Um passo de cada vez

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Olá! O capítulo está imenso, socorro. Enfim, sujeito a erros e a decepção, mas espero que gostem. Boa leitura 🩷

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MADDIE

Minha cabeça está pesando uma tonelada, mas essa não é a pior parte.

Já perdi as contas de quantas vezes acordei e não consegui abrir meus olhos. Eu chamo e ninguém me ouve, tento me mover e não consigo. Me sinto em um daqueles sonhos horríveis em que não consigo acordar por um longo tempo, incapaz de mover um músculo porque meu corpo não recebe os comandos do meu cérebro e isso me assusta muito.

Sinto meu peito queimando, uma ardência e um peso imensurável em cada parte do meu corpo quando tento ao menos me mover. Meus olhos doem quando tento mexe-los, além do fato de que respirar simplesmente se tornou uma tarefa quase impossível. O ar parece mais pesado, denso. Simplesmente meus pulmões pesam uma tonelada.

Não entendo onde estou ou porque tudo parece tão fora de contexto. Não entendo porque não consigo me mexer. Não entendo porque meus olhos não abrem mesmo que eu queira. Não entendo esse barulho que ouço. Esses sons de máquinas. Minha cabeça parece prestes a explodir, me sinto sufocada.

Posso ouvir vozes abafadas do lugar de onde estou, reconheço o tom de preocupação que sai da voz grave de alguém. Mas não reconheço quem possa ser. É difícil distinguir os sons, eles estão distantes e baixos. Ouço passos, alguém tosse e alguma coisa cai no chão. Tá tudo misturado, abafado, distante. Tento abrir meus olhos mais uma vez, sem sucesso.

A porta abre e fecha diversas vezes, pessoas vêm e vão. Meu corpo se cansa e eu durmo por mais de uma vez, sem entender porque me sinto tão fraca, debilitada. Quando acordo novamente, não me esforço para abrir meus olhos como tentei pela primeira vez. Não tenho noção de quanto tempo se passa, mas sei que durante esse período, reconheci que eu estou em uma cama, que algo terrível aconteceu comigo e que estou ferida.

Ouço a voz de uma mulher. Acho que é Cecília, mãe do...Justin. Pensar em seu nome me trouxe mais lembranças e, imediatamente, uma luz forte vem na minha mente, trazendo minha última memória.

Winnie...

Agora me lembro do que aconteceu. Aquele caminhão, o corpo dele se afastando do meu, a moto caindo, eu sendo arremessada. Me lembro de tudo, até da dor que senti com o impacto. Acho que nunca senti tanto pavor e tranquilidade na vida, porque quando meu olhos se fecharam, senti uma paz inexplicável, não queria abrir meus olhos nunca mais porque eu sabia que iria doer caso fizesse. Ia doer para mim; iria doer para o Justin, ve-lo me ver sofrer. Mas a dor é inevitável, porque sei que ele sofreu de uma forma ou de outra e está consciente pra lembrar disso me faz querer desaparecer na escuridão outra vez. É egoísmo meu pensar assim, mas é a mais pura verdade. Dói ver a pessoa que amamos sofrendo, ainda mais quando motivo somos nós mesmos.

Sinto um calor próximo do meu peito, perto da barriga e um toque suave na minha mão. Pelo calor que se espalhou por meu corpo de dentro para fora, sei que ele está me tocando. Ele deve estar deitado no pequeno espaço da cama em que estou. Tento abrir meus olhos mais uma vez, chamar por ele, só que está sendo tão difícil quanto tentar me mexer.

— Você precisa espairecer um pouco, querido. Não quer comer alguma coisa?— É Cecília mesmo. Essa é a sua voz, que apesar de soar distante, está começando a clarear. Eu chamo o nome dele, mas o som só sai na minha cabeça. Já nem me lembro como é minha voz, a gente não observa muito isso, até que passe por uma situação onde te faz questionar por que...Por que nunca prestei mais atenção na minha própria voz? A que ouço na minha cabeça é completamente estranha, inexistente.

Darling FriendshipOnde histórias criam vida. Descubra agora