Vamos só esquecer isso...

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*Justin*

Eu poderia começar a dizer que essa ideia foi tirada do filme, ou que foi depois que a vi nua, mas não...

Essa ideia é quase tão velha quanto a nossa amizade.

Madeleine e eu somos amigos desde que eu tinha nove e ela oito. Quando a conheci, ela estava no gramado observando os socorristas levar a sua mãe para o hospital. A causa? Tntativa de suicídio, Maddie infelizmente presenciou essa merda. Fiquei ao lado dela naquele dia, não disse absolutamente nada. Ao menos nos conhecíamos, ela era nova no bairro. Me lembro de quando a olhei, Maddie usava um vestido azul e trancinhas, ela estava encarando o chão com um profundo olhar de tristeza, lágrimas brotavam dos seus olhos de maneira silenciosa.

Não havia ninguém responsável por ela além da mãe, por isso enchi o saco dos meus pais pra que ela dormisse na minha casa pra não ter que ir pra um abrigo. Naquela época, meu irmão mais velho Jackson me assustava com histórias bizarras sobre crianças atentadas como eu, ou endemoniadas, como ele costumava dizer. Ele me falava que crianças assim eram levadas para longe dos pais, acabando em uma casa terrível com um monte de crianças órfãs. Aquilo me apavorava e fiquei com medo da Maddie ter esse fim, porque eu sabia que crianças sozinhas também acabavam em um orfanato.

Toda a minha família a acolheu, protegeu e fez a tímida garotinha assustada a confiar em nós. Com o tempo ela virou praticamente um membro da família e mais importante, a minha melhor amiga.

Sempre apreciei ela. Não sei se ela sabe disso, mas a admiro por ainda ser essa pessoa incrível mesmo depois das merdas que passou. Se tem uma coisa que eu gosto de priorizar, são as pessoas que estão à minha volta, elas me mantém são, mas Madeleine, ela, eu poderia afirmar sem sombras de dúvidas que ela é a pessoa que mais me motiva.

Já perguntaram se ela era minha irmã. Eu sinceramente não gostei nada da ideia, não que eu não gostaria que fosse, mas sempre a vi mais do que "irmã" porque o nosso vínculo é mais forte que vínculo de irmãos. Não sei bem explicar. Não sou hipócrita ao ponto de dizer que eu a vejo como uma irmã, porque essa seria a maior mentira do mundo. A minha amizade é real, não posso negar, mas, de certa forma, o meu desejo também. Não é como se eu a amasse como um homem ama uma mulher, e não saberia dizer muito bem como seria tal sentimento, nunca tive a chance de estar nessa corda bamba e, sinceramente, não quero estar. O que sinto por ela, essa parte minha que a deseja, é algo totalmente primitivo. Ela me atrai, não tem como não fingir que não, e ela sabe.

Tudo foi inocente por um tempo, mas a adolescência chega e junto a ela a puberdade. Comecei a descobrir o quanto era bom estar dentro de uma mulher quando tinha quinze anos de idade e percebi o quão a minha amiga estava ficando gata nessa época também. Sempre joguei as indiretas pelos ares, ela parecia ficar receosa com a ideia, mas eu logo dizia que era apenas brincadeira quando eu falava: " Hey, Maddie, eu podia desvirginar você." Pois é, não era bem uma brincadeira. Pelo menos aquilo sumiu da minha cabeça por um tempo e aceitei a nossa amizade, a qual era mais que o suficiente.

Maddie sempre foi mais alegre, divertida, inteligente e até cautelosa ao extremo. Ao contrário de mim, que já não sou tão cauteloso, só nessa parte apenas, pois se não fosse por mim, a minha amiga seria uma nerd pacata e chata. Isso, eu a corrompi e sinceramente, quero corromper mais.

Deus, eu sou tão errado assim por querer isso??

Eu a amo muito, não vou mentir, mas não paro de desejar ela desde que tinha quinze anos, mesmo que a ideia parecesse ter sumido, eu me pegava pensando nisso vez ou outra ao olhar para ela. Nunca disse isso a ela e muito menos demonstrei. Madeleine nunca pareceu pensar como eu, pra ela eu sempre fui apenas o seu melhor amigo que estava ali pra ouvir seus segredos, sonhos e aflições. Ela sempre me apoiava com uma garota nova e me dava conselhos.

Darling FriendshipOnde histórias criam vida. Descubra agora