Lana Mendez

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No dia seguinte, acordei com a cabeça pesada, era muita informação sobre Morello nela. 

   Mike havia me levado até em casa bem tarde, ele tinha uma paciência de uma criança de 2 anos. Não sei se eu conseguiria trabalhar com ele por muito tempo. 

Me levantei da cama e fui me arrastando até o meu som e desliguei ele. Eu tinha uma mania depois de um certo tempo na minha vida, eu passei a apenas dormir com som ou tv ligados, era como se eu não estivesse sozinha nesse apartamento, e é claro também tinha o jack.

Ouvi o som de suas patas pelo piso de madeira vindo me dar bom dia.

—Bom dia meu amor— fiz carinho em sua cabeça e enchi o pote de ração dele. Jack é o meu labrador de 3 anos, mas já é enorme, ele é quieto por isso não reclamam dele no apartamento.

   Cheguei até a cozinha e liguei a máquina de café, enquanto esperava fiquei olhando aquele celular em cima da mesa, eu odiava celulares, eles me lembravam de um tempo em que eu vivia sufocada em todos os sentidos. 

   Mas a verdade é que eu não podia viver pra sempre desse jeito, enquanto eu encarava o celular ele vibrou em cima da mesa fazendo um barulho alto o que fez com que eu me assustasse.

—Droga...

Peguei minha xícara de café e logo em seguida me sentei a mesa e fiquei encarando o celular tocar insistentemente, eu tinha que atender era o celular da força-tarefa, ninguém tinha meu número certo? Enquanto eu decidia ou não se atendia senti um nó na garganta se formar como seu eu estivesse sufocando, estiquei a mão até o mesmo o peguei e atendi rápido, como se tira uma folha de depilação.


—Alô?—Eu ouvi uma respiração fraca no fundo e meu coração disparou quando eu estava pronta pra desligar ouvi uma voz feminina

—Fala Mendez— soltei a respiração quando reconheci a voz

—Ai Rebeca, você quase me matou, meu coração saltou pela boca

—Ih amiga, eu esqueci, é que eu fiquei animada que você finalmente estava com um telefone, que eu tive que te ligar, pra falar BEM VINDA AO MUNDO DIGITAL

Rebeca sabe tudo o que eu passei, também ela é a única, ela é uma ótima amiga, espera, se esse celular é da força tarefa então...

— A então quer dizer que a Policial Rebeca também foi convocada pra força tarefa.

—Exato, e eu te liguei pra gente comemorar, e eu te lembrar que você pode atender o telefone, não vai acontecer nada com você—Por um instante ficou um silêncio na linha e eu respirei fundo me acalmando.

Esse discurso dela me lembrou de que eu já não era mais refém do Antony, eu era uma mulher forte e independente. E eu não precisava mais ter medo de ligações ameaçadoras no meio da noite, eu estava longe, muito longe, eu finalmente podia começar a viver minha vida.

—Brigada por isso Rebeca—De nada, e se lembra que você é uma mulher maravilhosa e corajosa, e agora o próximo passo é arrumar um gatinho porque ninguém merece tanto tempo sem ninguém.—Tava demorando, TCHAU ATÉ DAQUI A POUCO

    Desliguei na cara dela, e ri, a Rebeca era minha amiga, conheci quando entrei na Polícia, mas é como se eu a conhecesse desde sempre, ela sempre me acolheu e cuidou de mim, e só ela sabe de toda minha história além de mim e da minha família estúpida.

   Peguei um porta-retrato perto do sofá e o olhei, era a única foto que eu tinha da minha família, meus pais, e minha irmã. Eu os amava apesar de tudo que tinham feito pra mim aqueles estranhos sugadores de vida!

 Apesar de tudo eu me sentia só, eu não os via há pelo menos uns 6 anos, desde que fugi de tudo. Agora a Rebeca era minha família, era tudo que eu tinha, mesmo eu tendo conhecido ela a tão pouco tempo. 


Ouvi algumas batidas na porta eram fortes, será que era a Rebeca? Eram 7 da manhã, não, não podia ser a Rebeca, seja lá quem for, eu corri até o meu quarto e peguei a minha arma e a coloquei em punho, essas batidas na porta já descompassaram meu coração. 

Respirei bem fundo e tomei coragem para olhar no olho mágico assim que ouvi mais batidas, era o idiota do Mike. O que ele tava fazendo aqui? Eu destranquei a porta e ele invadiu meu apartamento, trazendo seu cheiro junto com ele, eu confesso que eu estava começando a ficar viciada nesse cheiro.

—Anda Mendez vamos Você parece maluca,  não atende telefone?

—Se eu atendo o telefone ou não o problema é exclusivamente meu não acha?

—Não quando esse telefone é da força-tarefa e ao invés de atender chamados importantes, você fica fazendo fofoqui...

Ele parou de falar e eu fechei a porta atrás dele e respirei fundo me acalmando. Afinal eu não estava em perigo.

  Quando seus olhos bateram na  arma na minha mão, ele me olhou de um jeito estranho. E então me fitou dos pés a cabeça lentamente, era como se ele estivesse tirando fotos mentais do meu baby doll... Droga eu não acredito que atendi a porta assim.

 Seu olhar pesou sobre mim de um jeito que começou a arrepiar cada pedacinho do meu corpo e eu pude sentir minhas bochechas esquentarem e com certeza nesse momento elas deviam estar totalmente vermelhas.

 Assim que ele voltou a me encarar nos olhos, um flash dele me beijando surgiu em minha mente. QUE MERDA FOI ESSA? Agora eu ia ficar imaginando coisas com esse estúpido? 

 No mesmo instante, isso me fez concordar com a Rebeca no momento em que encarei os olhos dele: Eu realmente estava sozinha a muito tempo, tanto tempo que talvez se eu o encarasse mais alguns minutos eu o beijaria...

NÃO... QUE? 

Não, isso era questão de honra eu jamais poria os meus lábios sobre os daquele imbecil do detetive MIKE RANGEL, eu preferia ter uma morte lenta e dolorosa. Balancei a cabeça tentando ignorar o pensamento e fui obrigada a esboçar um sorriso com a loucura que estava na minha mente

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora