Passo 3: Desestabilize-o Por: Mike Rangel

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Lana conseguia ficar mais linda a cada dia, e eu me esforçava muito em me manter distante dela. Felipe não havia encontrado nada sobre sua vida, e no fim ela continuava sendo um fantasma, um belo fantasma.

 Ele ia fazer uma última tentativa e quem sabe descobrir o que estava acontecendo. Pelas minhas experiências, mulheres assim eram um grande problema, e eu não queria um problema. Mesmo que fosse um lindo como Lana Mendez.

 Eu a evitei ao máximo, mas quando a vi nesse vestido preto, ela estava incrível e eu só pensava em tirá-lo. Por mim não sairíamos do quarto a noite inteira. Mas eu precisava lembrar que não éramos um casal de verdade. E tudo isso acabaria.

—Nós não somos a DROGA DE UM CASAL, Mendez.

Ela se calou, eu afastei durante esses 3 dias, e agora foi o golpe final. Seus olhos pareciam estar marejados, e aquilo me doeu no mesmo instante, eu queria tanto me desculpar, dizer que ela me fazia sentir coisas que eu nunca senti.

 Durante todo o caminho uma Lana Mendez diferente estava ali, calada, dispersa. Entramos na limosine e ela olhava pela janela durante todo caminho, calada. Aquilo me dava nos nervos.

—Lana me des...

—Não Mike, por favor... Me deixa— ela respirou fundo — eu não tô pronta pra isso, não agora, e você tem razão, afinal, não somos a droga de um casal, não é? — ela deu um sorriso que morreu em segundos

Ela não sabia, mas eu podia ver a luz da cidade refletir em seus grandes olhos verdes, e eu vi o momento em que uma lágrima escorreu pelas suas bochechas, me segurei para não seca-la. Respirei fundo e olhei pra frente, isso precisava acabar e talvez hoje seria a última noite.

****

Assim que chegamos, era uma festa extremamente formal, ainda bem que eu tinha um terno guardado para essas ocasiões. Eu e Lana estávamos usando escutas como sempre. O capitão Ferreira decidiu pôr uma equipe junto conosco. Estávamos bem no covil do lobo. Na mansão de Morello, Rebecca era uma das arrumadeiras do local, Bernardo um dos convidados e havia mais um novato na força-tarefa. Uma ideia de girino do Ferreira. O nome dele era Arthur. Ele ficou junto com Rebecca em um dos quartos da mansão.

A ideia era o seguinte: eu e Lana fingiremos ser um casal apaixonado, e o restante da equipe ia ver se Giulio estava aprontando algo. Afinal nosso real objetivo era levar Lana ao seu encontro e então finalmente prendê-lo e se tudo desse certo isso aconteceria hoje.

Segurei a mão de Lana e a levei até a pista de dança, precisávamos ser um casal apaixonado então, tínhamos que dançar. Mas Lana era tão transparente, ela mal me olhava, e aquilo me doía. 

Enquanto a levava para a pista de dança uma voz falou no meu ponto.

—Que droga vocês estão fazendo Rangel?— Era Rebecca e parecia muito brava— Não precisa falar, se não a Lana vai perceber que eu to falando com você, agora seu metidinho a detetive de bosta, eu não sei o que você fez ou falou pra ela, mas vocês não enganam nem uma criança de 5 anos de que são um casal. Só se for um casal prestes a se divorciar ARRUMA ESSA MERDA RANGEL!

Respirei fundo e tirei o ponto do ouvido colocando em meu bolso, que se virem sozinhos essa equipe de merda. Eu olhei pra Lana e ela fez o mesmo tirou seu ponto e me entregou. Levei uma de suas mãos até minha nuca e a segurei pela cintura, encarando aqueles olhos verdes que me hipnotizavam toda vez que os olhava.

—Me perdoa, eu estou sob muita pressão e eu descontei em você.

—Tudo bem—Ela sussurrou ainda com o olhar baixo

Ficamos uns instantes calados, e a feição de Lana pareceu suavizar, mas ela ainda não estava relaxada como era a Mendez que eu conhecia. Deslizei a mão que estava em sua cintura sobre suas costas nuas, a puxando pra mim e colando nossos corpos, e nesse momento seu cheiro de Pêra pairou no ar, me fazendo sorrir como sempre.

Ela era tão linda, meu coração estava palpitando, ela me tirava o foco total de tudo. Ficamos abraçados por um tempo, dançando lentamente até que ela olhou nos meus olhos e eu sustentei o seu olhar.

 Por momentos foquei em seus lábios, levei minha mão até seu rosto e o acariciei, deslizando meu dedo indicador e médio até seu queixo e o levantei, senti sua respiração acelerar. Não conseguíamos desviar o nosso olhar, seja lá o que estivesse acontecendo, os dois estavam sentindo. Os lábios dela se entreabriram e eu queria tanto senti-los, um beijo falso, pra um namoro falso parecia ser a desculpa perfeita pra isso.

Ela mordeu os lábios e ficou claro que ela pensava a mesma coisa que eu, fechei os olhos e me aproximei lentamente de seus lábios até roça-los nos meus, começando um beijo lento e tímido, e quando nossos lábios se tocaram, foi uma mistura de choques, correntes elétricas percorrendo por todo o meu corpo. Fechei meus lábios nos dela e ela seguia aumentando a velocidade do nosso beijo proporcionalmente, seus lábios pesavam cada vez mais sobre os meus provocando reações por todo o meu corpo, eu só queria mais de Lana Mendez. Nosso beijo foi voltando a ficar lento e mais suave até pararmos. Ela me deu aquele sorriso e seus olhos verdes haviam voltado a brilhar. Por alguns instantes ficamos nos encarando sorrindo. E meu coração estava disparado só de beija-la.

Ela não podia saber, mas esse beijo foi muito mais real do que ela poderia imaginar.

Memorizei seu sorriso, seus olhos e seus lábios nos meus, até que ouvi um estalo alto, saindo dos pontos que estavam em meu bolso, interrompendo o transe que estávamos. E foi a partir daí que tudo começou a ruir.

ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora