Conhecendo o inimigo Por: Lana Mendez

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—Senhorita, Mendez...

 Ele parou a alguns passos à minha frente e me olhou com olhos frios, não havia nenhuma expressão em seu rosto, nem sorriso, nem raiva, nem dor, ele só me olhava. Isso fez meu corpo começar a tremer, pois meu cérebro resolveu imaginar em quantas formas diferentes ele poderia me matar naquele momento. Ele esticou uma de suas mãos até um fio de cabelo que insistia em cair no meu olho e o tirou dali. Eu  sentir calor do seu corpo chegar até o meu e ele me olhava de uma forma curiosa.

O que esse cara doente estava fazendo? Continuei calada.

— Acho que senhorita perdeu, não e mesmo?—Ele riu debochado e passou a mão em meu rosto, o acariciando.

— Não encosta em mim!

Puxei todas as forças que eu tinha dentro do meu ser, esbravejei e bati em sua mão para que não me tocasse. Sua mão nem ao menos se moveu, eu só pude ver seu sorriso cínico e parecia se divertir. Esse ponto minha respiração estava acelerada assim como meu coração, eu queria gritar, mas meu peito parecia que tinha uns 20 quilos de concreto me impedindo de respirar, me obrigando a puxar todo o ar que eu pudesse, em menor tempo possível.

— Ela fala... Eu espero que entenda senhorita, eu posso fazer o que eu quiser com você!

   Meu corpo estremeceu novamente e eu me encolhi dando um passo pra trás, ele queria que eu entendesse que ele iria acabar comigo naquele momento e  bem devagar, da pior maneira possível.   Fechei os olhos com força ao sentir uma lágrima querendo vir, apesar disso, eu não ia dar esse gosto pra ele.

Mas parecia que ele sentia o quão desesperada eu estava até que...

— Abaixem as armas!!!—  Ele ordenou e os seus capangas imediatamente abaixaram as armas, pelas suas feições, estavam tão confusos quanto eu.

  E naquele momento eu entendi que algo de muito errado estava acontecendo, eu estava viva por tempo demais, talvez até desse tempo para o reforço chegar.
A propósito, que droga de reforço demorado.

— Precisamos finalizar o que viemos fazer aqui, chefe a gente não ia...?— um rapaz gritou e parecia estar com muita raiva

— Eu sei, não precisa falar ! — Giulio interrompeu o homem de capuz com rispidez, e me lançou mais um olhar.

— Ela não, vamos usar outro...

— Isso vai atrasar todo nosso plano

—Stronzo! Sono il tuo capo!*— Ele gritou em italiano me fazendo arregalar os olhos, que merda ele tava falando.

Fiquei repetindo a frase na minha cabeça. O homem de capuz pareceu assustado e saiu da sala .

—Uscire!! —Ele esbravejou e um por um saiu do galpão me deixando a sós com ele, fechei os olhos novamente.

Eu tinha certeza que era agora que ele ia me matar. Ele pegou uma arma eu pude sentir o cano frio encostar em minha testa, eu já não sentia meu coração nem minhas mãos nem minhas pernas, eu estava tonta, só sentia o calor do corpo dele perto do meu, um calor que me dava arrepios de medo, o que ele ia fazer comigo...
  Confesso que por uns instantes pensei em implorar pela minha vida, mas acho que não vai adiantar...
Ele pousou seus lábios no meu ouvido e eu me encolhi ainda mais e soltei um grito abafado pelo meu medo e apertei mais forte meus olhos, como se eu pudesse me teletransportar dali, eu devia estar parecendo uma criança assustada.

Ouvi um barulho ensurdecedor do tiro. Meu ouvido começou a apitar.. imediatamente fechei os olhos com força que começaram a lacrimejar.

Ele atirou em mim? Porque não sinto nada?

— non muori Oggi, mia Bella*

Eu o ouvi como um sussurro, ele parecia estar longe, mas ainda estava bem ali ao meu lado, eu podia sentir sua presença.
Ele tirou a arma de perto de mim, e permaneci de olhos fechados , apenas ouvi passos se afastando, e alguns segundos depois ouvi sirenes. Várias sirenes tomando conta de todo o local, o apito do meu ouvido começou a ficar mais agudo e intenso, me obrigando a colocar as mãos no mesmo.
  Finalmente o reforço estava chegando. Abri meus olhos bem devagar e olhei a volta já não havia ninguém. Policiais chegaram por todo lado.

Não havia sangue, eu não sentia nada

Acho que eles sabiam quem estava ali. Eu olhei pros lados e tudo parecia estar em câmera lenta e sem som.
Meu coração voltou a bater e minha respiração voltou a normalizar.
Um de meus colegas gritou

—Lana o que houve?!!— sua voz longe parecia desesperada, talvez pela posição fetal em que eu me encontrava, estava abaixada no chão e aquele barulho ensurdecedor estava me deixando louca

— A Lana está viva... e em choque parece !—A policial Diaz me olhou e parecia bem preocupada.

Eu a olhei e tentei me mexer mas eu estava paralisada, talvez ser policial não era pra mim, se um encontro com a morte eu ficava assim. 

Respirei fundo e me levantei lentamente tentando me recompor, parecia que todo o batalhão estava ali me olhando. " A MEDROSA MENDEZ"

Metade do departamento estava lá e eu não estava entendendo mais nada. Continuei calada e fui conduzida até uma ambulância que verificou que meu tímpano não tinha sido afetado pelo tiro, talvez apenas uma pequena perda de audição temporária, mas logo tudo voltaria ao normal... normal, o que era normal?
     Logo depois fui até uma viatura. Fiquei calada todo caminho confusa e pra ser sincera com medo. O apito em meu ouvido foi diminuindo aos poucos e virando um zumbido, apenas minha respiração que estava trêmula.

Me levaram até o departamento,  era como se tudo se repetisse na minha mente, a arma na minha cabeça e saber que eu podia estar morta.

Chegando na DP me deram uma xícara de chá. Como se isso fosse o suficiente pra me acalmar. Havia muitos falando, até que me concentrei numa única pessoa, acho que voltei a mim com a voz irritante de Bernardo.

— Lana, você tá bem? O que ele fez com você? O que ele falou?

Ele me fazia um milhão de perguntas e eu nem ao menos conseguia responder uma delas, todas estavam à minha volta. E esse zumbido no ouvido estava me deixando louca.

QUE DROGA ACABOU DE ACONTECER?


Legenda:

Stronzo! Sono il tuo capo!* - Idiota! Eu sou seu chefe

non muori Oggi, mia Bella* - não morre hoje, minha linda.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora