Eles nos encontraram, irmão.

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Taehyung e Jimin passaram boa tarde da noite tentando estabilizar a febre de Nari.

Tudo estava escuro, a madeira já não queimava com tanto vigor.

Jungkook estava ao lado da porta, a espada em sua mão tremia vez ou outra. Sentia um grande desconforto em seu abdômen, o suor escorria livremente por suas têmporas e seu aroma estava um pouco mais forte que o comum.

Ele só precisava aguentar até o amanhecer. Tropas aliadas chegariam para lhe dar suporte, tudo acabaria bem.

— Tudo bem? — Deu um sobressalto ao dar de cara com Taehyung parado no pé da escada.

— Você quase me mata do coração! - Elevou a mão livre até o peito, massageando o local lentamente. Subiu a mão e limpou o suor que insistia em escorrer de seu rosto.

— Sinto muito. Seu aroma está um pouco insuportável. — Sorriu envergonhado. — Digo, não é ruim, mas sua presença pode ser sentida a uma certa distância.

— Eu não sei o que está acontecendo. Não consigo controlar. Você sabe... o lance do lobo... — Respirou fundo. Uma pontada aguda atingiu seu peito, seu rosto fora contorcido em uma expressão dolorosa, tentou não transparecer ou gemer de dor. Não era hora para seu corpo dar sinais de exaustão ou doença.

Taehyung se aproximou a passos rápidos. Tirou a espada da mão direita do alfa e a deixou no chão. Jungkook escorou na parede e deslizou até estar sentado, a respiração descompassada. Fechou os olhos ao passo que a dor se alastrava de sua barriga até a altura de seus joelhos, lhe impossibilitando de ficar em pé.

— Desde quando está machucado? E onde você se machucou? — O ômega avaliou o alfa, Jungkook estava pálido, seus lábios sem cor e o suor encharcava a gola de sua camisa. — Não faça esforço. Apenas indique o local do ferimento.

Jungkook segurou a mão de Taehyung e a guiou até sua barriga, ainda por cima da armadura. O ômega fora rápido em ajuda-lo a tira-la, percebeu a camisa um pouco suja de sangue, elevou-a até a altura de seu peito. Havia um grande corte em seu abdômen, começando a expelir secreção esverdeada.

— Mas que porra. — Grunhiu. — Ele conhecia ferimentos como aquele. Eram causados por contato com a trombeta, flor altamente venenosa, se ingerida ou em contato com a pele ferida. Precisava ser rápido. Não sabia há quanto tempo o alfa estava ferido, mas os sintomas estavam avançados, precisava expelir o veneno.

— Nós não temos tempo para isso, Kim. — Jungkook segurou seu pulso, o impedindo de toca-lo.

— Eu preciso expelir o veneno. Se não agir rápido, você morrerá em alguns minutos. — Mentiu, não sabia ao certo quanto tempo ainda restava ao alfa, mas não custava partir para a apelação.— Você não pode morrer, existe uma criança lá em cima que depende única e exclusivamente de você. Então, pare de interromper o meu trabalho. — Ordenou irritado.

Taehyung vasculhou a bainha presa na coxa do alfa e retirou uma pequena adaga de lá. Pegou uma garrafa de uísque na mesa da cozinha e voltou a ajoelhar-se em frente a ele.

— Certo... — Mordeu o lábio inferior — Você precisa morder isso aqui. — Entregou um pedaço de pano. — Eu cortarei um pouco a ferida para que a secreção esverdeada saia, então doerá como o inferno. Aguente firme. — Jungkook apenas assentiu com a cabeça.

— Seja rápido. — Sussurrou

— Mantenha seus olhos em mim... apenas em mim. — Taehyung não deu tempo para Jungkook formular uma resposta, deslizou a adaga pelo abdômen dele e a cravou bem no meio da ferida, deslizando até chegar no ponto mais afetado. A quantidade de veneno expelido era alta, percebia que estava avançado pela cor, um verde escuro e bastante fétido. Logo após remover grande parte do veneno, jogou todo o uísque na ferida. Sentiu o alfa apertar seu pulso, sentiu uma dor absurda, mas com certeza não era comparada ao que o alfa estaria sentindo. Jungkook mantinha seus olhos fixos no do ômega. Pensou  que ele desmaiaria de dor, mas não aconteceu, ele apenas amoleceu um pouco e retornou ao normal. Liberando seu pulso em seguida.

