Capítulo 07

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Continuei olhando pra Hunter, minha cabeça doía.

- Sou forte o bastante pra isso? - Ele sorriu.

- Mas é claro que é, você é algo totalmente diferente, de tudo e de todos... Ninguém ousaria te subestimar.
- balancei a cabeça.

- Eu não sou diferente, sou uma aberração, você disse que a profecia rege que eu vou dar a vitória á quem eu estiver apoiando, ao exército oposto ao líder que eu matar... Como você tem certeza que eu matarei o caído, e se eu mudasse de lado, e se eu matasse seu líder?!
- Deixei a pergunta no ar, Hunter passou um bom tempo em silêncio antes de responder.

- Eu sei, apenas sei... Você tem duas naturezas Hope, e apesar de ser assim, escolheu alimentar o bom dentro de você, não o mal...
Do contrário não estaria preocupada com os outros, como está agora...
- Olhei pra Hunter duvidosa, seus argumentos não haviam me convencido, mas assenti assim mesmo.

- E como exatamente eu mataria Lúcifer? - perguntei com uma pitada de ironia que não pude suprir, ele riu fraco.

- Teríamos que ir até ele... - O olhei alarmada.

- TERÍAMOS QUE IR AO INFERNO?! - Hunter balançou a cabeça.

- Desde o inicio da guerra ele comanda suas tropas daqui mesmo... Por que acha que ela começou?! É por isso que tem tantos mestiços, bestas, e demônios... - Assenti.

- Oh, fácil, então tudo que eu tenho que fazer, é sair além destes muros, num mundo repleto de demônios, bestas, mestiços, ir até Lúcifer, e mata-lo, oh claro, sem esquecer o fato de que ele supostamente é o meu pai - maneei a cabeça.
- Simples... -ele me olhou, sério.

- Eu nunca disse que seria fácil. - balancei a cabeça.

- Tem certeza que não existe outro mestiço híbrido? - Hunter assentiu.

-Certeza absoluta. - ele levantou- se vindo até mim, abaixando-se e ficando no mesmo nível que o meu, seus olhos focados diretamente nos meus.

- Sabe á quanto tempo estou te procurando? - balancei a cabeça, ele sorriu terno - 17 anos... Assim que você nasceu, eu fui encubado de te encontrar - o olhei surpresa, ele não parecia ter mais de 20 anos, mordi o lábio pensativa.

- Espere aí, quantos anos você tem? - ele riu afastando-se.

- Minha idade mortal?! 19 anos... - O olhei curiosa.

- E sua idade... - Porém antes que eu pudesse saciar minha curiosidade Max adentrou no quarto, sua expressão endurecida.

- Samuel convocou todos os soldados para as novas ordens e distribuições. - Hunter levantou-se e piscou saindo.

- A gente se fala depois - Assenti sorrindo brevemente, Max me olhou por cima do ombro com um olhar questionador antes de sair batendo a porta atrás de si com força.

Passei o resto do dia junto com Mari, vagando pelo resto da cidade, Samuel gostava que eu o fizesse, assim me aproximava dos cidadães, infelizmente naquele dia o que eu vi não se equiparava com o que costumava ver, as pessoas estavam tristes, muitos filhos despediam-se de seus pais e vice-versa...
O que aumentou ainda mais a minha determinação, se eu pudesse impedir a morte daquelas pessoas, eu impediria.

Visitamos as plantações, os hospitais, o complexo tecnológico, o qual controlava os portões da cidade, o registro das pessoas, a energia e todo o resto...
Não fiz questão de esconder minha insatisfação com a decisão de Samuel, apesar de Mari repetir inúmeras vezes no meu ouvido que eu não poderia ir contra as idéias dele, afinal, todos os crimes ali eram punidos com a morte, e traição era um deles...
Apesar de não termos uma execução á um bom tempo, era algo que todos faziam questão de parar tudo que estavam fazendo para ver, apesar de tudo isso duvidava que Samuel fosse capaz de fazer qualquer coisa contra mim, de modo que continuei á falar que discordava sem medo.

