- Corrijo amanhã. Beijinhos,
NatyMaiara:
Depois de me despedir da minha esposa com um beijo quente, peguei minha menina e a deixei no colégio. Cheguei no fórum e, assim que identifiquei meu cliente, fiz os preparativos e fomos até o tribunal.
Cansada, estava indo para a última audiência do dia. Minha esposa não me respondeu as mensagem, nem as vizualizou. Provavelmente deve estar dormindo ou fazendo alguma coisa para destrair a mente. Ou perdeu o celular. Isso é típico dela.
Meu celular não parava de tocar, mas eu não atendia.
- Senhorita Henrique, é proibido trazer aparelhos eletrônicos para o tribunal! - Disse o juiz, já irritado.
- Perdão, senhor. - Abaixo o volume.
Continuei com minha defesa e eu parecia estar convencendo o júri. Mas, para me atrapalhar mais uma vez, meu celular tocou insistentemente.
- Senhorita Henrique!
- Perdão senhor, eu trago meu celular por estar com a minha esposa grávida em casa... Sei que não posso, mas é por segurança. - Pego o aparelho e abaixo o volume. Era um número não salvo, então não atendo.
- Algo errado está acontecendo... - Disse meu subconsciente, mas ignorei.
- Além de estar errada ainda é lésbica?
O olhei confusa.
- Como? - Digo, já sentindo meu sangue ferver.
- Era o que me faltava... Uma advogada de quinta ainda achando que vai ser mamãe. - Diz em tom de deboche.
- Olha, um juiz sendo preconceituoso. Isso é crime, sabia? - Me aproximo.
- Preconceituoso? Olha quem fala! Uma lésbica... - Corto sua fala.
- Desde quando minha vida pessoal lhe interessa? Você, como juiz, deveria saber que isso é crime, sabia? E você faz isso diante várias pessoas.
- Posso lhe prender por desacato a autoridade, sabia?
- E eu te processo por homofobia!
Meu celular tocou novamente, o deixando mais irritado. Preocupada e com um aperto no peito, atendo...
Meu mundo desabou ali mesmo.
Sai correndo sem ligar pra muita coisa. Procurei pelas chaves na bolsa e não encontrei. Tentei desesperadamente ligar pra minha irmã, que atendeu, mas não entendeu o que eu dizia já que eu estava em prantos. Com raiva e nervosa, chutei aquela lata velha que chamo de carro e saio em busca de um táxi, que logo encontro, entro e corro até o hospital.
Marília | Horas Antes:
Andando pela rua, eu conversava com o meu bebê. Ele estava alegre e pulando dentro da minha barriga. Me sentei em um banco ali e fiquei olhando as crianças brincando.
Passou um carrinho de sorvete e eu, - com o cartão da minha mulher, obviamente -, comprei um sorvete de chocolate. Ou melhor... Dois.
Eu e meu filho nós deliciamos com o sorvete e então eu decidi ir embora. Joguei o papel e embalagem no lixo e fui a caminho de casa.
Sinto alguém me puxar pelos cabelos e então colocou um pano em meu nariz... Apaguei em segundos.
Acordei num lugar escuro e cheirando mal. Tentei me mexer, mas meus braços estavam preços e doendo. Forcei a vista e pude ver alguém conversando...