Four.

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Me joguei em meu sofá, arrancando os sapatos, respirando fundo diversas vezes enquanto buscava me acalmar.

Aquela mulher parecia um imã me atraindo pra perto da forma mais confusa e estranha possível. Com olhares intimidantes durante as aulas, encontros estranhos no café e então aquilo? Estar em sua casa, estar em sua casa sem ela ao menos saber. Ok, a vida tinha um senso de humor realmente esquisito. E lá estava eu, sozinha em casa, mas com o fantasma de Elizabeth me acompanhando.

Me levantei, me sentindo acabada, e espiei pela janela, sentindo o sentimento de estranheza me acertar como um soco certeiro. Lá estava o carro dela, parado no mesmo lugar. Encarei o visor do meu celular, percebendo que já tinha se passado quase vinte minutos e ela permanecia ali.

Busquei por meus chinelos e deixei meu apartamento, descendo as escadas apressada. Talvez ela estivesse precisando de algo...

Quando cheguei a portaria, deixando o hall de entrada, notei Elizabeth ao telefone, sentada no mesmo lugar onde eu havia visto pela ultima vez. A mais velha parecia irritada e um calafrio tomou meu corpo, me deixando sem saber se era pela brisa fria ou por saber que aquela mulher irritada era ruim o bastante.

Me abaixei um pouco, batendo no vidro do passageiro, me encolhendo dentro de minha jaqueta, chamando a atenção da mulher, que me olhou, revirando os olhos em seguida, me deixando sem saber se aquele pequeno gesto petulante havia sido para mim ou para quem quer que estivesse do outro lado da linha.

A loira abaixou o vidro e em seguida desligou o telefone, direcionando seu olhar para mim.

- Notei o carro parado e pensei que talvez precisasse de ajuda! – Disse parecendo mais acanhada do que gostaria.

- Por alguma razão ridícula, meu carro não consegue dar partida! – Ela realmente estava irritada. – Pelo menos quarenta minutos até o guincho chegar.

Respirei fundo, mais uma vez pensando sobre o senso de humor da vida.

- Vamos, você pode esperar lá em cima! – Disse, ajeitando meu corpo, ficando completamente em pé.

- Não se preocupe, Katherine! Eu posso esperar aqui.

Foi a minha vez de revirar os olhos, vendo sua expressão de desaprovação.

- Com todo respeito, Elizabeth... – Comecei a falar calmamente, buscando firmeza e a chamando pelo primeiro nome. Dei a volta no carro, vendo seus olhos me seguirem. Abri sua porta, podendo ver que tinha pego ela de surpresa. - Ta frio, escuro e eu não acho seguro ficar aqui fora! Não existe a menos possiblidade de eu conseguir relaxar sabendo que você está na rua, em frente a minha casa, sendo que pode muito bem esperar lá dentro. Então por favor desça do carro e vamos, caso contrario vou me sentar aqui com você até o reboque chegar. – Falei um pouco exasperada, vendo o que eu julguei ser um sorriso discreto surgir em seus lábios.

A mulher pegou suas chaves e seu celular, saindo do carro, me observando fechara porta e sair em sua frente, mantendo a posse extremamente prepotente que havia assumido para que conseguisse lidar com aquela situação.

Abri a porta, esperando a loira, que me seguiu até meu apartamento, ainda com aquele sorrisinho irritante nos lábios.

- Entre, por favor! – Disse, sentindo que estava abrindo a porta para o diabo.

- Obrigada! – Elizabeth disse educada e eu pude perceber seus olhos curiosos examinarem tudo o que podia dentro do apartamento.

- Acho que ta bem claro que Camila ficou encarregada da decoração... – Disse rindo, vendo a mulher assentir, séria demais para a minha piadinha. – Aceita algo para beber? – Fui até a cozinha, buscando as opções, podendo ver Elizabeth na sala, ainda observando o lugar. – Água, chá, vinho...

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