— O pior já passou. Me desculpe por te causar dor, não havia outro método para retirar o veneno. Não aqui... sem meus equipamentos e ervas. — Sorriu constrangido. Enrolou uma faixa ao redor da barriga dele, prendendo em seguida com um pedaço de esparadrapo. A respiração do príncipe voltava a normalizar, os cabelos encharcados de suor e as mãos trêmulas.

Uma coisa era certa — O príncipe Jungkook era o alfa mais forte que havia conhecido. Apesar de não ter ligação com seu lobo, ele estava resistindo bravamente.

— Eu preciso que me ajude a colocar minha armadura. Por favor. — Suplicou.

Assim foi feito, Jungkook levantou-se lentamente, ainda escorado na parede atrás de si. A espada se tornou um objeto pesado em suas mãos, estava guardando energia para um possível ataque.

Estirou sua mão livre para o ômega, este que recebeu de bom grado e se levantou em seguida. Estavam sozinhos naquele cômodo, Min-kyu guardava a saída dos fundos, Jimin e Nari dormiam no andar de cima. A lareira estava quase apagada, apenas brasas insistiam em queimar.

— Obrigado por tudo, Kim. Lhe recompensarei quando sairmos daqui. — Sorriu.

— Fiz apenas o meu trabalho, meu principe.—Retribuiu o sorriso.

— Pode me chamar de Jungkook. — Piscou. Taehyung apenas acenou com a cabeça, indo em direção a cozinha. Voltou com uma jarra de água e um copo de barro.

— Beba. Precisa se hidratar.

— Obrigado. — Se encararam por longos minutos, ambos sem saber o que falar. Jungkook notou a pálpebra dupla do Kim, os lábios cheios e avermelhados, o formato peculiar do sorriso dele. Foram acordados para a realidade por um Min-Kyu entrando na cozinha de forma agitada.

— Irmão, eles nos encontraram.

Não tiveram tempo para reagir. Uma flecha fora lançada em direção à janela, passando rente ao rosto do príncipe Jungkook, causando um pequeno arranhão na bochecha esquerda. A porta fora aberta em um baque. Quatro cavaleiros estavam cercando-os. O líder deles, Hyun Bin, carregava um falcão entre os dedos. O sorriso maldoso adornando seus lábios.

Estavam cercados. Não havia mais como lutar. Jungkook puxou Taehyung e o deixou atrás de si. Sendo um escudo de proteção para o ômega.

— Ora, ora, ora... Os herdeiros da maior Dinastia existente estavam escondidos como ratos imundos. — Gargalhou. O falcão sobrevoou o ambiente e pousou em cima da mesa.

Taehyung apertou o braço do alfa, buscando acalmar seus ânimos e controlar seu aroma. Jungkook lhe olhou de forma rápida e, em um pedido mudo, pediu para ele manter a calma.

— Hyun Bin, seu bastardo traidor. — Fora a vez de Min-kyu se manifestar. — Ficarei feliz em lhe cortar a garganta. Sempre te odiei mesmo.

— Como pode perceber, meu príncipe... — Zombou. — Nós somos quatro contra dois. Na verdade, um e meio. Já que os senhores são alfas defeituosos. — A risada do homem se alastrou pela sala.

— Serei rápido. Se vocês implorarem por piedade, lhes darei uma morte rápida e indolor.

— Enfie sua piedade no cu. Filho da puta. — Min-kyu avançou sua espada em um dos cavaleiros que ameaçou lhe atacar. O corte foi rápido, a ponta da espada cravou na jugular do homem a frente, fazendo-o cair de joelhos, os olhos sem expressão. Tentou estancar o sangue com as mãos, mas já era tarde.

— Agora são três contra dois. — Jungkook se manifestou pela primeira vez. O sorriso de orgulho não abandonava sua face. Sempre gostou da forma que seu irmão empunhava uma espada. Rápido e silencioso. 

Comandante das Sombras (JJK + KTH) - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora