?

Jeon Min-jun tinha uma aura esmagadoramente intimidadora. Era impossível encarar os olhos do Imperador sem a necessidade de submeter-se. Ele era um homem charmoso, era verdade, mas a sua característica mais marcante estava naquele sorriso ladino com resquícios de psicopatia e um olhar penetrante.

Lee Ji Eun odiava como estava a mercê daquele homem, que odiava o fato de ter confiado em sua palavra, odiava mais ainda a forma como estava presa a ele. Ligados não somente pela submissão da ômega - mas também pelos segredos sujos que compartilhavam enquanto dividiam a cama do pequeno chalé pertencente à Dinastia Jeon.

Todo o ambiente fora reformado e decorado por Jungkook, lembra-se de como o sorriso de coelho estava preso ao rosto do homem por boa parte do trabalho pesado. Era incrível estar com Jungkook, mas, segundo ela, apenas ter Jungkook não bastaria. Sabia que o tempo do jovem alfa não era muito, ela mesma estava cuidando disto - e fazia muito bem, já estavam nessa há tempo demais para sentir o peso na consciência.

Seu amor pelo jovem Jeon começou ainda quando eram crianças, lembra-se de todas as vezes em que ele fugia do palácio para levar-lhe frutas e pães. Sua mãe era uma prostitua, servia única e exclusivamente aos cavaleiros imperiais, nunca estava e não era como se a genitora lembrasse que tinha uma filha pequena em casa.

Certa noite, quando ainda tinha seus 10 anos e não comia há 24 horas, sentiu a necessidade de roubar algumas frutas do Palácio, seus planos só não saíram como o esperado.

ANOS ATRÁS

- Você sabe que dá para sentir seu cheiro há quilômetros, não é? - Jungkook zombou enquanto encostava na soleira da porta.

- Vossa Alteza. - Exclamou enquanto mantinha os olhos arregalados e cuspia um pedaço de maçã, acabando por engasgar-se.

Jungkook correu para socorrer a pequena ômega, seu sorriso sumiu enquanto ela dava algumas tossidas e ficava vermelha a cada passar de segundo. Felizmente conseguiu fazer com que ela cuspisse o último resquício de maçã que lhe impossibilitava de respirar corretamente.

- Eu juro que não roubei mais nada além disso. - Se encolheu enquanto apontava para os restos de maçã no chão. - Por favor, não me puna... eu só, só estava com fome. - Sua barriga roncou alto enquanto lágrimas ameaçavam cair de seus pequenos olhos pretos.

- O quê? Por que eu te puniria? - Sorriu compreensivo. - Há quanto tempo você não come?

- Eu não sei contar. - Suspirou envergonhada. - Mas eu acho que há um bom tempo.

Jungkook analisou a situação enquanto brincava com os dedos, respirou fundo e pegou uma pequena cesta. Separou alguns pães, fatias de bolo e uma jarra mediana com suco de laranja, seu preferido.

- Você não pode ficar aqui, vem... vou te levar até sua casa. - Puxou a pequena ômega para a saída dos fundos.

Após algumas coordenas, bastou vinte minutos de caminhada para chegarem à casa de IU, não era um local agradável, havia muita sujeira ao redor, cheirava a urina e dejeto de humano.
Jungkook se perguntava como ela conseguia morar ali. Prometeu a si mesmo que a protegeria, era uma criança, verdade, mas sua mãe sempre lhe dizia para ajudar o próximo.

                                       🐺

Após aquele dia, não se separaram mais. IU teve seu primeiro beijo com o alfa, lembra do nervosismo e da repentina gagueira que ele desenvolveu, estava vermelho como um tomate, as mãos suavam e as pernas tremiam.

Pensava que o alfa seria um Lúpus Dominante, mas tudo mudou quando os boatos surgiram. Lembra-se de Jungkook lhe procurar: ele estava péssimo, olheiras fundas, cabelo desgrenhado e a pele mais pálida que o normal.

Naquele dia, enquanto via o Jeon morrer por dentro, soube que não haveria futuro ao lado do alfa. Ele era só mais, alguém defeituoso e incapaz de lhe dar o que precisava: filhotes e riqueza.

Foi então que o Imperador Min-jun bateu em sua porta, lhe oferecendo títulos e terras, mas... para isso, precisava completar uma tarefa nada fácil.

Relutou por dias, pensou nas vezes em que dividiu sua cama com o jovem Jeon, em como ele lhe tratava como o ser mais precioso do Mundo. Na delicadeza de todas as suas ações para com a ômega. Fora surpreendida na noite de seu aniversário de 20 anos, quando ele lhe tampou a visão e guiou-lhe floresta a dentro, sempre muito bem humorado e fazendo a brincadeira do "adivinha para onde estamos indo?".

Sua expectativa acabou quando, num simples ato de desatar o nó de sua venda, Jungkook lhe deixou frente a frente com um pequeno chalé, feito inteiramente de madeira, com um brasão representado por dois lobos ao redor de um escudo enquanto, uma espada transpassava ao redor de ambos. Lá estava o brasão da Dinastia Jeon, a mais poderosa de todo o Continente Asiático.

Sentiu suas pernas falharem, lágrimas grossas rolavam de seus olhos - não por emoção à surpresa que o amado havia lhe feito, mas sim pela proposta aceita.

Nesta mesma noite, fizeram amor em meio à floresta, com direito ao vinho mais saboroso de Altus, presente de um amigo da família Jeon. Servido apenas em momentos especiais.

Se Jungkook tivesse o tato de um Lúpus, perceberia que algo havia mudado entre eles, os olhos pretos de sua amada não refletiam amor ou admiração.
                                       🐺
                
- Se eu pudesse voltar no tempo, jamais teria aceitado tal atrocidade. - Iu se enrolou numa manta grossa, olhou para as flores dispostas em um pequeno jarro roxo, presente de Jungkook e da pequena Nari, sorriu com a lembrança da dupla fazendo bagunça enquanto ela lhes preparava uma sopa de galinha.

- Não há como voltar no tempo. - Sorriu ladino. - Há algo de errado... ou você não está colocando a quantidade certa de aconitum ou meu filho é um bastardo insistente. Talvez seja o gene ruim daquela cadela que ele chama de mãe. - Suspirou frustrado.

- Seja mais objetiva em sua tarefa. Não gostaríamos que Jungkook soubesse sobre aquilo, não é? E lá estava o sorriso que arrepiava qualquer ser vivo, não havia nada além de maldade. - Se ele descobrir, você estará morta muito antes de abrir a boca para se explicar. Não se engane, Jungkook pode te amar, mas eu o conheço perfeitamente bem, ele é um Jeon afinal.

Min-jun se levantou e vestiu lentamente seu hanbok, analisava o pequeno chalé de forma minuciosa e com certo desprezo.

Sempre que a visitava, revirava os olhos ao se deparar com uma pequena plantação de morangos, além de um cômodo decorado no tom rosa e branco, infantil demais para o seu gosto. Odiava ter de se deitar com Iu, mas não havia o que ser feito, se queria um álibi, ela era a pessoa perfeita. Depois, daria um sumiço na ômega, talvez até mandasse seus restos mortais para seus cães, pensava na possibilidade de mandar algumas partes para seu filho. Muito cruel? Não quanto queria.