De quem é a culpa?

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Maiara:

- Cadê minha esposa? - Pergunto desesperada.

- Senhora, sua esposa está no quarto. Nós precisamos saber o que acon...

Sai correndo por aquele corredor implorando que me dissessem qual era o quarto, até que a vejo dormindo por uma das pequenas janelas da porta. Reconheci os fios loiros da minha mamãe...

Entrei sem fazer barulho, me aproximando dela. Embora dormisse, seu semblante era tão triste. Com cuidado, entrelacei meus dedos aos seus, vendo seu pulso roxo e machucado. Com um aperto no peito, abaixo o lençol. Passei a mão por sua pequena barriga e não o senti...

Ajoelhada naquele chão, ainda com nossos dedos entrelaçados, eu chorava e perguntava pra Deus o porquê de tudo aquilo. Por que sempre com a nossa família. Por que com ela...

- Irmã... - Ouço Maraisa.

- Por quê? Por que Ele permite isso? - A olhei. - Será que já não bastou todo o sofrimento?

- Irmã, calma. Não fale besteiras. - Se aproximou.

- Não fale besteiras? Por maldade dos outros, eu estou com a minha mulher numa cama de hospital outra vez. E sabe por quê? PORQUE ELE PERMITIU!

Ela correu e me abraçou. Eu chorava tanto, tanto que soluçava. Descontei minha raiva nela, dando socos e tapas. Ela me deixou bater e não reclamou. Vi Luísa se aproximar da minha mulher.

- Deus... Quem foi que inventou? Se realmente existisse, Ele não permitiria minha mulher estar assim.

- Mai, não fale isso. Você sabe o que aconteceu da última vez.

- Foda-se a última vez. O MEU FILHO MORREU!

- O que aconteceu? - Luísa perguntou.

Apenas a olhei e sai dali. Comecei a andar por aquele corredor como uma louca. Meus cabelos já estavam bagunçados de tanto puxá-los ou dar tapas em minha cabeça desejando que aquilo fosse um sonho. Eu perguntava se alguém sabia quem era a droga do médico que cuidava dela e ninguém me respondia. Ninguém sabia.

- Senhorita Maiara? - O medido me chama.

- O que houve? Me fala! - Digo em desespero.

- Primeiro mantenha a calma! Segundo, a sua mulher sofreu algum tipo de abuso. Já coletamos o sêmen e levamos ao laboratório. Deram muita bebida, ou ela tomou. O bebê...

- Meu filho morreu? - Digo entre soluços.

- Não. - Suspirou. - Mas ele está muito debilitado pelo álcool e a quantidade de abortivos que deram a ela. Ele ainda não está formado corretamente, por isso está na encubadora. Mas eu não quero lhe dar esperanças, seu filho não vai aguentar muito tempo... Se forem de alguma religião, eu sugiro que batizem e se despeçam.

Sentei no chão, sentindo o meu peito doer como se eu fosse morrer ali mesmo. Encolhi minhas pernas e me abracei. Vi toda a nossa vida passar diante dos meus olhos. A nossa felicidade ao ver a nossa família agora completa.

Todos os nossos planos já não faziam mais sentido. A minha felicidade não fazia sentido.

- E minha esposa? - Perguntei de forma neutra.

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