Capítulo 14

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Azul: solteiríssimo.

Amanda se dispôs a me ensinar a dirigir, apesar de ser muito paciente, eu sou mais devagar para aprender. A coisa mais difícil, para mim, é a marcha do carro. Negócio confuso. Para a esquerda e para trás e para voltar a marcha? Apago o carro várias vezes voltando para a primeira. Amanda rir horrores, mas com medo de morrermos, apesar de estarmos em um lugar amplo, ainda assim tem um pouco de movimento. Decidimos vir treinar aqui por ser maior e por ser a tarde tem menos movimento.

— Tira o pé do acelerador, pisa no freio de leve. Pisa na embreagem e faz a troca de marcha e volta a acelerar de leve. — Amanda explica pela décima vez.

— Mas tem que ser rápido, né? — Dou um sorriso inseguro com a pergunta. Ela assente e recoloca o cinto de volta.

Paro de acelera, freio o carro e piso na embreagem, depois troco a marcha o mais rápido possível e volto a acelerar. Enquanto manobro o carro devagar, Amanda vai dando dicas e macetes. Segundo ela, para manter o carro do lado certo da pista, basta eu me guiar pelo volante. Se o volante está exatamente no meio do espaço, estamos certos na pista, algo assim. A saída é a parte mais fácil para mim. Vai soltando a embreagem e acelerando aos poucos, na primeira marcha. Para parar o carro e desligar, basta ir pisar na embreagem e frear. Amanda avisa que já é 16h58 e precisa voltar para casa. Ela não me deixa ir pilotando até sua casa, então ela mesmo vai, já que está habilitada já. Eu faço aulas de carro e pago minha habilitação, mas não aprendo muito lá.

Ainda não falei com Pedro e nem tenho motivos para falar, certo? Talvez eu tenha, mas ainda não tenho a resposta para a proposta. Eu seria tipo um namorado de aluguel, para ele..., mas e para mim? Vai envolver sentimentos, meus sentimentos no caso. Eu sei que gosto dele, talvez até amo, quem sabe. Não sei em qual momento comecei a sentir um amor diferente por Pedro, mas sei o momento em que assumi para mim mesmo. Todos os meus casos, nunca houve amor, apenas gostar. Eu sei que é algo diferente, pois o beijo dele é diferente. O toque é diferente. O sorriso quando penso nele é diferente de tudo que já senti. Assumir para ele é uma escolha, mas pode ser uma escolha com diferentes consequência e algumas, delas, talvez eu não esteja preparado.

— Por que anda tão pensativo ultimamente? — Meu pai me assusta. Sorrio e penso em sua pergunta. Eu ando aéreo assim?

— Faculdade. — Minto. Ele se senta ao meu lado.

— Eu sou vivido o suficiente, para saber identificar problemas com amor e com trabalho/faculdade. — Ele olha nos meus olhos e me sinto um idiota em mentir para ele. — Se quiser conversar, estou aqui. Eu não sou psicólogo, mas sou seu pai. — Aperta meu ombro e sorrio.

— Obrigado, pai. — Sorrio em agradecimento.

— Sua mãe me disse uma vez, que eu era ótimo em resolver problemas dos outros, mas sempre me perdia nos meus. — Ele conta pensativo. Talvez eu tenha herdado isso dele. — Acho que você herdou isso de mim, filho. — Sorrimos juntos.

— Eu estou gostando de um garoto, pai. — Assumo, batendo impacientemente com os pés no chão.

— Qual a novidade nisso? — Pergunta, ainda tocando meu ombro. — Eu sei o quão resolvido você é com sua sexualidade.

— A minha preocupação não é com a minha sexualidade, pai. É com a pessoa que estou gostando ou amando. Ele me faz sentir coisas diferentes do que eu já senti. O abraço é o melhor que eu já estive. Seu sorriso é o mais bonito. — Me sinto bobo falando isso com meu pai, mas ele não me olha com indignação, apenas assenti como se entendesse.

— Dá para ver só pelo brilho dos seus olhos, filho. Esse garoto deve ser uma boa pessoa. Mas ainda não entendi qual o problema nisso.

— Ele está namorando agora e não sei se é recíproco... — Exponho meu medo.

Uma Droga Chamada Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora