8 - Testes

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Na manhã seguinte, Severo entrou no quarto com um copo de suco vermelho vivo e alguns frascos de poções. Hermione dormia profundamente. Contemplou o rosto sereno dela, o esboço de um sorriso estampado no rosto, os olhos cerrados, e os lábios semi-abertos como se tivesse acabado de falar nos seus sonhos. Os cabelos esparramados sobre o travesseiro e o cobertor caído de lado, deixavam a imagem dela graciosa. Uma bagunça, mas graciosa.

Ele abriu a cortina bem de leve, permitindo que um pouco de claridade entrasse no quarto.

— Ah! — ela exclamou preguiçosa, quando a luz da manhã a atingiu. — Estou aqui, ainda.

— Você dormiu bem hoje. — ele disse sério, se aproximando.

— Pode-se dizer que sim. Se desconsiderar que eu sonhei que morria, e que era recebida no céu.

Severo sorriu com desdém enquanto oferecia as poções a ela.

— Você tem certeza que as pessoas que povoam o céu aceitariam você lá, Granger?

— Por que? Não acha que eu mereço ir para o céu?

— Ah, merece, Granger, se alguém neste quarto merece o céu, esse alguém é você. Só achei que se lembraria que as pessoas que foram para lá primeiro, queimam bruxas. — ele disse irônico.

Hermione suprimiu uma risada.

— Foi bom morrer aliás, mas eu sempre tinha pena de deixar a Terra. Espero que não seja realmente assim.

Um leve tremor atravessou o corpo dela quando ela bebeu a primeira poção.

— Lamento decepcioná-la em sua desesperada busca pela morte, Granger, — ele disse lentamente.

— Porque lamenta? — Ela perguntou enquanto tomava o segundo frasco.

Severo retirou a varinha das vestes e lançou o feitiço diagnóstico nela. As luzes laranjas piscaram sobre sua cabeça e Hermione desviou o olhar.

— Vai precisar ver isso, Granger — ele apontou alguns dos pontos coloridos em tons de um amarelo suave e outros tão claros que estavam quase brancos, eram poucos, mas nítidos. — Ontem pela manhã, todos ainda eram laranjas.

Ela piscou uma vez, muito devagar.

— Eu não entendo... O que mudou?

— Mudou depois da nossa interação. — Severo disse simplesmente.

— Você quer dizer — Hermione sentiu o rosto esquentar — depois que nós nos abraçamos?

— Sim, Granger, — confirmou — foi um teste para sua teoria, pelo visto, ela realmente funciona.

Era um teste? O estômago de Hermione despencou em desânimo. O que esperava sua idiota? Que ele tinha lhe abraçado só porque você estava lá toda chorosa e isso tocou o coração dele? Ele já deixou claro antes que não ia ajudá-la. Severo Snape não era do tipo sentimental e ela devia saber que as coisas não iriam mudar só porque teve uma crise de choro e ele foi educado com ela.

Hermione o encarou e por um instante, seus olhos se encontraram. O olhar de Severo estava indecifrável e ele o desviou tão rapidamente que ela não conseguiu estudá-lo.

— O que isso quer dizer? — ela disse, voltando a atenção para o feitiço diagnóstico que brilhava sobre ela.

— Quer dizer, que temos uma chance de equilibrar sua mágica. — ele respondeu.

— Você não me parece muito animado. Eu deveria ficar feliz?

— Você tem um vestido bonito?

— O quê? — ela perguntou confusa.

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