1 - O Homeopata

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O suor escorria de sua testa quando despertou. Arrancou a manta de cima de suas pernas e praguejou baixinho quando esbarrou no pé da cama em sua busca cega até porta do banheiro. Infelizmente não chegou a tempo ao vaso e assim que cruzou o beiral da entrada seu vômito encharcou os próprios pés. Apoiou-se na parede quando seus joelhos fraquejaram e rastejou no escuro até a louça.

Jamais conseguiria levantar pra alcançar o interruptor. Se fosse sincera consigo mesma, Hermione admitiria que sentia falta de uma varinha em momentos como esse. Suspirou.

Uma nova onda de náuseas a atingiu e ela deslizou a cabeça para dentro do vaso. Quando terminou, o gosto amargo da bile inundou sua boca. Tateou cegamente em busca da ducha na lateral dele, ao encontrá-la encheu sua boca de água, cuspindo em seguida.

Percebeu as mãos trêmulas quando seus olhos se acostumaram com a falta de luminosidade. Rastejou mais um pouco até encostar na lateral da banheira. Baixou a cabeça dentro dela e apertou o acionador da ducha mais uma vez para molhar seu rosto e cabelos. A água fria varreu o suor de sua pele e ela se sentiu levemente melhor.

Não calculou o tempo que ficou ali, em meio ao vômito espalhado no chão que agora se misturava com a água que pingava do próprio cabelo. Tentou se levantar mais uma vez, desistiu quando uma tontura lhe atingiu com tamanha agressividade que ela estagnou a tentativa de ficar de pé e apenas se arrastou pra dentro da banheira. Respirou fundo e puxou as pernas para junto de si. Um punhado de lágrimas alcançando seus olhos quando percebeu a fraqueza de seu corpo.

Não fazia ideia de quanto tempo depois ela ouviu uma voz ao longe lhe chamar.

— Hermione? — Era uma voz feminina e parecia muito distante.

Vagarosamente tentou abrir os olhos, uma claridade absurda não deixou que conseguisse. Sua consciência aos poucos foi se dando conta dos barulhos ao seu redor. Passos apressados. Discagem telefônica e uma voz logo acima de sua cabeça que parecia preocupada.

— Eu já a encontrei assim... não sei... você pode vir ou não, seu idiota?

Hermione finalmente conseguiu abrir os olhos e deixou escapar um murmúrio baixo quando seu corpo reclamou ao esforço dela de se colocar mais confortavelmente no espaço onde estava. Que cama desconfortável — Pensou.

A dona da voz provavelmente ouviu seu gemido porque na mesma hora ela soltou o telefone, abandonando a ligação com quem quer que fosse e veio ao seu encontro.

— Graças a Merlin!

E hermione se sentiu abraçada por um corpo esguio enquanto uma massa de cabelos ruivos fazia cócegas no seu nariz. Gina. Hermione a empurrou gentilmente numa clara tentativa de se soltar da mulher que tentava lhe colocar sentada na banheira. Uma sensação de embrulho no estômago, que nada tinha a ver com sua condição física, a invadindo novamente. A ruiva pareceu perceber.

— Eu sei que prometi, mas você não me deixou escolha.

Hermione a olhou feroz e tentou pôr-se de pé, sem sucesso. Muito a contragosto, aceitou a ajuda de Gina após a terceira tentativa frustrada de se levantar. Assim que a ruiva a colocou na cama, a campainha soou, anunciando a chegada de mais alguém ao apartamento.

Rony Weasley entrou em seu campo de visão e pela expressão em seu rosto, claramente estava ali por "livre e espontânea pressão". Hermione sentiu o olhar dele sobre ela e decidiu que não queria encará-lo, admirar as cortinas parecia uma tarefa muito mais atrativa.

— Então? — Ele dirigiu-se a irmã.

— Só preciso de ajuda para levá-la ao hospital. — Gina respondeu.

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