Lana Mendez

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Estava olhando um porta-retrato, com a foto de Mike. Eu confesso que imaginei uma casa sem personalidade toda cinza e preta, sem fotos e de repente com um quadro dele mesmo bem grande na parede porque esse cara se achava.
   Ele tinha uma boa reputação, eu fiz meu dever de casa, pesquisei sobre ele nos registros, não sou estúpida, confesso que o que eu fiz foi uma espécie de crime, não posso usar os registros da polícia para algo do gênero. 

Mas vamos dizer que foi pro bem então, não é crime se não faz mal a ninguém e ninguém sabe certo?     
   Enfim o detetive Michael tinha várias medalhas e estava em busca de Morello já tem alguns anos, ele perdeu um parceiro durante um chamado, por isso o cara deve ser amargo. Depois desse parceiro ele nunca mais teve outro, e o resto das informações todas confidenciais, missões confidenciais, pelo menos uns 10 anos do cara na polícia eram um grande branco, pelo menos pra mim, apenas alta patente poderia ter acesso.
    Fiquei olhando o porta-retrato eram dois rapazes, um com certeza era o Mike, ele era novo mas já tinha esses olhos e o sorriso dele na foto, era lindo, o Mike de agora não sorri muito, na verdade eu não vi ele sorrir até agora, ou o problema seja eu, ele pode apenas me odiar.
   Já esse cara, não conheço apesar disso ele era estranhamente familiar. Pareciam ser amigos, esse garoto deve ter aturado muito o Mike, porque se ele antigamente era assim, ele era um chato, continuei andando e esbarrei no sofá o que me fez perder o equilíbrio e deixar o porta-retrato que estava em minha mão cair. Me xinguei mentalmente é claro.

DROGA

—Me desculpa

Olhei para Mike que parecia mais se esforçar em não falar nada, é melhor eu ficar quieta, pelo menos ele ainda não me humilhou como esta fazendo desde que me encontrou.

— Tudo bem Mendez, só... Mantenha essas mãos nervosas dentro dos bolsos de repente você para de quebrar coisas

Pensei cedo demais, ele se dirigiu ao outro cômodo e quando entrei era uma sala de jantar, pequena, mas tão aconchegante.
  Era possível relaxar só de estar ali, como um cara como Mike tinha uma casa tão aconchegante como essa? A porta era de vidro e dava para um enorme jardim, ele se sentou ali na mesa respirando fundo, ele parecia menos irritado.

— Então vamos começar

Eu olhei para a cadeira ao seu lado e a cadeira do outro lado da mesa, era tentador sentar do outro lado da mesa, até porque o cara era um chato, mas fazer o que, decidi me sentar ao seu lado. 

  Quando ele tirou a jaqueta preta que ele usava e a colocou no encosto da cadeira, no mesmo instante seu perfume pairando no ar e entrou por todo o meu ser, eu tinha que dar os parabéns, ele tinha um cheiro delicioso. Por um instante o olhei e reparei seus traços, a forma como olhava fixo, e sua barba por fazer, ele foleava os papéis bem devagar, seu maxilar as vezes se movia e ficava rígido acredito que estava tenso mas aquilo me fez deslizar o olhar até seus lábios. Espantei os pensamentos da minha mente e falei.

— Vamos, o que eu tenho que decorar?

—  Basicamente tudo, você conhece o Morello?

—  Só o básico, eu sei que ele é traficante, e que virou um dos herdeiros da máfia, e que agora ele colocou algo a mais em seu currículo assassino de policiais, ele com certeza conseguiria um ótimo emprego com um currículo desses.

Maldita seja minha boca, quando eu terminei de falar Mike me olhou novamente com aquele olhar furioso, agora eu prestei mais atenção, uma ruga se formava por entre suas sobrancelhas e quanto maior a ruga, acho que maior a raiva, agora eu acho que era uma ruga média, então.... raiva média?

— Mendez, você acha isso engraçado?

— Não, é claro que...

— O Morello está matando policiais, simplesmente porque ele quer, ele sente prazer, ele quer aterrorizar, você sabe por acaso quantos policiais estão com medo de ir a campo por causa do Morello?

Permaneci calada, e engoli seco, com certeza se eu falasse a coisa ia ficar pior, ele continuou o esculacho.

— Você com suas piadinhas, seu jeito de ser, você não dura 5 minutos perto do Morello

— Desculpa, é... que eu não pensei no que eu disse

— Desculpa? Você tem que estar preparada, para quando estiver lá sozinha com o Morello, você não ferrar com tudo e...

O resto ficou subentendido. E por um instante eu meio que me dei conta que entrei em uma missão basicamente suicida, eu, iria ser isca de Giulio Morello, assassino de policiais. Meu corpo inteiro estremeceu. Mike ficou me olhando e parecia pensar em algo logo soltou a respiração, era nítido ele estava odiando saber que toda sua esperança era eu.

— O máximo que pode acontecer e ele me matar, nada além disso.— Meu nervoso falou mais alto falando besteira.

Tentei não me importar, mas só de saber que talvez eu tivesse que ficar novamente sozinha com Morello, isso me dava arrepios em todo o corpo.

— Só, Mendez, alguém já te disse que você fala muita merda ?

—A por favor ne MICHAEL, não tem como te agradar, eu tô aqui tentando te ajudar, por que eu sei esse Morello e importante e que ninguém alcança ele e por algum motivo o cara teve pena de me matar, e agora eu estou te ajudando, lembra disso, EU QUE ESTOU TE AJUDANDO e não o contrário mesmo que isso fira seu ego inflado.

—Me ajudando?—ele gargalhou—Você está me atrasando, essa força-tarefa falida! Sabe o que ele vai fazer com você Mendez, caso você não esteja preparada? Ele vai te engolir, mastigar e depois cuspir os restos fora, você não faz ideia de com quem você ta se metendo.

—Eu não faço, mas você faz então eu realmente preciso que você me ajude e pare de ficar me enchendo, me tratando como se fosse uma estúpida. Eu estou aqui porque mereço estar aqui.—eu o encarei e ele pareceu suavizar sua feição

—Tudo bem —ele puxou o ar —O Giulio te deixou viva por algum motivo, além da sua semelhança com a Taia, não é só isso, não pode ser, e a gente precisa descobrir o porquê.

  Mike realmente parecia perturbado por não saber ao certo o motivo de Giulio ter me soltado. Pra mim a teoria de que eu era parecida com a noiva dele faz sentido, ele olhou pra minha cara viu a esposa que morreu ficou com pena e já era.

— Me deixa ver uma foto dela

— Aqui...

  Mike abriu o arquivo e ali havia a foto dela Taia Gomez, mas tarde Taia Morello, a foto havia sido tirada de longe, ela estava em seu apartamento bebendo uma taça de vinho, ela parecia olhar diretamente para a câmera, o que era estranho para alguém que não sabia que estava sendo vigiada.
E realmente os traços dela eram parecidos com os meus, seus olhos, e até a boca, não o suficiente para nos confundir, mas talvez para passarmos por irmãs, até porque seus cabelos eram longos e lisos, os meus batiam no máximo dois dedos abaixo do ombro, olhei em seus olhos pela foto e era engraçado, parecia que ela queria dizer algo, talvez ela queria gritar por socorro.
  Comecei a folhear os arquivos e tinha mais fotos dela nesse mesmo dia. Giulio a olhando enquanto ela permanecia sentada na mesa e cada foto que eu pegava ele parecia se aproximar ainda mais, começou a me dar um frio na espinha, até que a última foto ele segurava em seu pescoço e os olhos dela permaneciam mortos, como se ela não estivesse ali, como se nada que Morello fizesse a pudesse atingir.

— Mas que...

Folheei mais uma parte e vi fotos do corpo de Taia com várias marcas roxas em seus braços, seu pescoço, me fazendo engolir seco. Por alguns segundos flashes vieram em minha mente... Não, agora não.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora