Ku'kul'kan

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Alguns dias se passaram depois de tudo. Namor em nenhum momento veio me procurar. No final eu apenas estava na espectativa de que de alguma forma ele me encontrasse. Só que isso não aconteceu. Eu então entendi que apenas aquele silêncio, já era a resposta que eu estava esperando. Namor tinha esquecido de mim, de tudo o que vivemos, mas principalmente...do nosso filho que agora existia. Eu estava a cada dia entristecida, porém eu me cuidava da forma que eu podia.

Já havia completado três meses completos. E minha barriga agora já havia se tornado visível. Eu tentava a todo custo ser forte pelo meu filho, só que, estava sendo muito difícil para mim admito. T'challa, Shuri, Nakia e a rainha Ramonda sempre falavam comigo pelas contas kimoyo. Eu sentia muita falta deles, da rotina que eu tinha. Porém infelizmente eu nada podia fazer. Eu retornaria para Wakanda depois que a poeira abaixasse. Só que ainda estava tudo muito recente.  realmente só estava precisando de algum tempo para mim mesma. Minha avó Cármen já sabia de tudo, ou quase tudo. Eu havia contado a ela que enquanto estive em Wakanda, eu conheci alguém muito especial, e que infelizmente não tinha dado certo. Ela me apoiava da forma que ela podia, sempre ao meu lado me dando todo amor, carinho e cuidados que eu precisava.

                  ***

Era um dia ensolarado. Eu estava ajudando a minha avó com alguns afazeres de casa.

- Maya, por favor se for estender as roupas no varal tome cuidado. Não pegue muito peso. Pode fazer mal ao bebê! - minha avó gritou da cozinha.

- não se preocupe vovó, eu ficarei bem! - respondi e enchi a bacia com algumas roupas molhadas.

Eu saí para fora devagar e fui estender as roupas no varal. Eu senti de alguma forma que estava sendo observada, mas não sabia se era a minha intuição gritando, ou se era apenas loucuras da minha cabeça. Porém, eu espantei esse pensamento e voltei até a lavanderia para pegar mais algumas roupas. Assim que saí para fora, eu estendi um lençol e então do nada, assim que me virei, eu dei de cara com alguém que estava ali de pé me olhando silenciosamente.

- meu deus... - falei totalmente estática o olhando. - o que você...como?? - perguntei espantada e coloquei a mão em minha boca.

- rs...o como, não é tão importante quanto o por que não é... Maya Ruiz?

Assim que escutei o som da voz dele, uma eletricidade me invadiu, e pela primeira vez naqueles três meses, meu bebê se mexeu dentro de mim com força me fazendo tocar no meu ventre. Parecia de certa forma que ele já conhecia a voz...do pai dele.

Sim. Namor estava ali na minha frente, me olhando calmamente. Eu não sabia como ele havia chegado ali, e nem como tinha me achado.

- olhe só para você Maya...meu filho! ele...cresceu tão rápido! - Namor falou sorridente e encheu seus olhos de lágrimas enquanto olhava minha barriga.

- o que está fazendo aqui Namor? - perguntei o olhando séria ainda com a mãe em meu ventre.

- eu vim por você. - ele respondeu.

- eu te esperei. eu te esperei todos esses dias, senti sua falta, falta do seu cheiro, dos seus beijos, do seu carinho...mas você não estava aqui comigo!

- eu tirei todos esses dias para pensar, refletir sobre tudo o que aconteceu, e creio que você mesma também fez o mesmo.

- sim. E eu teria feito novamente caso fosse necessário. Como você me achou? Como conseguiu chegar até aqui? - perguntei o olhando.

- Shuri.

- ah obrigada Shuri... já vi que contar um segredo a ela é o mesmo que espalhar algo no jornal da tv! - falei e passei a mão pela minha testa.

- não a culpe. Ela apenas queria ajudar a resolvermos nosso conflito. - Namor respondeu.

Mais uma vez, meu filho se mexeu novamente, me fazendo sorrir.

- ele está se mechendo?? Eu gostaria de... - Namor falou tentando se aproximar devagar.

- Venha...- eu falei enquanto ele se aproximava de mim.

Eu levei as mãos de Namor até meu ventre e o fiz sentir nosso filho que se mexia devagar. Namor sorriu feito bobo.

- Nesses três meses, ele não havia mexido. Foi apenas ouvir sua voz que ele... - falei e sorri para Namor.

nós nos olhamos e involuntariamente nos aproximamos devagar. Porém, antes de encostamos nossos lábios...

- Maya! Oh pelos deuses Maias! - minha avó falou totalmente estática com as duas mãos na boca. Ela estava a poucos centímetros de mim e Namor. - Ku'kul'kan! O deus serpente emplumada! É mesmo, você???

Namor e eu olhamos minha avó ali totalmente surpresos. Como, e de onde ela conhecia Namor?

Mares Do Destino (Con La Brisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora