Capítulo 6

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Qual o meu limite?

Observo as fotos de Pedro na parede de seu quarto. Tem uma imensidão de fotos. Fotos dele com um uniforme e todo engomadinho. Impossível não rir.

— Típico de playboy. — Comento. Ele levanta a cabeça e me encara confuso. — O garoto rico, que estuda numa escola rica e com uniforme social. — Aponto para a foto.

Ele revira os olhos.

— Típico invejoso, você. — Debocha. Sorrio com desdém. — Nessa época as meninas eram todas a fim de mim.

— Aham, sei... — Observo as outras fotos. Tem uma dele com uma garota loira. Aponto para a foto. — Quem...?

— Bruna. — Responde. — Ela era bem a fim de mim. Típica história, clichê: a garota que era apaixonada pelo popular e bonito garoto da escola. — Ele conta. Solto uma gargalhada.

— Quer dizer que ESSA garota, era caidinha por você? — Pergunto incrédulo. — No máximo você era famoso, mas bonito não. — Comento e ele me encara incrédulo.

— Porra.

— No máximo, ela só gostava de você, nada mais que isso. — Digo observando a postura dos dois na foto. Isso não tem nada a ver, mas na minha cabeça faz sentido.

— Bom... talvez eu tenha aumentado um pouco. — Confessa.

Consigo imaginar bem a cena. Pedro, o garoto riquinho e mimado. Ela, uma bolsista bonita e inteligente.

— Um pouco? — Dou uma risada novamente. Ele mostra o dedo do meio. — Se bem que você não se era de jogar fora.

— Cava um buraco mais fundo, me coloca dentro e pisa mais em cima de mim. — Ele se levanta da cama. Ofereço meu melhor sorriso cínico.

Enquanto Pedro toma banho, eu fico folheando um livro que achei perdido em seu quarto. O quarto em si está arrumado, fora umas cuecas e roupas jogada perto da mesinha. Tiro umas meias de cima da cadeira, jogo para a pilha de roupa e me sento. Não tive o azar de encontrar com o pai de Pedro, que também é chamado de Pedro. Mas eu consigo sentir o cheiro marcante de seu perfume pairando pela casa.

Observo o quarto novamente e sinto incômodo com a minúscula bagunça. Quando dou por mim, já estou catando as coisas caídas pelo chão. Organizei a mesinha. Dobrei os lençóis da cama e organizei ela. Arrumei o tapete que estava meio torto e isso me incomodou. Pedro continua no banho. Ou ele está demorando nesse banho, ou eu fui muito rápido.

— Só se passou 20 minutos? — Encaro incrédulo a hora no notebook.

Pedro finalmente sai do banho, já vestido. Ele parece não conhecer o quarto. Ele esfrega os olhos como se estivesse em um sonho. Continuo sentado batendo com o pé no chão.

— O que houve aqui? — Ele pergunta, parecendo não acreditar. Sorrio sem jeito.

— É só que estava muito bagunçado. — Comento. Ele me encara incrédulo. — Para meu ponto de vista. — Completo minha resposta.

— Então tá, né? — Ele dá de ombros. – Eu sempre tive preguiça de arrumar a pequena bagunça que eu faço.

— Sério, nem percebi? — Respondo sarcástico. Ele sorrir de lado e se senta na cama.

Enquanto ele arruma os cabelos, deixo minha velejar até dias atrás. As mãos de Pedro viajando por meu corpo. Mãos grandes e ágeis. Uma boca gostosa de se beijar e bem experiente. Eu não gosto de ter que trabalhar assim, tendo que acompanhar caras, para poder pagar minha faculdade. Nem tudo na vida é questão de escolha, às vezes a necessidade nos leva ao extremo. Todos somos falhos. Fazer o que eu faço parece ser fácil, né? Realmente é fácil para quem está do outro lado sentado. Do lado mais 'nobre'. Pessoas nascidas em berço de ouro. Julgar os mais "fracos" é mais fácil, quando se está do lado dos mais "fortes".

Uma Droga Chamada Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora