Já estava arrumada, pegando a bolsa do nosso filho. Maiara ria da minha ansiedade, mas estava do mesmo jeito.Todos da casa estavam numa boa, sentados no celular. Aurora estava com um sorrisinho sapeca. Essa menina vai aprontar uma. Rio pra ela, que me apressa em muito logo levar seu irmão. Meu filho brincava com Eduarda e Poliana. Isso está tão estranho...
Apenas com um "tchau" apressado, lixo minha esposa e fomos para o hospital. Eu não parava de falar dentro do carro. Acho que a deixei irritada por isso, mas não comentou sobre. Ela tocou minha coxa, fazendo carinho ali. Diminuí minha falação, encarando seus dedos, que passeavam despreocupadamente por minha coxa. Suspirei e, sem muito transparecer, fui tirando sua mão. Ela me olhou de canto e empurrou minha mão, continuando a fazer seu carinho ali.
Fiquei inquieta no banco. Me senti estranha. Não sabia se sentia calor com seu toque, ou pavor. Era uma mistura louca que me deixou confusa. Fechei minhas pernas e olhei a paisagem passando rapidamente. Ouço seu suspiro. Ela pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, deixando, desta vez, em sua coxa. Nada digo.
Quero que ela continue. Quero que suba sua mão e me toque como antes, mas ao mesmo tempo não quero. Eu tenho tanto medo de perder ela por isso. Não sei se consigo como antes. Será que ela ficaria comigo sem termos que transar? Talvez ficaria por não abrir mão da nossa família... Mas ela é tão linda e... Gostosa... Arruma um rapidinho.
A olhei com lágrima nos olhos, mas não quis que tela soubesse, por isso, virei logo o rosto.
- Nesses três meses, como você está se aliviando? - Pergunto com um nó na garganta.
Ela arranhou a garganta, recostando no banco. Sem tirar os olhos do trânsito, me respondeu simples, com uma voz rouca:
- Não estou me aliviando.
Solto uma risada baixa, voltando a olhar a pista.
- Passaria o resto da vida assim, desde que te tenha ao meu lado. - Beijou minha mão com delicadeza.
- Mentira! - Sinto o choro vir. - Mentira sua... Desde os quatorze anos, se pudesse, faria todos os dias. Não minta pra mim assim. Você não passa mais de duas semanas, no máximo, sem se aliviar. - A olho. - Me fala agora... Como? É nessas suas saídas do quarto na madrugada? Você procura por alguém? Faz sozinha? Me diz! Mas não minta pra mim...
- Marília! - Me repreende. - Não seja assim, meu amor! Eu jamais procuraria por outro, muito menos faria sozinha. Não tem graça fazer sem você. Meu corpo não arde. Não me excita se não for com você. Admito que tentei. Toda essa tensão deixou meu corpo em prantos, pensei em tentar aliviar isso, mas, mesmo que eu pensasse em você, não deu certo. Aliás, me senti suja por estar fazendo isso sem você. Meu corpo continuou frio. - Admitiu.
- Por que sai na madrugada? - Solto sua mão. A ouço suspirar, estacionando o carro.
- Eu também tenho minhas dores. - Desligou o veículo, pegando umas coisas, sem me olhar.
- Por que não fica comigo? - Digo entre soluços. - Por que meu peito não é mais seu travesseiro pra chorar? Por quê guarda tudo pra você quando eu estou aqui?
- Entenda: quem precisa mais nesse momento é você. Eu, pouco importa. - Pegou a bolsa do nosso filho. Peguei sua mão, fazendo ela finalmente olhar em meus olhos.
- Não foge mais na madrugada... Eu... Eu... - Desvio o olhar, talvez vermelha de vergonha. - Eu sinto saudade de... Você sabe.. - Suspiro.
Ela nada respondeu.
Respiro fundo, então sinto sua mão pegando a minha. Com sua outra mão, levantou meu queixo, me fazendo olha-la. Levou minha mão até seus seios. Meu coração acelerou.