¹³ | You heard me, right?

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Deixei minhas ideias no papel amarelado do meu caderno e respirei fundo sentindo o vento gelado tocar meus ombros nus. Me sentei na cadeira de praia e observei a piscina com poucas pessoas ao redor. Poucas pessoas do prédio sabem apreciar o lazer incrível que a área da piscina trás.

Observei algumas garotas tomarem sol e alguns caras jogarem vôlei na piscina, a água cristalina trazendo dor aos meus olhos por conta do reflexo.

Observei mais uma vez as frases desconectadas da minha nova música e percebi o quanto eu estava sem criatividade para compor. Desde aquela noite sinto como se não houvesse nada na minha mente há não ser as lembranças de um cara famoso em cima de mim.

Não tive coragem o suficiente para contar a Ivy sobre minha noite com o de tranças, ela estaria surtando e faria uma festa por eu ter pegado um cara depois de muitos anos sem beijar. Ou pior, de eu ter ido para cama com ele sem pensar nas consequências que ficariam.

Consequências. Não o vi desde aquela noite, ele saiu logo após tudo acontecer. No meio da madrugada, ele foi para o seu apartamento com a desculpa que seu irmão poderia aparecer por lá e não o encontrar.

Não dormi a noite inteira pois minha mente me alertava a cada segundo que eu fui apenas um passatempo para a sua noite fria e solitária.

O vinho que ele deixou e as marcas no meu corpo foram as únicas coisas que sobraram da nossa noite, e também, minhas memórias inquietas.

Olhei para cima ao perceber uma sombra tirando todo o calor dos raios de sol na minha pele, apertei os olhos vendo uma silhueta alta bem à minha frente.

- Não imaginei encontrá-la aqui.

- Acho que sou eu quem deveria estar mais surpresa.

Um sorriso apareceu em seu rosto e ele sentou-se na cadeira ao meu lado. Consegui observar melhor seus cabelos arrepiados, mas desta vez, pela primeira vez desde que o vi, ele estava sem maquiagem.

Vestia apenas um calção largo e tinha óculos escuros presos no seu cabelo os colocando para cima de sua testa. Ele estava tão diferente.

- É ótimo vê-lo, Bill. - Me ajeitei na cadeira e joguei meu corpo para o lado para olhá-lo - Desde a festa não conversamos.

Ele sorriu de canto, inclinando-se para frente em um gesto calmo e sem perceber.

- Aconteceu muita coisa nesses dias, estou de cabeça cheia - Ele colocou os cotovelos nos joelhos - Mas me diz, o que tem feito? Vamos colocar tudo em dia.

Imagens minhas com o irmão gêmeo dele apareceram na minha mente como um filme, apenas imagens de prazer e tudo o que ele me fez sentir em apenas uma noite. Sensações que estão na minha pele desde que ele tocou em mim, todas as pontilhadas e cada parte que aproveitou.

- Ah...minha semana foi um pouco parada - Guaguejei e abaixei o olhar - Sabe como é, estou me acostumando com a cidade.

Observei alguns garotos gritando como animais na piscina e tentei me distrair para não ter que encarar Bill nos olhos, olhos penetrantes como os de seu irmão - os quais não quero me lembrar.

- Preciso que conheça o estúdio da banda, quero te levar algum dia.

Ele falou isso com uma animação que tive que sorrir, nossos olhares se encontraram e me esforcei para um rubor vermelho não tomar minhas bochechas. Pois ele estava sorrindo como um grande cavalheiro e parecia ansioso com a ideia de me levar até o seu aconchego com os garotos da banda.

- Quinta-feira a noite estaremos ensaiando para uma gravação para a rádio - Ele começou, abaixou o olhar para suas mãos próximas às minhas - Se me permite, gostaria que fosse. Posso te buscar no seu apartamento e encontraremos todos lá.

Wish you were sober - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora