12 Anos Antes
- Não Sam! , a guerra está muito longe, nada disso tem haver com nós, desista de uma vez dessa idéia estúpida, estará correndo muito mais risco saindo de casa á procura de um... abrigo que...
- Basta SAMANTHA! , sinto muito, mas não há nada que você possa me dizer que irá me convencer do contrário, pessoas morrem ao nosso redor todos os dias, quanto tempo teremos antes da morte bater á nossa porta também? Dias? Semanas? No ritmo que vai não demorará muito, essa guerra não tem á ver com "NÓS", tem haver com todos, me admira você, logo você que tem muito mais á perder do que eu, não querer arriscar... - ela olhou pra baixo contrariada. -
É exatamente por isso que não posso arriscar Samuel! Tenho muito mais á perder do que você...
- suas mãos pousaram suaves nos meus ombros, e ela me encarou, seus olhos brilhantes e um meio sorriso, como se quisesse me convencer de que estava tudo bem, Samuel, meu tio, fez o mesmo, seu semblante preocupado e tenso.- Bem, eu sinto muito... muito mesmo, mas não posso ficar.
-Deu as costas e saiu fechando a porta da pequena cabana atrás de si, mamãe me encarou furtivamente, seus olhos levemente marejados.-Não se preocupe querida... - ela me puxou depositando um beijo no topo da minha cabeça e suspirou pesadamente, como se o peso que carregasse sobre seus pequenos ombros de repente houvesse triplicado.
Naquela noite fomos dormir cedo, mamãe me aconchegou á ela na singela cama, eu sentia que á qualquer momento ela poderia desmoronar, ela só tinha doze anos quando sua família foi atacada por algumas bestas, estas mataram seu pai e sua mãe, tendo sobrado apenas ela e seu irmão, um cuidando do outro, sempre, cada um conseguiu uma pequena cabana na floresta, afastado de tudo, pessoas, mestiços, bestas, e outras coisas que sabe-se lá presentes lá fora, terrores noturnos que só de se imaginar faria seu corpo tremer por completo...
Meu corpo tremia, o inverno se aproximava, a pequena lareira á frente de nossa cama crepitava fazendo eu me concentrar apenas naquilo, naquele momento era tão fácil fingir que, não havia uma guerra lá fora, que um dia, talvez eu pudesse ter uma vida plena e feliz, talvez com uma família...
Mas era apenas a lareira, a realidade á minha volta, era muito mais cruel e aterrorizante.
E então aconteceu, rugidos, rugidos horríveis , como se algum animal estivesse sendo estraçalhado ou algo do tipo, encarei minha mãe, seus olhos estavam abertos, vidrados, e então eles desceram, me encarando, ela despertou, mais rugidos, um grito se formou na minha garganta, porém antes que ele escapasse ela pousou sua mão, suave, porém firme na minha boca, seus olhos numa advertência, esperou alguns segundos antes de levantar-se e me esconder no pequeno closet, seus lábios foram para o topo da minha cabeça, um beijo suave, seus olhos marejados, e então, usou de suas mãos trêmulas para fechar a porta.
Eu podia ve-la pela fresta, ela olhou ao redor, procurando por algo, uma arma... Mas tudo o que conseguiu foi uma faca, seus olhos pousaram em mim em uma advertência, me encolhi no meu esconderijo, os rugidos mais altos, mais fortes
- BHAG - o barulho de madeira sendo rompida ecoou no cômodo, meu coração palpitava, a boca seca, mamãe lá fora, tinha sua mão firme, envolta na faca, não era muito grande, mas eu sabia que bem amolada, e então eu os vi...
Eram as criaturas mais feias e aterrorizantes que eu já havia visto em toda a minha vida, tinha o corpo de um leão, sem juba, seus corpos pareciam uma colcha de retalhos de pele, que alguém havia tostado ávidamente, presas tão grandes que eu não via como eles conseguiam fechar a boca, e suas caudas... espinhos longos e afiados por toda ela, como se tivessem sido espetados ali como forma de diversão, as criaturas rugiram novamente e eu notei que o barulho de animal sendo estraçalhado não era de fato, de um animal, mas delas, duas bestas enormes...
Eu podia ver a mão dela tremer ao redor da faca, as criaturas agora avançavam, presas expostas como clara ameaça, seus olhos pousaram uma última vez em mim, meu coração se apertou, e então a criatura deu a primeira investida, mas mamãe foi mais rápida, seu pequeno corpo girou para o lado e seu braço se esticou, um grito agudo escapou da boca da besta e ela tombou, sangue escorrendo de seu dorso, a outra veio pra cima dela, mamãe era esperta, levantou levemente seu braço, fisgando o animal com a faca, ele se encolheu rosnando, o outro já estava de pé, ao lado dele, agora os dois avançavam pra ela que andava vagarosamente para trás, em posição de defesa, talvez...
Talvez ela tivesse uma chance, ela já havia os ferido, os dois estavam machucados e...
- HAAAAAA!-Seu grito agudo ecoou, o som mais terrível que eu provavelmente escutarei na minha vida inteira, seus olhos percorreram o quarto pousando nos meus, um brilho, um flash de brilho e então, se apagaram... para sempre
Seu corpo estava pendurado no ar, empalado, só então notei atrás dela o corpo da terceira criatura, maior e mais forte que as outras duas, além de ser escura, era sua cauda ali, a roupa branca dela estava envolta em sangue, e ele pingava no chão, a besta puxou seu rabo e seu corpo já sem vida se chocou contra o chão, foi inevitável, saí do pequeno esconderijo, correndo dentro da poça de sangue viscoso, meu corpo se jogou sobre o seu, o desespero me tomando, eu não via nada, via só seu corpo ali, bebido em sangue, sua expressão vazia, seu corpo gélido, as lágrimas desciam sem nenhum controle, só então voltei á olhar pra frente, a besta me encarando mortalmente, ela avançou, seu nariz tentando se aproximar do corpo gélido dela, minha voz ecoou forte - NÃO SE ATREVA... NÃO SE ATREVA Á SE APROXIMAR DELA. - a criatura me olhou confusa, se encolhendo um pouco, mas logo voltou á exibir ás presas, estava fora de mim, peguei a faca e apontei pra ela, não havia medo, nem terror, só havia fúria e ódio, ela rosnou pra mim e minha mão voou descontrolada em sua face, era mecânico eu enfiava a faca e puxava, depois repetia, a besta uivou de dor e eu recuei um pouco para ver o estrago, seus olhos brilharam e ela avançou pra mim, sua boca quase se fechando em torno do meu braço, minha pele sendo rasgada, mas eu ainda tinha a faca na outra mão, eu a firmei em minha mão e me aproximei cambaleante, meu corpo estava próximo ao seu, sentia o terrível cheiro de queimado, seus olhos brilharam, ela queria puxar meu braço com os dentes enfiados nele, se conseguisse, bem não sobraria muito dele, porém antes que tivesse a oportunidade passei a afiada faca no seu pescoço, bem na sua garganta.
Seu corpo gigante se chocou contra o chão, sangue se espalhando por toda á parte, olhei pra trás notando as duas outras bestas, levantei o braço embebido no sangue da besta e de minha mãe, as duas me encararam rosnando, era isso, eu morreria, mas antes disso iria matar aquelas duas ali, então elas pularam, me abaixei por um reflexo, mas elas não pularam em mim, mas sob mim, voando sob a minha cabeça e disputando a saída uma com a outra, correndo, até eu vê-las longe do meu caminho...
Bestas: Criaturas com corpo de leão, dentes grandes e afiados, que não possuem pelos no coro e tem uma cauda com espinhos capaz de matar.
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Hope Legado de sangue ( Em Revisão)
Viễn tưởngEm um mundo em guerra e apocalíptico, onde caídos e celestes se enfrentam constantemente numa guerra sem fim, uma garota parece ser a única esperança para que o mundo volte á se tornar o que um dia foi. Hope é uma jovem de 19 anos que teve sua mã...