Ficamos fora até tarde, chegamos no complexo na hora do jantar e tivemos que correr para não perde-lo...
Me servi rapidamente junto com Mari, agora que as coisas estavam um pouco mais esclarecidas entre Hunter e eu, fui me sentar junto com eles, Mari me olhou de canto de olho, alternando seu olhar entre eu e ele eu e ele...
Nos sentamos, eu ao lado de Max e Mari ao lado de Hunter, todos comiam em silêncio, o ar parecia pesado demais.

-Hm, Max?! - Mari o chamou, e ele levantou a cabeça em seguida, parecia exausto.

- Imagino que com tudo isso Edgar, seu irmão, tenha sido chamado pra servir não? - Max assentiu silenciosamente, voltando á revirar o prato, senti meu estômago pesar, bati meu ombro no seu.

- Eu sinto muito - sussurrei para ele que balançou a cabeça com um sorriso amarelo nos lábios .

- Edgar está animado com a ideia então não é tão ruim assim - Assenti.

- Você parece cansado... - Olhei pra frente onde Hunter me encarava, seus traços angelicais ainda estavam lá, mas era só olhar pros seus olhos e podia- se notar o cansaço.

- Á quanto tempo não descansa?! - perguntei pra Max, que deu de ombros como se aquilo não importasse muito.

- 23 horas - disse num sussurro em seguida, arqueei a sobrancelha, aquilo era um absurdo! Larguei minha bandeja e sai, Samuel estavam levando todos ali á exaustão, isso era demais! Subi para o térreo me preparando mentalmente para outra discussão, apesar de ter que passar o cartão de acesso para que liberassem a porta que dava pro escritório, aquilo não foi preciso, mostrei minha melhor carranca á cada guarda que se encontrava no meu caminho e eles, sabendo de quem se tratava faziam o favor de abri-la sem exitar, já estava na porta de seu escritório quando Ur, um dos soldados mais antigos e um dos poucos que tinham meu respeito, me parou.

-Seu tio está acompanhado, espere um pouco senhorita...- Assenti, esperando no pé da porta enquanto ele voltava á patrulhar o corredor.

- Preocupante! - Alguém disse lá dentro, vozes abafadas discutiam com furor dentro da sala, olhei ao redor e ao não ver nenhum soldado por perto encostei suavemente meu ouvido contra a porta

- Estão se aproximando rápido demais... Temos que tomar uma providência urgente - Alguém disse exasperado.

- Temos outros problemas além desse, ultimamente estamos tendo algumas panes no nosso sistema - um silêncio se seguiu até Samuel finalmente quebra-lo.

- O que isso quer dizer? - Indagou, a preocupação exposta em sua voz.

-Isso quer dizer que á qualquer momento, nossa energia será desligada, e eu não creio que os geradores conseguirão gerar energia suficiente para mantermos o controle da entrada por exemplo, ficaremos á mercê do que quer que esteja á nossa espera lá fora.
- Balancei a cabeça, bem aquilo era ótimo pro que quer que quisesse entrar ali, mas era melhor ainda pra quem queria sair, de repente todos falavam ao mesmo tempo e Ur estava voltando... Fui saindo de fininho.

- Não vai falar mais com seu tio senhorita, devo avisar que esteve aqui? - Ur indagou enquanto eu saia, me virei com um doce sorriso.

- Não precisa Ur, meu tio tem seus próprios problemas... - ele assentiu com a cabeça e eu sai, uma ideia maravilhosa tinha acabado de me ocorrer.

Pela manhã Samuel convocou uma região geral com o pessoal do complexo, a segurança no muro seria reforçada, nada entrava ou saía, e se houvesse uma pane ou algo do tipo, todos os soldados deveriam dirigir-se imediatamente para a entrada, aquilo não seria fácil, mas era a minha única opção...

Á noite depois do jantar chamei Hunter até o Colise e contei-lhe meu plano, era fácil, faríamos uma mochila com o que precisássemos, e na hora da pane iríamos para o muro, como nos fora ordenado, porém, enquanto todos se preocupavam em guardar a entrada para não deixar nada entrar, nós sairíamos, rápido, fácil e o mais importante, sozinhos, haviam boas chances de aquela ser uma missão suicida, e eu não precisava ter a vida de mais ninguém em minhas mãos.

Hope Legado de sangue ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora