IV - Colinas dos Andes

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No quarto, Grace tirou o short e achou a calça jeans

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No quarto, Grace tirou o short e achou a calça jeans. As pernas estavam tremendo quando ficou de pé para se vestir. Talvez pudesse dizer para Sebastian que não estava se sentindo bem ou dar alguma desculpa sobre Zac precisar dela.
Qualquer coisa para impedir que tivesse de montar em um cavalo de novo.

Ao puxar o jeans por sobre os quadris, o dedo roçou na cicatriz enrugada na altura da marca do biquíni. Grace tentara apagar o acidente da memória, mas a cicatriz feia estaria sempre ali para não deixá-la esquecer.

O pesadelo voltou aos pensamentos dela. O barulho do cascalho sendo esmagado às suas costas, o cavalo relinchando, os cascos pisoteando e a terrível sensação dos ossos sendo esmagados na altura dos quadris.

Cerrando os lábios, Grace ordenou que a lembrança fosse embora. Ainda assim, esta permaneceu, tão terrível como se houvesse acontecido no dia anterior. O que ela não daria para esquecê-la? Talvez Sebastian houvesse fornecido a resposta.

Durante os últimos quinze anos, Grace evitara qualquer coisa que tivesse a ver com cavalos. Já não estaria na hora de encarar os medos?

As mãos tremiam ao calçar novamente as sandálias, lamentando não ter trazido algo mais resistente para proteger os pés.

Não, não seria capaz de fazê-lo. Teria de contar a verdade para ele ou, pelo menos, o máximo que se sentisse à vontade contando.

Assim que ele soubesse, jamais voltaria a convidá-la para cavalgar. Enfiando a blusa para dentro das calças e fechando o cinto, ela saiu do quarto e seguiu de volta para o pátio.

Ele a estava aguardando, com um colete de lona sobre a camiseta.

– Vamos! – falou ele, colocando um chapéu de palha na cabeça dela. – Você vai gostar disso.

Ela recuou.

– Sebastian, eu não posso .

– Venha! – Ele a puxou pela mão. – Não se preocupe. Vai ficar tudo bem!

Contornando a piscina, cruzaram o gramado aberto. Atrás das árvores, Grace pôde avistar a estrutura baixa e característica do estábulo. A pulsação dela disparou.

– Sebastian, pare! Ela soltou bruscamente a mão da dele, que, com uma expressão confusa, fitou-a por sobre o ombro.– Escute. Quinze anos atrás, sofri um acidente com um cavalo. Não vou entrar em detalhes, mas me machuquei feio. Desde então eu não monto.

A compreensão iluminou o rosto do rapaz, e Grace deixou escapar um suspiro de alívio. Agora, ele deixaria aquilo para lá.

– Você costumava montar com frequência antes do acidente?

– Sim, eu costumava montar o tempo todo.

– Nesse caso, está na hora de fazê-lo novamente. – Ele postou-se diante dela, encarandoa. – Se desistir de algo que adorava só porque isso a machucou uma vez, acabará se arrependendo pelo resto da vida.

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