Retorno

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Namor estava totalmente abismado com a cena que ele via diante de seus olhos. Eu estava totalmente pálida e sem forças pela falta de sangue em meu corpo. Eu caí já desfalecendo. Tudo parecia estar em câmera lenta.

- MAAYYYAAAA!!! - Namor gritou indo em minha direção depois de ter entregado o nosso filho nos braços de Chánza enquanto a mesma chorava. A parteira saiu depois de ter tentado de tudo e o curandeiro ainda estava ali fazendo suas orações em sua língua Maia iucateque.

- não, não, não, não, não!! Maya!! Acorde! Eu não vou te deixar morrer!!! - Namor falou para mim enquanto me segurava em seu colo.

Chánza saiu para o lado de fora com o bebê. Attuma e os outros se aproximaram tentando entender o que estava acontecendo. Ela apenas balançou sua cabeça em negação. Todos entenderam o que aquilo significava. Meu filho chorou e seu choro encheu a caverna submersa.

- curandeiro, eu quero que vá agora mesmo, desça até Talokan e diga ao xamã Akbal que eu estou ordenando a presença dele aqui agora!!! - Namor falou sério para o curandeiro que saiu imediatamente.

- Maya..minha Maya...eu juro pela minha vida que você não vai morrer. Não hoje! Nós temos uma vida linda para vivermos juntos, criar o nosso filho e governar juntos Talokan! - Namor falou para mim enquanto suas lágrimas caiam pesadas sobre mim.

o xamã Akbal chegou e vendo a situação, ele se aproximou de mim e tocou em minha testa devagar. Ele sentiu que minha pele estava aos poucos ficando fria. Ele colocou a cabeça em meu coração. Percebeu ali que meus batimentos cardíacos estavam enfraquecendo.

- Akbal Beet le ba'ax yaan meentik! (Faça o que deve ser feito!)

- Yaan in meentik in páajtal Ku'kul' kan. Ba'ale' yaan in meentik. Jach t'ona'an! (Eu farei meu possível Ku'kul'kan. Mas adianto. Ela está muito fraca!)

Namor assentiu para Akbal e saiu do meu aposento deixando sua confiança nas mãos do xamã. Ele tinha conhecimentos na arte da magia, cura e artes de adivinhação. Namor saiu para fora e pegou nosso filho dos braços de Chánza.

- Yuumbo'otik tuláakal le áantaj yéetel le áantaj in waal. Teech jump'éel sirviente leal. Mantats' Ka'na'anech in eterna gratitud (Obrigado por toda o apoio e ajuda minha criança, você é uma serva leal. Sempre terá a minha eterna gratidão.) - Namor falou e encostou a sua cabeça na cabeça de Chánza.

- Mantats' a serviré (eu sempre o servirei meu  Príncipe!) - Chánza respondeu e se afastou um pouco.

Namor olhava seu filho que dormia em seu braço, aconchegado no pano quentinho. todos ali se aproximaram dele e fizeram o símbolo de Talokan. Namor sabia que tinha que ser continuar forte e firme independente do que acontecesse pois, ele tinha o seu povo para governar. E agora mais ainda pois ele também era pai.

- Tu juro, paal áanteni', a na' mix bik'iin u kíimil! (Eu juro, meu filho que sua mãe não vai morrer!)

Namora e Attuma se aproximaram e olharam para o pequeno nos braços do pai.

- ele é perfeito Ku'kul'kan! - Namora falou o olhando.

Namor apenas assentiu. No quarto aonde eu estava, Akbal fazia algumas pinturas em seu corpo e em sua língua nativa proferir a palavras que apenas o oceano entendia. Ele pegou em minha testa e arrancou um fio de cabelo meu e colocou em sua cumbuca onde já havia um líquido viscoso e azulado ele também pegou a pulseira que pertencia a Fen, a mãe de Namor, e arrancou dois fios da pulseira e macerou no líquido azulado e ali ele começou a invocar o poder de Chaac. O deus da chuva, renovando assim uma vez mais o mesmo ritual feito por seu avô o xamã que fez com que a mãe de Namor ingerisse a poção feita da planta que havia salvado Talokan, e que era a mesma da qual havia feito a pulseira.

A porção da nova vida havia sido preparada e estava em um tom mágico azul cintilante. Akbal saiu do lado de fora e se aproximando de Namor, pegou o seu punhal e cortou a mão de seu príncipe. Seu sangue jorrou dentro da cumbuca se misturando ao líquido azul cintilante. Akbal se aproximou de mim deitada em minha cama já quase perdendo meu último fôlego de vida. e então, abriu minha boca devagar fazendo com que eu ingerisse o líquido.

O líquido amargo desceu em minha garganta e escorreu para dentro do meu organismo. Ali, eu que já estava aos poucos desfalecendo, senti o último resquício de vida indo embora de meu corpo. Ali, em cima daquela cama, o xamã inundou meu quarto com seus incensos e rezas em sua língua mãe.

Nos braços de Namor do lado de fora, o nosso filho começou a chorar. Namor se empenhou para acalmá-lo. todos estavam admirados com o que estava acontecendo ele próprio estava tentando ser forte porém sabia que minhas chances de sobrevivência eram mínimas principalmente depois do parto difícil que tive, acabei sangrando mais do que deveria meu corpo e minha existência estavam fracos. Não havia mais nada a ser feito além de colocar todas as suas esperanças na porção feita pelo xamã. Depois de alguns minutos, enquanto Akbal me olhava em silêncio talvez olhando se meu corpo reagiria a poção, minha hemorragia estancou. Meus cabelos ficaram em um tom de preto totalmente brilhoso e único, minha pele começou a ficar azulada e então de uma vez eu abri os meus olhos.

Rapidamente por um impulso involuntário do meu corpo, eu suspirei profundamente tentando tomar fôlego e me sentei na cama olhando Akbal ali diante de mim que me olhava sério eu então devagar me levantei quando meus pés tocaram no chão, o Tom azulado que agora tinha em minha pele foi desaparecendo aos poucos e meu tom de pele natural agora se fazia presente. O xamã veio até mim e encostou a sua cabeça sobre a minha.

- Ko'olelo'. Fen tu yu'ubaj a jela'antak! Bienvenido ti' jump'éel túumben kuxtal! (Minha senhora, Fen ouviu as suas preces! Seja Bem vinda a nova vida!)

Eu estava me sentindo totalmente diferente não sabia explicar como mas eu sentia a grande diferença em meu corpo.

- Tu'ux yaan in waal?(aonde está o meu filho?) - perguntei-lhe.

Akbal apenas fez o símbolo de Talokan e depois apontou o dedo na direção do lado de fora.

Eu saí para o lado de fora do meu aposento e todos os servos que estavam ali me olharam admirados. cada um deles fez símbolo de sua nação para mim e aos poucos foram se ajoelhando. Namor me olhou com seus olhos cheio de lágrimas e veio em minha direção segurando o nosso filho. ele chegou até mim e beijou minha testa suspirando profundamente e depois desceu para meus lábios eu olhei para o meu filho embolado em seus braços ele sorriu para mim e depois me deu para que eu podesse segurá-lo. Eu beijei a testa do meu filho e as lágrimas começaram a cair eu estava muito emocionada.

- In maaya, mix dudé ti' teechi! (Minha Maya, eu nunca duvidei de você!) - Namor falou para mim que apenas sorri e encostei nossas testas uma no outro.

Todos do lado de fora ao nosso redor começaram a comemorar entre si tudo que estava acontecendo.

Mares Do Destino (Con La Brisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora