Fui até a porta e finalmente o Felipe havia chegado, também o cara saiu de outro estado a pedido meu. Ele me devia uma.
—E qual é o pedido tão urgente que o Detetive Rangel não pode falar por telefone, ou email? —Ele apertou forte minha mão e me deu um abraço
Felipe era Delegado Federal, tinha mais acessos que eu, um mero e simples detetive. E além disso ele era especialista em achar fantasmas. Lana Mendez era um tipo de fantasma, seu nome só passou a existir de uns anos pra cá, pra ser preciso a partir de uns 5 anos.
—Valeu Felipe, senta aí cara. Como está a família?
—Sério Mike? A coisa é séria, você sabe muito bem que eu não gosto de falar da minha família, e esse papo todo é enrolação. Desembucha.
—Tudo bem, eu estou em uma força-tarefa especial, não posso te dar mais detalhes. Mas tem uma policial nela que me intriga.
—Por causa de mulher? Ta de sacanagem que eu passei 6 horas dentro do carro pra eu descobrir quem é o rabo de saia,a vai toma....
—Calma Felipe. É sério, essa mulher é a parte central da força-tarefa, mas ela é um fantasma. Ela só tem no máximo uns 5 meses na corporação, e antes da academia que ela cursou, ela é um fantasma o nome dela não existe no sistema.
—Preocupante.
—Eu sei, mas o capitão é estúpido o suficiente pra não ligar pra isso
—Você está achando que ela é uma policial corrupta? Trabalha pros dois lados?
—Eu não sei, acho que isso, não, mas tem algo estranho nessa história.
—Você sabe que também tem rabo preso não é?
—Felipe, você sabe da minha história, eu não posso mudar meu passado, mas faço o meu futuro, e eu não posso confiar em qualquer um.
—Tudo bem, eu vou fazer por você. Tem uma foto dela?
—Não, mas em breve terei, o nome dela é Lana Mendez, vou te passar à descrição física. Ela é alta, deve ter 1,70, cabelos no ombro e lisos, olhos verdes, seus cabelos são castanhos puxado pro escuro, e seu corpo ela é magra — Enquanto eu a descrevia imagens vívidas de ontem me vieram na mente
—Cara— ele estava parado me olhando — Me diz por favor que você não se apaixonou por ela, não né?
—Claro que não, para com isso, da onde você tirou essa merda?
—Não sei. Primeiro que descrevendo ela, ela parece muito gostosa. E segundo que eu nunca vi você saber a cor do cabelo e dos olhos de alguém, as mulheres que você dorme você não lembra nem o nome.
— A por favor Felipe, as mulheres que eu fico são uma noite. A Lana trabalha comigo, eu sou obrigado a saber o nome dela e suas características, até porque ela é minha parceira.
Ouvi novamente a campainha tocar interrompendo nossa conversa, eu me senti aliviado do Felipe não continuar fazendo suas perguntas sem sentido.
—Um momento Felipe, vou ver quem é pra gente continuar.
Me levantei e fui até a porta, quando a abri Lana estava bem ali, com aqueles olhos verdes marejados e mãos trêmulas, parecia mais uma criança assustada, quando ela me viu ela respirou fundo e se jogou em meus braços e me abraçou forte. Eu segurei em sua cintura e a puxei pra mim e pousei minhas mãos em suas costas a apertando em um abraço. Ela pareceu relaxar, passei a mão em seu rosto e ainda continuamos abraçados.
—O que houve Lana?— Eu a olhei em seus olhos e por um instante seu olhar desviou pros meus lábios. Os olhos dela estavam vermelhos, com certeza ela havia chorado—Fala comigo ein. — Antes que ela pudesse falar ela me soltou e olhou para trás de mim pra dentro do meu apartamento.
Virei para trás e Felipe estava em pé nos olhando com um sorriso malicioso nos lábios, ele era muito babaca.
—Desculpa, não sabia que estava com visitas eu— ela fungou como uma criança o que me fez suspirar — Eu volto em outra hora.
—Tudo bem, eu já estava de saída — Felipe a interrompeu e estendeu a mão— Prazer, Delegado Souza, mas pode me chamar de Felipe.
—Prazer— ela esticou a mão e apertou a mão de Felipe — Lana Mendez
Ele sorriu e a olhou a analisando, eu sabia que ele estava fazendo um quadro mental dela, afinal foi melhor do que eu pensei ela ter aparecido ali. Na verdade eu nem sei se foi melhor, no momento em que Felipe apareceu em casa eu meio que me arrependi de tê-lo chamado. Talvez eu estivesse exagerando e ela só quisesse fugir do seu ex em paz.
— Tudo bem, Mike, eu estou indo, e te dou retorno do que falamos.
Eu assenti com a cabeça e Lana sorriu pra ele. Quando ele saiu eu a puxei para dentro e tranquei a porta.
—Senta aqui — Puxei uma cadeira e ela se sentou. Ela estava tão desatenta, não parecia a Lana de ontem.—O que houve com você?
—Não, nada, eu só estou um pouco assustada, deve ser porque eu recebi outro bilhete do Giulio, vamos ter que ir a uma festa.
—Não é só isso, eu posso estar a pouco tempo com você mas, eu posso te ler Lana, da outra vez tinha mais, tem alguém te vigiando agora?
Ela fez um sinal com a cabeça negativamente, respirou bem fundo e começou a falar
—Então, esse bilhete estava dentro da minha casa.
—O que?
—É, estava lá dentro, alguém invadiu minha casa Mike. Provavelmente ontem enquanto eu não estava lá, e poderia ter feito alguma coisa, eu estava tão desatenta que eu nem verifiquei se tinha alguém lá dentro hoje.
—Você faz isso toda vez que entra em casa?
—Sim, são pequenas cicatrizes que o Anthony deixou, eu sou extremamente metódica com isso, mas depois que saí da sua casa eu estava tão...
Ela se calou, parecia que ela tinha falado demais
—Fica aqui comigo.
—O que? Não, você já vai ter que passar o tempo inteiro comigo por causa do Giulio, não precisa.
—Eu to falando que você vai ficar comigo e acabou, eu não vou deixar você sozinha naquele mausoléu.
Ela mudou de semblante e me olhou com uma cara estranha
—Você tá chamando minha casa de mausoléu?
—Estou.— eu sorri pra ela, e ela pareceu entender que eu só queria que ela relaxasse
—Até que é mesmo. Eu vou então pegar algumas coisas e de noite, eu volto, tudo bem?
—Você quer uma carona? Eu vou ter que passar na DP, eu sei que hoje está de folga então você pode ficar à vontade.
—Não precisa. Eu vou e volto sozinha. —Ela se levantou da cadeira e veio em minha direção, linda como sempre, me deu um beijo na bochecha, e no instante meu coração disparou.—Obrigada Mike, e me desculpa por isso, por tudo...
— Não se desculpa, eu estou aqui exatamente pra isso.
Ela estava fazendo com perfeição seu trabalho, estava me conquistando, e eu precisava manter o foco. Eu não sabia quem era Lana Mendez. E ela me conquistar era o que Morello queria, ele queria me tirar do caminho. Eu preciso me afastar dela, era isso que eu precisava, ficar o mais longe dela possível, mas como se eu acabei de convidar essa mulher pra ficar comigo por um tempo? Eu estava me complicando, mas eu tenho certeza que isso ia passar, precisava passar.
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Obsessão
RomanceLana Mendez é uma policial corajosa, novata que foge do passado, que se vê dentro de uma força-tarefa para capturar um dos mais procurados mafiosos e serial killers, que por algum motivo se torna obcecado por ela. Nessa força-tarefa Mendez vai ser...