4 - Concessão para a partida

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— Espere, deixe-me ver se entendi direito, você está me dizendo que se ela não quiser sua ajuda, você vai simplesmente deixá-la morrer, é isso? — Draco perguntou incrédulo.

Severo confirmou. O loiro empalideceu.

— Mas você me disse, exatos dois dias atrás, que ia ajudá-la! — Ele parecia levemente desesperado, — Eu realmente esperava que você tivesse me chamado aqui para uma boa notícia, até que ela estivesse curada talvez. Mas está só me dizendo que vai dar a ela a possibilidade de escolher morrer, é isso? — ele gemeu.

Severo o observou. — Sabe Draco, estou quase convencido que você se importa com a Granger.

— Me importar com ela? Não dou a mínima para ela — Draco disse friamente — Me importo com minha própria pele que será arrancada por aquele trio abominável quando eu os comunicar que a amiga deles preferiu se matar. Você viu o que Potter me fez apenas por eu ter dito que a mulherzinha dele não podia mais visitá-la.

Severo olhou bem para Draco e o máximo que conseguiu fazer foi um pequeno aceno de cabeça antes.

— Não costumo tirar das pessoas as suas próprias escolhas, Draco.

— Escolhas? É estranho você falar sobre escolhas quando me impediu de fazer as minhas no sexto ano. Estava apenas cumprindo o voto com a minha mãe quando decidiu sabotar a minha tarefa junto ao Lorde das Trevas? — sussurrou Draco para ele — Porque lembro claramente que você não desistiu quando pedi que me deixasse em paz.

— São situações completamente diferentes. Não era uma escolha sua, nunca foi. E não, eu não teria desistido mesmo se não estivesse obrigado a ajudá-lo. E você devia ser grato por isso e não ficar remoendo a minha decisão do passado. — disse secamente.

Draco pareceu envergonhado em ter remexido no passado.

— Ela pode fazer uma escolha estúpida, você sabe.

Severo não falou nada, somente bebericou o seu chá.

— Você acha que ela pode realmente... escolher morrer? — completou o loiro.

Severo concordou com a cabeça, engolindo mais um grande gole da bebida quente.

— Mas... normalmente as pessoas costumam ter medo de morrer, podemos ainda torcer para que ela decida viver. — Draco murmurou.

— Você esqueceu que ela é uma típica grifinória. — Severo levantou uma sobrancelha irônica.

— Faça-a desistir, Severo. Se alguém pode fazer alguma coisa, esse alguém é você. — disse Draco em voz baixa. — Você enganou o Lorde das Trevas, pode fazer qualquer coisa.

Severo riu. — Você realmente está morrendo de medo de ser morto pelas mãos dos Potters. Ou não estaria me implorando para fazer com que ela viva.

O loiro suspirou. — A Granger é tipo uma deusa da inteligência para eles e eu realmente não faço ideia de como explicarei uma decisão tão burra, caso ela opte pela morte. Você não pode mesmo fazer nada?

— O que sugere que eu faça, Draco? Reze?

Draco não respondeu.

— Você já deveria ter percebido que, se alguém decide se tornar inalcançável, há muito pouco que qualquer pessoa possa fazer em relação a isso. — Snape pontuou.

— E dissuadi-la com argumentos inteligentes? Você disse que ela era um mini gênio, não acha que funcionaria? — Draco perguntou.

Severo refletiu um instante, não podia afirmar se conseguiria convencer Granger a não se matar, ele não a conhecia. Fazia anos que não a via e, sendo bem sincero, eles nunca se conheceram de verdade. Tudo que sabia sobre ela eram apenas as coisas relacionadas a Potter ou sobre a guerra, além é claro, da total incapacidade dela de se controlar para não respondê-lo em suas aulas. Definitivamente não conhecia Hermione Granger como pessoa.

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