Ali eu estava mais uma vez. Diante do cais do porto da minha cidade natal, a observar mais uma vez, aquilo que unicamente, eu odiava e amava ao mesmo tempo com uma voracidade tão distinta. Acho que eu era talvez, a única pessoa da face da terra que talvez sentisse aquela indecisão entre temer e odiar, e também amar e elogiar aquilo que estava há milênios, antes mesmo de eu nascer, diante de meus olhos. O oceano...
Desde uma tragédia que marcou a minha vida para sempre, eu sempre tive receio, medo e uma raiva contida do mar. A perca de meus pais havia sido muito dolorosa para mim. Porém, já haviam passado muitos anos e eu quase não me lembrava mais desse infeliz incidente. Quando aconteceu isso, eu tinha apenas cinco anos de idade. Meus avós paternos terminaram de me criar. Eles me deram todo o amor, educação e cuidados que eu precisava.
E agora já com meus vinte e seis anos, ali estava eu tão hipnotizada o olhando enquanto acompanhava um dos vários por-do-sol que eu sempre costumava ver quando saia do trabalho ao final de cada tarde.
- ah! Eu te odeio por tê-los tirado de mim! mas...ao mesmo tempo... eu também te amo! - falei e sorri para o mar a minha frente. Uma leve brisa marítima veio e bagunçou meus curtos cabelos pouco acima de meus ombros.
Minha casa ficava há apenas duas quadras de distância do meu trabalho. Eu de uma certa forma que não conseguia explicar, me sentia conectada com o oceano. Eu acabei andando devagar e fui até a praia onde deixei minhas coisas sobre a areia. Retirei as minhas sandálias e descalço, pisei na areia da praia. Como era maravilhosa aquela sensação! Fui até a beira da água salgada. Fechei meus olhos e me concentrei. Senti o cheiro do mar a minha frente. Era surreal a forma como eu me sentia tão atraída, tão conectada com aquela imensidão azul.
Eu não sabia o por que mas era como se as vezes ele estivesse me chamando. E eu fazia parte do mar...
- por que você me atrai tanto? Por que eu me sinto parte de você?? - eu perguntei ao mar e ele me respondeu.
Do nada, diante de meus pés mergulhados na areia molhada, as ondas do mar me trouxeram algo no mínimo curioso. Algo que eu não sabia o que era, mas que brilhava bastante. Eu me abaixei e peguei aquilo em mãos. Era um pequeno objeto trazido para mim pelas ondas marítimas. Eu não sabia o que era aquilo exatamente. Porém, parecia ser uma espécie de pingente. Era uma serpente com a cabeça cheia de plumas. Aquele pingente cabia na palma da minha mão.
Eu fiquei ali quase hipnotizada olhando aquilo e do nada, o vento do mar soprou forte sobre mim, me fazendo me arrepiar toda. Escutei quase como um eco distante na minha cabeça, chamando por meu nome.
(- maaayaaaa...)
Despertei do meu quase transe quando do nada, uma moça africana gritou me chamando.
- Eeiii!! Moça! ele está levando a sua bolsa! - eu de repente olhei na direção das minhas coisas. Tinha um rapaz com a minha bolsa em mãos.
- Eeiii!!! Larga as minhas coisas! - gritei para ele porém ele correu.
Eu rapidamente coloquei o pequeno pingente no bolso da minha calça e corri atrás dele. A moça correu mais rápido e o alcançou. Porém, ele a empurrou e sacou uma arma contra ela.
- sua macaca preta, esse é o seu fim!!! - ele falou e de repente, não sei como mas rapidamente consegui a alcançar e ele disparou contra ela.
Eu me joguei na frente daquela moça e acabei sentindo o disparo contra o meu braço direito. Caímos juntas sobre a areia e ele saiu correndo com a minha bolsa em mãos, escapando assim sem mais nem menos.
- mas que droga! Moça, ah pela deusa Bast! Você está bem?? - a moça ao meu lado falou muito preocupada me levantando logo em seguida.
- tudo bem, tudo bem, eu...estou bem! Não se preocupe! - Falei e sorri para ela.
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Mares Do Destino (Con La Brisa)
Fiksi PenggemarAli eu estava mais uma vez. Diante do cais do porto da minha cidade natal, a observar mais uma vez, aquilo que unicamente, eu odiava e amava ao mesmo tempo com uma voracidade tão distinta. Acho que eu era talvez, a única pessoa da face da terra que...