Mares Do Destino (Con La Brisa)

Distância

Eu cheguei no laboratório ao raiar do novo dia. Já eram exatamente seis da manhã, quando olhei em meu relógio. Eu fui até minha mesa e me sentei nela. Shuri entrou e me viu ali cabisbaixa sentada.

- Maya? Nossa! Por que chegou assim tão cedo hoje? - Shuri perguntou me olhando sem entender.

- Shuri... - eu a olhei e ela viu minha expressão cansada.

- Maya... você não parece bem. - ela falou e veio se aproximando de mim. - o que aconteceu?

- Shuri eu... vim me despedir. - falei a olhando séria.

- despedir? Como assim do que está falando?

- Eu... vou voltar para Tenerife Shuri. Não posso mais ficar aqui.

- não. Espere aí... me conte o que está acontecendo, eu não estou entendendo Maya!

- Shuri, Namor descobriu da pior forma que eu sou espanhola. Ele não me aceita por isso, e pior ainda, o orgulho dele é tão grande que ele nem sequer ousou pensar no filho que vamos ter! - falei e as lágrimas desceram pesadas.

- Maya, precisa colocar a cabeça para pensar um pouco, você está fugindo?? E se, ele vier atrás de você? E se ele tentar atacar Wakanda novamente?!

- por favor, Shuri eu não irei embora daqui. eu larguei minha vida em Tenerife pra vir pra cá por vocês, por ele! Por favor, a única coisa que peço a você é que me leve até a casa da minha avó, eu prometo que voltarei depois que estiver com a cabeça em ordem novamente. Eu só, preciso de uns dias pra pensar por favor!

- mas Maya... - Shuri falou perdida e confusa.

- por favor Shuri, por favor! - falei com meus olhos pesados.

Shuri viu o estado em que eu estava. Eu praticamente a implorei tanto, que mesmo ela sabendo que aquilo era errado, pediu a uma nave que fosse me deixar na casa da minha avó. depois de me despedir dela antes que todos vissem, a nave partiu comigo porém, ela havia deixado algumas coisas do laboratório comigo, que prometi manter sempre contato. eu voltaria para Wakanda novamente mas precisava apenas ficar alguns dias com minha avó. aqueles dias longe de tudo seria o suficiente até mesmo para que Namor se decidisse se ainda iria querer a mim e o nosso filho perto dele. eu não queria fazer aquilo, mas como ele não se decidia e resolveu me dar o tratamento do silêncio, aquela foi a única forma que achei segura sem que um de nós dois nos machucássemos cada vez mais.

              ***

A manhã amanheceu tranquila. Namor, depois de todo aquele fim de semana sem me ver ou falar comigo, finalmente tomou coragem para ir até mim e claro, me deixar no laboratório pois eu iria trabalhar na manhã seguinte. Todo o fim de semana, sem falar comigo ou sentir meu toque e meu cheiro ao lado dele na cama, o deixava em desespero por dentro. Porém ele era muito orgulhoso. e isso, foi o que me machucou mais. Namor caminhou até meu quarto e bateu na porta. Vendo que eu não respondia, ele entrou e se deparou com o meu aposento vazio. Ele entrou sentindo o cheiro do meu perfume e quando olhou para a minha cama, viu aquilo que de imediato o deixou estático. O anel de noivado que ele havia me dado, em cima da cama abandonado. Eu havia ido embora e virado as costas para ele sem despedida, sem explicação. Aquilo gerou nele, um choque tão grande que o fez sair dali rapidamente e pulou na água, desaparecendo em seguida.

                      ***

Em Tenerife, eu havia chegado com a nave. Ela me deixou no quintal da minha avó e depois partiu. Eu fui até a porta e bati. Minha avó surgiu radiante como sempre e correu indo abri-la para mim quando viu que era eu. ela me abraçou me encheu de beijos, pois mesmo estando em comunicação muitas vezes comigo graças a tecnologia, ainda sim nós sentíamos muita falta da presença uma da outra. Depois de ter preparado um chocolate quente com a minha torta preferida que só ela sabia fazer para me mimar, ela criou coragem e decidiu quebrar o silêncio.