¹ | apartamento 69

650 49 5
                                    

NOVA YORK, 2010

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

NOVA YORK, 2010.

MAYA AUGUSTINE☆

MINHAS COISAS JÁ NÃO ESTAVAM MAIS no apartamento da minha melhor amiga, Ivy. Há um tempo eu venho planejando me mudar para o centro aonde eu poderia ter mais chances de conseguir alguma oportunidade na gravadora de Nova York. Mas é só que, morar na cidade grande mais movimentada não é sempre uma boa solução para uma garota como eu.

Em nenhum momento da vida planejei estar como agora, com mil caixas nos braços tentando a todo custo não pedir ajuda a ninguém para pelo menos levar até o elevador.

Ao invés de conversar com os outros eu prefiro fazer tudo do meu jeito e não incomodar ninguém com as minhas tolices.

Meu apartamento novo se localizava em um dos melhores prédios da vizinhança, fiquei muito feliz assim que notei o quão longe eu cheguei para estar agora segurando uma chave que é totalmente minha nas mãos.

Estou vivendo um verdadeiro conto de fadas.

Ou talvez não.

Meu pessimismo cresceu quando me deparei com a cena na porta do meu novo apartamento. A porta com os números *6.9* estava interditada por conta de um homem de - acredito eu - ter a minha idade, que estava completamente apagado.

Em nenhum momento da minha vida eu pensei que encontraria um cara falecido no meio de um corredor que era para apenas dar uma nova etapa no meu caminho. As vezes o nosso destino nos surpreende.

Deixei minha caixa de livros ao lado dos meus pés e observei aquele corpo jogado a minha frente. Analisei aquelas suas roupas enormes, parecia um moleque olhando assim de perto. Ele tinha tranças pretas no cabelo e um piercing no lábio esquerdo da boca. Era mesmo um rapaz novo que provavelmente errou bem feio na hora de achar seu apartamento.

Ótimo jeito de chegar ao prédio. Com um cara que pode ser um louco bem na minha porta.

━━ Moço? ━━ Cutuquei sua mão com o bico da minha bota de couro ━━ Garoto do piercing?

Eu não queria chegar muito perto. Ele podia estar fingindo e poderia me agarrar em um momento que eu menos esperasse. Ou ele poderia ser um doido e essa era sua tática pra pegar mulheres indefesas.

━━ Olha, eu sei que sua ressaca deve estar horrível ━━ O cutuquei mais uma vez ━━ Mas acho que...Aí! Maluco!

Sua mão agarrou minha perna e em um ato de segurança peguei um dos meus livros e joguei diretamente no seu antebraço tão fortemente que as folhas chegaram a amassar e o cara no chão deu um grunhido de dor.

━━ Qual o seu problema? ━━ Gritou ele, colocando a mão sobre o machucado que eu havia acabado de fazer.

━━ Você me agarrou!

━━ E você jogou um livro em mim!

Ele pegou o livro do seu colo e apontou em minha direção, foi aí que seus olhos encontraram os meus. Agora que seu rosto parecia, de alguma forma vivo, depois de pensar que ele já estava em outro mundo quando o encontrei, ele me parecia um cara completamente diferente da primeira visão que tive. Parecia completamente cansado e exausto após eu o acordar com um susto desses.

Seus olhos eram escuros e me olhavam profundamente enquanto se levantava aos poucos, sua boca entreaberta soltou alguns grunhidos cada vez que ele fazia um movimento brusco e aquele piercing foi movimentado pela sua língua assim que ele me olhou por inteiro. Seus lábios se formando em um sorriso de lado quando estendeu a mão.

━━ Era meu livro favorito ━━ Murmurei.

Peguei o livro das suas mãos e toquei as folhas com cuidado que agora estavam todas amassadas por conta da violência que o joguei. A capa dura agora tinha alguns amassados também.

É como um tiro no peito.

━━ Assim você aprende a não jogar livros em pessoas desconhecidas.

Olhei irritada para o garoto a minha frente. Como ele tem coragem de dizer algo assim? Ele queria que eu reagisse como após pegar minha perna daquela forma brutal? Eu pensei que ele fosse algum louco! E para falar a verdade, ainda acho!

━━ Se me der licença, preciso entrar no meu apartamento que antes tinha um corpo jogado e eu não pude ultrapassar.

━━ O corpo jogado tem nome e sobrenome ━━ Ele balbuciou, passando a mão nas suas roupas amassadas ━━ Você é nova? Nunca te vi por aqui.

━━ Olha, por que estava praticamente morto no meu apartamento e agora está puxando papo comigo? ━━ Cruzei os braços em sua direção ━━ Você deveria, ao menos, me dar alguma explicação já que pelo jeito vou ter que me acostumar com homens dormindo no corredor do meu novo prédio.

━━ Há! Então, você se mudou recentemente!

Revirei os olhos decidida a não dar nenhuma moral para aquele maluco.

Ajeitei minha caixa no chão e coloquei o livro amassado sobre os outros milhares livros de romance e fantasia. Esses eram os meus gêneros literários favoritos! Desde pequena sempre fui fanática pela fantasia e, muitas vezes, o mundo de um conto de fadas. Mas é claro que o romance nunca pode faltar. Eu vivo a base de livros românticos.

━━ Voltei de uma festa ontem e não me lembro de muita coisa, apenas que pensei estar no meu apartamento quando acabei deitando sobre o chão do corredor.

━━ Você ainda está aqui?

Minha pergunta fez o homem dar de ombros, ele estava com as mãos no bolso e encostado sobre a parede branca lisa do corredor. Brincava com seu piercing no lábio e tinha sua total atenção em mim.

━━ Você perguntou e eu respondi.

━━ Certo. Agora já pode ir embora.

Dei um sorriso para ele e voltei ao que estava fazendo, tentando procurar minhas chaves naquela enorme bolsa que sempre guardo todas as minhas necessidades.

━━ Está procurando isso?

Olhei para trás novamente vendo as minhas chaves do apartamento nas mãos daquele homem maluco! Como diabos ele está com as minhas chaves?

Mas que merda!

━━ Você deixou cair quando jogou um livro em mim ━━ Deu ênfase na parte do livro, sorrindo como o diabo ━━ De nada!

Ele jogou em minha direção e eu fui rápida em pegar o molho de chaves no ar, saiu andando para o meu lado direito aonde haviam outras portas provavelmente de outros apartamentos iguaizinhos ao meu. Acenou para mim com um leve toque de cabeça e, com as mãos no bolso, pegou uma chave e abriu a porta ao lado da minha. Porra. Ele é meu vizinho?

Essa definitivamente é a coisa mais louca que já me aconteceu em apenas uma manhã.

★★☆★★

Primeiro capítulo! Espero que tenham gostado.

bjss, mivy

Wish you were sober - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora