6 - Chance

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Era uma manhã escura e fria quando amanheceu e Hermione acordou com a voz de Susan lhe chamando suavemente.

— Você já está com uma aparência melhor.

Hermione sorriu gentilmente em resposta enquanto ela ajudava-a a ir até a sala se acomodar no sofá. Testou a firmeza de suas mãos antes de aceitar o caldo fumegante que Susan lhe ofereceu. Segurou a vasilha bem junto ao nariz, absorvendo o cheiro. Parecia delicioso. Sorveu um pouco do caldo antes de olhar para a poltrona que Severo estivera e constatar que estava vazia. Susan entendeu a pergunta silenciosa.

— O seu médico... ele não é médico, é? O que ele é? Um tipo de farmacêutico? — Hermione confirmou com a cabeça. — Ele deixou avisado que passará à noite aqui. Não sei para onde ele foi, mas acredito que não muito longe, o tempo está horrível.

As duas olharam para a janela, lá fora, o tempo estava escuro, ainda nevava e a luz que entrava pela janela da sala de estar era dourada e suave. As duas ficaram admirando hipnotizadas os flocos de neve que caíam.

— Amanhã cedo, se o tempo melhorar, viajo para Rye. Natal em família. — Ela olhou para Hermione. — Você acha que vai ficar bem?

Hermione suspirou. Não se sentia tão mal como antes, mas dizer que estava bem, seria exagero. Independente disso, não estragaria o natal de Susan.

— Os remédios do Severo vão cuidar disso. Ele é um excelente profissional.

Susan pareceu soltar a respiração aliviada.

— Então... você se trata com ele há muito tempo? — perguntou.

— Sim. — Hermione respondeu automaticamente, ainda olhando para a neve caindo.

— Não entendo o porquê dele ter parecido tão resistente em vir até aqui de início, digo, se você já se cuidava com ele, era de se esperar que estivesse disposto a vir ajudá-la.

Hermione piscou e baixou os olhos para encarar o chão. Ela sabia exatamente porque ele resistiu.

— Eu... acho que foi porque eu... meio que abandonei o último tratamento...

Susan a olhou espantada.

— Mas porque? É óbvio que está com algo grave, olha só para você! — Ela suavizou a voz — O que eu quero dizer é: se acabou de dizer que ele é excelente, não foi uma boa opção abandonar os cuidados dele.

Eu teria que voltar a ser uma bruxa para ser curada. Hermione pensou, mas não podia falar isso para Susan e tentou inventar uma desculpa convincente.

— Eu...

Foi salva pela porta do apartamento que se abriu exatamente nesse instante e Severo Snape apareceu com uma pequena maleta e algumas sacolas a tiracolo. Entrou em silêncio, sacudindo os flocos de neve dos ombros.

— Você voltou. — Hermione disse antes que pudesse evitar.

Ele a olhou enquanto depositava as sacolas na mesa de jantar, desviando o olhar em seguida.

— Fiz um esforço para conseguir sair e encontrar alguma comida. O mau tempo fez com que as estradas ficassem muito perigosas.

Hermione o encarou por um momento, sabia que a parte da estrada podia até ser verdade, porém, Severo Snape não usava um veículo para se locomover. Seus olhos pousaram sobre as vestes trouxas dele: uma camisa branca abaixo de um suéter azul tão escuro que era quase preto faziam par com calças pretas, botas de neve também pretas completavam o visual junto ao cachecol da mesma cor. Hermione piscou os olhos para afastar a imagem da capa esvoaçante que faltava para completar o Snape que ela lembrava da época em Hogwarts.

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