Com o passar dos dias, eu tive alta. Lian continuava na mesma. Maiara voltou a trabalhar de casa e mal sai do meu lado. Léo não apareceu mais aqui, mas Mariá sim. Ela vem toda tarde, diz para Maiara ir descansar e fica comigo. Aurora não sai de perto de mim também, está insegura.
Maraisa e Luísa praticamente estão morando aqui junto com Poliana, também incluindo meus pais. Ao menos ninguém me deixa sozinha. Mesmo com todos eles aqui, sinto falta do meu filho, mas estou muito magoada com ele. Maiara nem toca mais no nome dele e, quando falo dele, não se mete. Disse que ele não é mais filho dela.
Me doeu tanto aquela frieza. Mas também dói tanto nela. Usou a frieza para disfarçar a dor. Entendo ela.
- Sogra, como está? - Disse Mariá.
- Estou bem.. - Digo enquanto me arrumo.
Olho no espelho. Na escova, meus cabelos ficavam praticamente todos. Estão caindo tanto... Suspiro, olho meus seios e vejo que estão roxos de tanto leite. Mariá veio até mim e me abraçou.
- Está tudo bem.
- Eu nem sei mais o que está acontecendo comigo. Maiara está me evitando... Há dias não me beija. Eu não me contento com selinhos.
- Sogra... - Começou, pegando meu rosto e me fazendo olha-la. - Sei que não está fácil, passei por isso há poucos meses. Ainda me sinto mal. Meu relacionamento esfriou. Mas, aqui dentro... - Pôs a mão em meu peito. - O amor ainda existe. Esfriou, mas continuamos amando como loucos. Ela precisa de tempo. Está magoada com tudo que aconteceu e te ver sofrer assim, também a faz sofrer. Todos estamos aqui pra você, no momento, é quem mais precisa. Mas, mesmo que seja pedir demais, cuida dela também. Aguentar tudo sozinha não é muito bom.
- Cadê o Léo?
- Está em casa, com a nossa filha. - Suspira. - Ele não queria ter dito aquilo pra Mai.
- Mas disse! E, quando ele aparecer, vai ter uma conversa bem séria comigo.
- Sogra, não vou defende-lo apenas por ser meu marido. Errou, e errou feio! Mas ele estava desesperado. Ver a senhora assim...
- Nada justifica, Mariá! Maiara esteve comigo nos piores e melhores momentos. Se não fosse ela me encorajar, sabe-se lá se ele estaria aqui hoje. Se estaria vivo!
- Eu sei, sogra... - Suspirou. - Vou conversar com ele.
Assenti. Ela saiu e eu se sentei ali na cama, me olhando no espelho. O celular de Maiara não parava de apitar em cima da cômoda. Ignorei e fui me arrumar. Quero que ela me olhe. Quero que me deseje. Que me toque como antes.
Coloquei um vestido colado, obviamente que por baixo havia uma cinta. Fiz uma maquiagem, saltos, acessórios e nos cabelos, coloquei um aplique para não dar tão na cara que eu estava praticamente careca pelo puerpério.
Me olhei no espelho e, embora não me sentisse bem, queria que ela gostasse. Retoquei o batom vermelho e ajeitei os cabelos com os dedos.
O celular dela não parava de vibrar. Peguei o mesmo e desci, a vendo na cozinha.
- Eita que gata! - Disse Mariá.
Maiara me olhou por inteiro lentamente. Sorrio fraco percebendo que gostou.
- Há tempos não me arrumo. Queria que você me visse como antes.. - Digo me aproximando dela. - Como no começo.
Ela se levantou e, para a minha surpresa, me puxou para si pela cintura. Quanta saudade eu sintia daquela pegada bruta. Seus dedos entraram por meus cabelos e ela encostou sua testa na minha.
- Você está linda, mamãe. - Sussurrou.
- Gostou, Cor de Mel? - A olho nos olhos.
Ela mexeu em meus cabelos. Suspirou e olhou em meus olhos. Seu polegar desceu por minha bochecha. Fechei meus olhos e deitei a cabeça em seu peito. Só queria sua atenção e seu carinho.
- Você não precisa disso.. - Ela disse baixo.
- Eu quero estar bonita como antes. Quero que me deseje.
- Querida, você está em uma fase complicada, é assim mesmo. E eu ainda te desejo. Pra sempre vou te desejar.
- Mentira! - Digo já com voz de choro. - Você nem me beija mais.
- Querida, não diga isso. - Fez carinho em meus cabelos. - Só me dói ver seus olhos tão vazios, o medo te consumindo. Eu não sei como te confortar e isso me destrói.
- Fica comigo, me abraça. Só... Só fica comigo. - A abraço forte.
- Eu estarei aqui para sempre!
Peguei em seu rosto e a beijei com todo meu amor. Ela retribuiu, e, por instinto, fui a empurrando contra a bancada, queria pegá-la nos braços, mas ela fez isso por mim... Me levantou e me pôs em cima da bancada, apertando minha coxa. Entro com a mão por sua camisa, apertando seus seios. Quando o fôlego falta, jogo os cabelos para trás, deixando-a explorar meu pescoço. Ela não perdeu tempo.
Me apoio com uma mão na bancada, vendo de relance minha nora sair dali com um sorrisinho. Ignoro.
Seus beijos foram descendo... Descendo... Descendo. Meu vestido foi subindo... Seus olhos penetraram nos meus. A sinto tão ofegante quanto eu. Suas mãos não se controlavam. A minha vontade de arrancar sua roupa e me entregar era tão grande...
- Meu amor... - Ela sussurrou.
Apenas encostei minha cabeça na parede, entrelacei seus dedos nos meus e, de olhos fechados e a voz falha, digo:
- Só curte... Me mostra que meu corpo não é apenas um brinquedo.
Por alguns segundos, não ouço ou sinto nada. Mas, quase imperceptívelmente, suas mãos tomam conta da minha cintura. Ela apertou ali, e mesmo que eu estivesse de olhos fechados, pude saber que ela mentia seu controle.
Arfei ao sentir sua pegada bruta me puxando para si. Abri meus olhos, também meus lábios, a olhando nos olhos, ofegante.
- Você é minha, Marília! Seu corpo é o MEU parque de diversões. Sua boca é MINHA. Os seus gemidos são a MINHA música. Você é o MEU brinquedo! - Disse num tom possessivo.
Mordi o lábio, me arrepiando por inteiro. Aquele tom de voz. Seus olhos nos meus me levaram para outro mundo.
Mas, quando eu tentaria algo a mais, seu celular voltou a apitar, e ela imediatamente abaixou o volume. Ali perdi todo clima. A olhei cerrado e cruzei os braços.
- Desde o momento que eu comecei a me arrumar, seu celular não para. Me fala quem é.
- Ninguém. Deve ser trabalho.
Peguei o celular da sua mão e desbloqueei. Entrei logo no aplicativo e vi diversas mensagens de uma mulher.
- Quem é Clara?
- Trabalho.
Entrei na conversa e comecei a ler...