Lembranças

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- a senhora me conhece? - Namor perguntou a minha avó pensativo.

- sim, claro que o conheço! - minha avó falou enquanto o olhava ainda surpresa. - eu sempre soube que você existia Ku'kul'kan!

- vovó?? - perguntei totalmente perdida.

- Maya... Ku'kul'kan é o pai do meu bisneto? - minha avó perguntou emocionada.

Namor e eu nos olhamos. O jeito como nos olhávamos enquanto ele ainda tocava em minha barriga, foi o suficiente para que minha avó entendesse o que com o silêncio de nossos olhares, não precisava ser falado.

- venham comigo. - minha avó falou e devagar caminhou entrando para a sua casa.

Nós fomos logo atrás dela. Assim que entramos, minha avó estava sentada no sofá com algo em mãos. Nós nos sentamos no sofá enquanto Namor olhava tudo admirado.

- sua casa parece bem aconchegante. - ele falou e olhou minha avó.

- com certeza não deve ser tão aconchegante quanto a sua nação submersa. - ela falou para ele e sorriu.

- desculpe perguntar mas...de onde a senhora me conhece? - Namor perguntou perdido enquanto eu apenas observava os dois calada.

- vovó, sei que a senhora sempre foi cheia de mistérios mas, de onde a senhora conhece Namor? Como a senhora sabe sobre Talokan? eu não estou entendendo! - falei enquanto fazia carinho em meu ventre. O bebê mexia devagar, mas não sei por que estava inquieto.

Minha avó pegou aquilo que tinha em mãos. era um álbum de fotografias da nossa família. Ela mostrou uma foto de uma garota pequena ao lado de dois adultos um homem e uma mulher. Pela semelhança...

- vovó, essa é... você?? - perguntei perdida.

- sim Maya. - minha avó falou e nos olhou com mistério em seu olhar. - Esta menina, sou eu ao lado dos meus pais em 1964. Eu tinha apenas doze anos na época.

- 1964? - Namor perguntou.

- sim. - ela respondeu enquanto ainda nos olhava misteriosa. - eu sei que pensa que somos de nacionalidade espanhola por morarmos aqui Maya, mas na realidade nós não somos. Meus pais seus bisavós Maya, são nacionais do  México.

- o que? Como assim vovó? - perguntei surpresa.

- seus bisavós Maya. meu pai era da cidade do México, e minha mãe do vilarejo dos descendentes dos Maias na península de Yucatán. meu pai era médico e ele conheceu a minha mãe quando foi fazer um trabalho voluntário na aldeia dela. eles se apaixonaram e se casaram. algum tempo depois eu nasci. O meu pai seu bisavô, amou tanto o local aonde a minha mãe havia nascido que ele acabou largando tudo na cidade dele e veio morar com minha mãe na aldeia dela. ele não queria que minha mãe deixasse seus parentes e viesse para a cidade grande. ele respeitava muito a cultura dela. Eles me criaram Maya na aldeia junto de todas aquelas pessoas simples e humildes, mas que tinham muitos ensinamentos para passar. Quando eu cresci, com apenas 18 anos, me mudei para a capital para estudar na faculdade. Meus pais queriam que mesmo sendo de uma aldeia humilde, eu tivesse toda a oportunidade de estudo e trabalho. e foi então que lá, eu conheci o seu avô. Ele era um bom homem. nós nos apaixonamos. Ele também era mexicano nascido e criado na Cidade Do México. e quando ele terminou a faculdade dele, ele logo foi contratado para trabalhar aqui na Espanha. como nós já estávamos noivos na época, decidi vir com ele depois dele ter ido pedir minha mão pessoalmente aos meus pais na aldeia. Nosso primeiro casamento foi lá junto deles segundo o costume do meu povo. depois que chegamos aqui na Espanha, foi que nos casamos no cartório, assim que nós dois chegamos. Dois anos depois minha querida, a sua mãe nasceu. Na aldeia em que fui criada, nós tínhamos nossas crenças e costumes. minha mãe sempre me falava que a bisavó dela, sempre via um homem com asas nos pés e com orelhas que apontavam para as nuvens na praia a guardar e proteger, os que moravam ali perto. nosso povo o cultuava como o Ku'kul'kan. O Deus serpente emplumada.

Mares Do Destino (Con La Brisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora