Capítulo 11

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Arquitetando um quarto.

— Oi? — Pergunto. Ele se senta à minha frente e parece nervoso. O encaro sem entender.

— Eu quero desabafar e te falar umas coisas. — Fala apressadamente. Se passa mil e uma coisa na minha cabeça, mas ele não me permite falar e continua. — Já faz um tempo que percebi que gosto de você, não apenas um gostar. Mas um gostar mais complexo. Um gostar que vai além de apenas uma noite de sexo. Eu quero beijar você todo dia. Quero ter você só para mim. Pode te dizer todo dia que te amo... — Ele olha nos meus olhos. Não expresso reação nenhuma.

— Samuel, para? — Peço piscando nervosamente.

— Deixa eu continuar...

— Não, por favor... — Ameaço me levantar, mas ele me impede.

— Que namorar comigo? — Ele faz o que eu mais temia. Congelo com a pergunta e a aliança de ouro a minha frente.

— Eu gosto de você, Samuel. Mas não desse jeito. — Falo. — Eu não sou essa pessoa. E... eu não sou a pessoa certa.

— Eu sei que é você, Isaac. — Ele tenta insistir. Nego com a cabeça.

— Escuta... Eu não sou a pessoa certa para você, mas eu tenho certeza de que você vai encontrar essa pessoa. E essa pessoa vai te amar muito. Eu torço por isso, mas realmente essa pessoa não sou eu. Eu me sinto lisonjeado por esse seu sentimento por mim... — Digo segurando seu rosto. Limpo uma lagrima que escorre por seu rosto.

— Isaac...? — Ele Respira fundo.

— Não precisa sentir vergonha de ser quem você é. Se ame mais, Samuel. Não precisa se forçar a nada. Fica bem, tá bom? — Ofereço um sorriso gentil. Ele assente e baixa a cabeça. Ergo seu queixo e beijo sua testa.

Me levanto e vou embora, o deixando pensativo na areia da praia com uma aliança de ouro. Ouço o bip do picpay, notificando que recebi um novo pix, no valor de 5 mil. Guardo o celular e entro no Uber e sigo para casa, ainda atônito com esse último acontecimento. Alguém me amando? Isso até parece piada. Eu não nasci para isso. Olho novamente o pix no aplicativo e sorrio. Eu nasci para isso. Nasci para gerar dinheiro, não importa a maneira. Mas sinto pelo Samuel, espero que ele encontre alguém que retribua seu sentimento, mas com certeza não serei eu.

Entro em casa e está tudo em silêncio. Sigo para meu quarto sem fazer barulho. Deito-me na cama e penso nos acontecimentos dessa noite. É por isso que eu não gosto de ser pessoal, com meus clientes. Eles não sabem diferenciar os sentimentos. Essa também não é a primeira vez que isso acontece, mas é primeira vez que me deixa tocado e sentido por não poder retribuir o sentimento. Eu como estudante de psicologia, sei como as palavras e ações podem ser destruidoras, por isso sou bem cuidadoso com as palavras e com minhas ações.

Acordo mais cedo, para reorganizar meu material escolar e fazer o café da manhã, já que ontem foi Natali quem fez. Deixo a água fervendo e tomo meu banho. Passo o café e o cheiro de café, me acorda. O cheiro é maravilhoso, talvez por ser um cheiro forte e agradável, se tornou um perfume. Nati não demora a acorda e logo enche sua xícara de café. Sua xícara é branca, mas com a bandeira Transexual estampada.

— Bom dia... — Bocejo no meio da frase. Dormir tarde e acordar cedo não é boa ideia.

— Bom dia. Dormiu tarde? — Responde soprando o café. Me sento na cadeira a sua frente e bocejo novamente. Ela faz o mesmo. — Para de bocejar!

— Involuntário. Sabia que... — Começo a desviar de assunto.

— Sem rodeios, Isaac. Chegou tarde? — Ela me corta no meio da frase. Sorrio. Assinto coma cabeça. — E onde estava?

Uma Droga Chamada Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora