O palácio estava vazio. Apenas servos de confiança trabalhavam nas tarefas essenciais. Jungkook, antes de partir, pesquisou a dedo a vida de todos os servos que ficariam a disposição de seu ômega, mãe e irmão. Além disso, a tropa de soldados guardando os portões passou de cinco para dez homens. A cada esquina, homens da guarda imperial faziam rondas a cada três minutos.
Não satisfeito, Jungkook pediu, pessoalmente, para que o general Kim Tae-sung ficasse — ele era seu sogro mas, além disso, um dos melhores espadachins do Palácio. O alfa, apesar de querer muito estar num campo de batalha, atendeu ao pedido de seu genro. Via nos olhos cor de ônix o quanto Jungkook estava sofrendo.
Taehyung passou a noite enrolado nos lençóis de sua cama. Vivia e revivia os últimos momentos em que esteve a sós com seu amor. Os filhotes estavam quietos — diferentemente das noites em que o Jeon acariciava a barriga do ômega, enchia de beijinhos e conversava com os gêmeos — nestes momentos, os bebês soltavam o aroma de abacaxi e hortelã, a fim de obter toda a atenção do papai alfa.
A gravidez de Taehyung não se comparava a de outros ômegas.
Ele carregava gêmeos — alfas lúpus — em seu ventre. Os bebês nasceriam quando o ômega completasse 6 meses de gestação. O parto só poderia acontecer com o ômega em seu estado lupino — os riscos eram altos, alfas lúpus necessitavam de toda força e energia de seu pai/mãe ômega.
Pensando nisso, antes de partir, Jungkook e Taehyung conversaram. O alfa estava um tanto quanto paranoico acerca da segurança de seu companheiro e filhotes. A tropa de ômegas lúpus — comandada por Jeon Cho-hee, fora selecionada para
proteger Taehyung e os bebês durante todo o processo de parto e recuperação. Só podendo sair do local após os três dias completos — momento em que o ômega volta para sua forma humana, tendo capacidade para cuidar de forma sã de seus filhotes.— Aceita companhia durante a caminhada, cunhado? — Min-kyu estava encostado em uma das pilastras do extenso corredor.
Taehyung assentiu. Sorrindo forçado.
A verdade era que estava melancólico. Gostaria de passar o dia sozinho. Sua mente estava em seu alfa. Não sabia os horrores que Jungkook teria de passar — mas sabia que, quando voltasse para si, uma parte do alfa estaria morta.
— Era para ser uma surpresa. Entretanto, você sabe que nós Jeon's somos um pouco afobados. — Min-kyu estendeu uma das mãos. Havia um buquê de orquídea branca em uma delas. Além de um pequeno bilhete. O ômega franziu o cenho, confuso.
— Receio que eu não tenha entendido, meu príncipe.
Min-kyu sorriu. Aproximou-se do ômega de forma calculada. O aroma tão parecido com o de seu amado. Taehyung queria apenas voltar para o quarto e chorar como se não houvesse amanhã.
— Digamos que meu irmão é um alfa apaixonado. Antes de partir, ele comprou centenas de buquês de orquídea branca. — Entregou o buquê ao ômega. — Você receberá essas orquídeas todos os dias, até que ele retorne.
O pequeno bilhete fora posto na mão esquerda do Kim. Min-kyu fez uma breve reverência e saiu pelo corredor contrário ao que o ômega estava indo.
Taehyung sorriu. Os olhos lacrimejaram e a saudade apertou-lhe o peito. Conseguia imaginar o alfa fazendo um bico fofo, a sobrancelha erguida em sinal de confusão. Os olhos arregalados enquanto inspecionava toda a floricultura em busca de algo que lhe agradasse.
Com o passar do tempo e da convivência com Jungkook, O Kim pôde perceber que ele era um tanto quanto exigente em alguns aspectos.
Levou as lindas rosas ao nariz, exalando o cheiro gostoso. Os olhos fecharam em sinal de satisfação. Um sorriso gentil adornou sua face. Segurou o pequeno bilhete de forma carinhosa. Abrindo-o com delicadeza.
