Última chance

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M A D D I E

Sabe aquele arrependimento massacrante que te faz ficar com vontade de se enfiar num buraco ou bater a cabeça na parede até esquecer do próprio nome?

Então...

Estou com essa vontade. Além de uma vergonha sem tamanho, na verdade acho que nunca me senti tão constrangida comigo mesma. Um constrangimento meio inexplicável, como quando você desaba na frente da pessoa mais inusitada do mundo e minutos depois se arrepende profundamente porque, lá no fundo, não quer que a pessoa conheça esse seu lado frágil e ridículo.

Ah, enfim, estou exatamente assim.

Exatamente. Assim.

Se eu quero morrer?

Com certeza.

Eu não consigo pensar em nada pra dizer, ou olhar pro Winnie que está me olhando todo sem graça desde que entramos no carro do amigo dele. Ele disse que a moto está em manutenção e que só pega amanhã de manhã, uma informação que lançou no ar no momento do desespero. Eu sequer respondi alguma coisa enquanto ele abria a porta e falava todo nervoso, estava ocupada demais pensando em um monte de coisa que não fosse o exato momento em que comecei a chorar.

Agora estamos aqui e ele não disse mais nada. Já não choro, sinto um pouco de alívio, mas ainda me sinto incomodada quando penso na Megan, suas palavras e Justin...e eu.

Estragamos mesmo a nossa amizade?

— Se sente melhor?— Sem olhar pro Winnie, respondi tentando parecer segura. Não quero que ele perceba que talvez eu me sinta até pior. — Quer falar sobre isso?— Fiz que não, meu rosto estava quente de tanta vergonha e arrependimento puro. — Há algo que eu possa fazer por você? Qualquer coisa? — Suspirei e, mais uma vez, fiz que não. Não tinha a mínima vontade de falar, só que de repente me senti triste, confusa e ansiosa. Tudo se misturou aqui dentro e só consegui chorar como uma criança.

— Obrigado...— Sussurrei pra ele, olhando pras minhas mãos. — E me desculpe.

— Maddie, desculpe pelo o que?—Dessa vez olhei pra ele com a minha melhor cara de " é sério?"

— Como pelo o que? — perguntei retoricamente. — Isso. — apontei pro meu rosto. — esse choro idiota.

Não sei porque ele me olhou preocupado.

— Está pedindo desculpas por chorar?— dei de ombros. — Por que?

— Porque... — porque eu não sou assim.

— Ei — Ele tocou meu ombro ao se inclinar. — Chorar é normal, você sabe, né?

— Mas é claro...só que eu não gosto de chorar, ainda mais sem motivo. — falei na intenção de que ele pensasse que eu só chorei por chorar. Talvez ele pense que é tpm ou sei lá, só não quero me sentir na obrigação de dizer o que sinto quando não me sinto pronta falar.

— Ninguém chora sem motivo. — Minha tentativa de driblar sua mente não deu certo. — sempre tem um.

— Você não é uma garota. Nós sempre temos motivos pra chorar...

— Então me conte os seus. — Ele insistiu.

— Por favor, não...— Por um segundo ele pareceu chateado, mas o que eu podia fazer? Não sou obrigada a falar o que me causa angústia quando não quero. — Só...sei lá, me distraia.

Ele sorriu.

— Quer saber o que.

— Não sei. Como foi o jogo, esse fim de semana...sei lá. — Tentei sorrir mesmo que não fosse essa a minha vontade.

Darling FriendshipOnde histórias criam vida. Descubra agora