Maldito seja Ryan Butler

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* Maddie *

É quinta-feira e a casa está estranhamente silenciosa em plena sete da noite, quando normalmente estaria o maior barulho por causa das vozes roucas e graves dos rapazes. Depois de quase três dias saindo antes do que todo mundo e vivendo no meu quarto como se lá fosse o meu refúgio sagrado, eu finalmente tive coragem de encarar meus amigos. Na verdade estou sendo movida mesmo pela curiosidade, pois geralmente nesse horário parece que estou numa feira, não em uma sala de oração onde o silêncio é indispensável.

Ah, claro que deve estar se perguntando o motivo desse meu exílio.

A resposta é simples e clara.

Justin!

Eu devia matar ele por me tornar uma pessoa marcada por nossa insanidade. Devia matar ele por me marcar como se eu fosse propriedade sua. Devia mesmo. Mas na hora eu hora eu não me atentei, muito pelo contrário. Na hora eu queria que aquilo não parasse nunca.

Era manhã quando decidimos voltar para casa. Terça-feira de manhã, pra ser mais exato. O pessoal já tinha ido pra aula quando chegamos, então não teve perguntas. Porém as coisas ficaram um pouco estranhas no começo, Justin e eu não falamos muito no caminho. Não sei se era cansaço ou desconforto. Passei o caminho todo pensando que essa tinha sido a burrada mais grande de todas porque, sem sombra de dúvidas, somos bons. Bons demais. 

O lado bom disso é que um cubo de gelo ficou entre nós após o sexo, mas ele derreteu quando passamos pela porta. Senti que aquele casal de amigos no hotel eram pessoas completamente diferentes. Isso me confortou, de certo modo.

Estávamos os dois mortos de cansaço, Justin decidiu ir pra aula e eu optei por ficar. Nessa brincadeira já se somam três dias que não vou à aula. Passei os últimos dois dias evitando contato direto, especificamente, com os três garotos, fora o Justin, que moram no apartamento. A parte boa de morar com nossos amigos, é que eles não são muito de ficar rondando ou invadindo o nosso espaço, pelo menos não o espaço físico...

Mas assim que notarem as manchas na minha pele, vão me encher até eu ficar com vontade de furar os meus olhos.

Fiz de tudo, fiquei no meu quarto lendo, estudando ou vendo séries.Saia cedo pro trabalho e entrava correndo, sempre com uma desculpa pra contar. Ainda bem que Justin me ajudou algumas vezes, ou ambos estariamos na merda.

Também fiiz o possível e o impossível na esperança de que os resquício da minha noite de sexo com Justin sumisse da minha pele. Meu pescoço tinha pelo menos três manchinhas que já estavam ficando de um roxo clarinho. Coloquei gelo, fiz maquiagem e nem mesmo assim escondi como deveria.

O melhor que consegui fazer foi soltar o meu cabelo e fazer com que ele tapasse ao máximo o meu pescoço. Pensei em jogar o cachecol em volta, mas definitivamente ia ficar mais na cara ainda.

Assim que abri a porta, ouvi o barulho da tv ligada. Vozes de mulheres murmurando de maneira esquisita. Tem alguém em casa, pelo menos.

Ajeito a regata no meu ombro e ando devagar até o cômodo. Dois pares de olhos verdes me encaram quando escuta meus passos. Avalio o rosto do Ryan, a surpresa no seu rosto ao meu ver. Ele tem sobrancelhas grossas e escuras, além de longos cílios que realçam seus olhos. Então é notável a surpresa quando as sobrancelhas sobem.

— Olha só quem resolveu sair do buraco... — Ryan sorri torto pra mim. Suspiro, tomando todo o cuidado do mundo pra que o meu cabelo não saia do devido lugar.

— Onde está todo mundo?

Ele dá de ombros.

— Sei lá. Cheguei e não vi ninguém, na verdade nem sabia que você estava aqui.

Darling FriendshipOnde histórias criam vida. Descubra agora