Fora presenteado com a linda caligrafia do alfa. Os traços perfeitos eram sinônimo do quão importante era aquele bilhete.
Meu amor.
Desculpe se eu lhe arrancar lágrimas com este bilhete — a intenção é totalmente diferente.
Sabe o motivo de eu ter escolhido orquídeas brancas?!
A flor simboliza pureza e eternidade.
Eu te amei em outras vidas, te amo nesta e te amarei em todas as outras que vier.
Um amor puro.
Digno de histórias e canções.
Um amor tão puro que transbordou em meu peito, me arrancando sensações indescritíveis.Tão puro quanto o amor que fizemos em nossa cama, olho no olho, corações sincronizados e respirações descompassadas.
Foi com esse amor puro que nós fizemos o que há de melhor em nossas vidas: nossos filhotes.Nunca pensei em ser amado e amar na mesma intensidade.
Eu quero passar a eternidade ao seu lado, meu ômega mandão.Lhe fiz uma promessa e cumprirei.
Quando me faltar forças, quando o ar em meus pulmões se tornar escasso — buscarei em minhas lembranças o formato de seu sorriso, de sua única pálpebra dupla e do som de sua voz.Quando a escuridão quiser bater em minha porta, seu sorriso iluminará meus passos e eu serei capaz de mover montanhas só para estar de volta.
Escrevo este pequeno bilhete com lágrimas nos olhos.
Lágrimas de amor, saudade e admiração.
Cuide bem de sua saúde. Se alimente bem e converse com nossos filhotes.
Diga a eles que o papai alfa estará de volta em breve.Eu te amo.
Amo vocês.
Amo nós dois.
Amo o que fomos, o que somos e o que seremos.Com amor:
seu alfa.
JJK.
O ômega não conseguia enxergar nada a sua frente. As grossas lágrimas embaçaram sua visão. Se apoiou na pilastra. O aroma de abacaxi e hortelã se fez presente. Uma mistura de choro e riso lhe tomou por inteiro.
A mão direita foi de encontro à sua barriga. Alisando lentamente, num vai e vem preguiçoso. Suspirou. Se recompôs e limpou as lágrimas que ainda insistiam em cair.
— Oi, bebês. Como estão? — Sussurrou — O papai alfa de vocês é um bobão apaixonado. Sabiam? — Sentou em uma cadeira de madeira antiga que havia no final do corredor. — Mas, deixem eu contar um segredo. — Aproximou a boca da barriga. — O papai ômega de vocês também ama muito aquele bobão. Sei que estão sentindo a falta dele. Não faz nem um dia e já estamos tristes, não é?
O som dos pássaros se fez presente. A brisa fresca tocou as madeixas do ômega. A bochecha bronzeada estava corada. Ao passo em que falava, o aroma de abacaxi e hortelã se tornava mais intenso. Taehyung sentiu um pequeno chute na lateral de sua barriga.
— Prometo que o papai Ggukie estará aqui, em breve. Esperem só mais um pouquinho. Tudo bem? Eu os amo, meus filhotinhos.
Longe dali, Jeon Cho-hee acompanhava a cena. Pensou em se aproximar e acalantar o ômega. Mas desistiu logo quando ele começou a ler um pequeno papel. Seu coração também estava apertado, afinal, seu amado e seu filhote estavam em uma batalha sangrenta. Tentaria acalmar seus nervos com alguns chás e com passeios. Convidaria Taehyung e Jimin para lhe acompanhar. Os três ômegas sofriam de dores diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão iguais.
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Comandante das Sombras (JJK + KTH) - ABO
FanfictionA Dinastia Jeon perdura há séculos no trono de Prata, família advinda de Guerreiros Hwarang que, por muitos anos conseguiu deter os genes de Alfas Lúpus Dominantes, por meio do nascimento de gêmeos a cada gestação de uma Omega Lúpus. Entretanto, Lun...